sábado, 11 de fevereiro de 2012

A estranha aliança de Garotinho com o Conlutas!

Perdoem-me os meus poucos amigos(as) que acessam este blog o tema deste post. Certamente há uma recorrência deste tema na rede, mas, ainda que com atraso, este blog não pode se furtar a emitir algumas impressões sobre a "greve" na segurança pública do Rio. As aspas se justificam por três razões: 1- A pequena adesão ao movimento nas corporações militares; 2- A contradição entre a Lei militar e a natureza do movimento reivindicatório; 3- O recente anúncio agora a tarde do fim da greve no único segmento indiscutivelmente legitimado para fazê-lo: os policiais civis.
Mas este blogueiro - mais idiota que o Eremildo do Elio Gaspari - ainda não conseguiu processar várias informações do noticiário dos últimos dias e quer dividir suas dúvidas com seus leitores, a fim de tentar melhor compreender a estranha associação criada em pró da mobilização de bombeiros e policiais no RJ.
Que interesses foram capazes de associar a tal movimento atores políticos tão díspares como o Deputado Anthony Garotinho, PR-RJ, a Deputada Estadual fluminense Janira Rocha, PSol, e a "central sindical" CSP Conlutas - apesar do fim da greve dos policiais civis, responsável por nota que acabo de receber manifestando "incondicional apoio e solidariedade a luta dos Policiais Civis, Militares e Bombeiros do Rio de Janeiro em greve por dignidade e melhores condições salariais, com o encaminhamento e aprovação imediata da PEC 300 no Congresso Nacional para resolver o problema salarial dos policiais e bombeiros (...)"?
Com todo respeito, desconfio muito dos reais interesses que orientam o "apoio" de muitos destes Senhores e Senhoras ou entidades à justa reivindicação salarial dos servidores da segurança pública. Estranho, sobretudo, a deflagração da greve no dia seguinte à aprovação pela ALERJ - com várias emendas favoráveis - de matéria que garantiu reajustes com índices superiores aos alcançados pela maioria dos trabalhadores de diversos ramos nas negociações recentes mais bem sucedidas. Não ignoro que as perspectivas de reajuste para os policiais e bombeiros até 2014 ainda estão aquém do justo ou do ideal, mas certamente deve superar as conquistas de muitas categorias nas campanhas salariais em curso e dos próximos anos!
Também me intriga o calendário das mobilizações - as vésperas do Carnaval - e a estreita articulação dos movimentos na Bahia e no Rio, notoriamente os dois principais polos da maior festa popular do Brasil e unidades da federação governadas por aliados do governo federal.
Nota da OAB-RJ divulgada ontem destaca que as reivindicações salariais da categoria é justa, mas a greve é inconstitucional.
Concordo inteiramente com a pertinência das reivindicações e, sem entrar no mérito - muito polêmico - do direito dos militares à greve - na verdade penso que a segurança pública deveria estar a cargo de instituições formadas por agentes civis - gostaria mesmo de acreditar que por trás do movimento há apenas a justa indignação de servidores mal remunerados e sua disposição de luta.

Atenção servidor do Estado!

Falhou de novo!

Quarta-feira agitada. Reunião no IFF Campus Itaperuna e visitação dos filhos. Este blogueiro falhou de novo no cronograma deste blog. Escusas reiteradas, expectativa de garantir post do dia 15, contando com a compreensão e paciência dos amigos que visitam este espaço virtual. Até lá.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Sobre a prioridade de lotação.

Conversava na última semana com um companheiro que considero sensato e tem experiência na educação pública. Ele chamou minha atenção para uma prática - conquista do processo de democratização na gestão de escolas públicas - que revela-se realmente justa e eficiente contra mesquinharias políticas eventualmente observadas em processos dos mais avançados no que se refere a pleitos desta natureza.
Trata-se da prioridade de lotação, mecanismo que garante a gestores que findam seus mandatos optar por permanecer nas unidades que dirigiram ou ser relotado em outras unidades nas redes ou instituições de ensino públicas onde atuam como educadores.
Em ambos os casos, fica garantida a liberdade do servidor para colher os frutos de sua gestão ou se preservar - bem como à comunidade escolar - de eventuais constrangimentos ocasionados por divergências manifestas pelos pleitos ou por conflitos de concepções de gestão presentes na disputa democrática.
Mais que isso, fica atenuada a lamentável - mas recorrente - prática das retaliações, revanchismos e oportunismos que, infelizmente, se seguem a pleitos democráticos na gestão de instituições públicas de ensino. Tal prática, que infelizmente pauta a conduta de colegas, servidores públicos, legitimamente eleitos muitas vezes com o discurso da pluralidade e do respeito a divergência, macula o bom funcionamento das unidades e, muitas vezes, causa prejuízo direto aos alunos e à comunidade escolar. Em nome da vil intenção de eliminar lideranças, implodir experiências prévias e processos coletivos ou favorecer a implantação de novos projetos de gestão e a construção de novos grupos hegemônicos.
A afirmação de projetos e lideranças democraticamente legitimadas pelo cotidiano da gestão democrática é algo natural que certamente pode prescindir da mesquinharia da perseguição política rasteira e conservadora!
O mecanismo da lotação prioritária, que já existe em algumas redes que praticam a gestão democrática, deveria, a meu juízo, ser instituído formal e legalmente em todos os processos eleitorais para direções de escolas públicas, de forma a restringir tristes episódios onde discurso e prática afastam-se, configurando constrangedora incoerência que não coaduna com o verbo de quem prega pluralismo, unidade, descentralização e outras bonitas palavras de ordem.