segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Abu Dhabi e a nossa utopia

Como era de se imaginar, Rubinho Barrichello não conseguiu se credenciar para disputar o campeonato mundial da F-1 ontem, nos Emirados Árabes. Assim, com o título definido desde Interlagos em favor do mediano Jason Button – legítima expressão da escassez de talento na temporada deste ano – as atenções dos amantes da principal categoria do automobilismo ficaram voltadas neste domingo para o suntuoso autódromo Yas Marina, erguido em menos de um ano no deserto dos Emirados Árabes. O autódromo – dos mais modernos e belos do circuito da F-1, expressão da pujança e do desenvolvimento econômico, cultural e urbano da capital federal dos Emirados Árabes Unidos – foi construído em um período de tempo semelhante à duração do governo Rosinha.
A partir da riqueza do petróleo, a mesma que embala o crescimento exponencial do orçamento da nossa Campos – multiplicado por quinze em dez anos – o governo dos emires edificou o desenvolvimento social, com eficientes serviços públicos de saúde, transporte e educação e fez florescer o principal emirado com forte investimento em infra-estrutura. Na orla de Abu Dhabi cidadãos e turistas podem desfrutar de passeios ciclísticos em vias planejadas, assim como seria desejável se imaginar em nossa cidade. A capital dos árabes combina hoje seu papel de referência econômica no mundo globalizado com um apelo turístico em função dos eventos esportivos que promove e da intervenção urbanística que harmonizou a paisagem das áreas do centro histórico com a moderna arquitetura financiada pelo petróleo.
Enquanto isso, por aqui, a Prefeita que se anunciou como a mensageira da “mudança” reproduz o modelo de gestão de seus antecessores. Terceirizações de servidores públicos, educação, “revitalização” do centro urbano... No mesmo intervalo de tempo em que o circuito de Yas Marina se edificou, problemas e projetos que caracterizavam o “planejamento” de Mocaiber seguem como idéias e mazelas no governo “dela”. Mais do mesmo! Quando se prepara para ir esta semana a Brasília com a inglória tarefa de defender a manutenção da legislação dos royalties para a exploração do pré-sal, seria bom para a Prefeita poder levar um portfólio de realizações de sua “inovadora” gestão.

Artigo publicado na edição de hoje da Folha da Manhã.

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