sábado, 2 de maio de 2009

Problemas na rede municipal

Cresce a insatisfação da base nas escolas municipais com a gestão da SMEC. Na última semana esse blogueiro recebeu duas reclamações da base que vão merecer atenção e motivar tentativa de diálogo com a Secretaria.
Funcionárias terceirizadas, recentemente recontratadas, estariam sendo constrangidas a trabalhar mesmo estando em período de gozo do direito à licença maternidade. O caso é estranho, pois estando grávidas, não poderiam ter sido dispensadas pelas fundações ou empresas que as mantinham na função antes da determinação da Justiça. Vamos buscar mais informações sobre o assunto e identificar as escolas nde isto está ocorrrendo.
Já na baixada, professores de várias escolas se indignam com o calendário de reposição das aulas de fevereiro. A SMEC estaria impondo, sem discussão nas comunidades escolares, sequências de sábados letivos consecutivos. Muitas escolas teriam aulas previstas para praticamente todos os fins-de-semana do próximo mês. Os docentes compreendem a necessidade de se garantir o direito dos alunos, mas gostariam de opinar na definição das datas do calendário de reposição.
Questões a serem tratadas na próxima audiência com a Secretária Maria Auxiliadora Freitas, prevista para o próximo dia 12.
Nessa vida passageira
Eu sou eu, você é você
Isso é o que mais me agrada
Isso é o que me faz dizer
Que vejo flores em você

Scandurra no sábado

Combustível para aumentar o ritmo da caminhada!

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Cocorocó...levanta nego...

Há 30 anos...


Cocorocó
(Paulo Portela)

Cocorocó, o galo já cantou
Levanta nego, tá na hora de ir pro batedor
Oh nega me deixa dormir mais um bocado
Não pode ser
Porque o senhorio está zangado com você
Ainda não pagaste a casa esse mês
Levanta nego que só faltam dez pra seis

Nega me deixa dormir
Eu hoje me sinto cansado
O relógio da parede talvez esteja enganado
Nega me deixa dormir
Eu hoje me sinto doente
Deixa de fita malandro
Você não quer ir pro batente

[Quem quiser a música inteira, veja Roberto Ribeiro e Beth Carvalho aqui]

+ Poesia no bloguinho...

Edição especial (Dia do trabalahdor)
POETAS, OPERÁRIOS, BLOGUEIROS... TRABALHADORES!


Para Nelson Nahin

O Poeta-Operário
Vladimir Maiakovski

Grita-se ao poeta:
“Queria te ver numa fábrica!
O que? versos? Pura bobagem!
Para trabalhar não tens coragem.”
Talvez
ninguém como nós
ponha tanto coração
no trabalho.
Eu sou uma fábrica.
E se chaminés
me faltam
talvez
sem chaminés
seja preciso
ainda mais coragem.
Sei.
Frases vazias não agradam.
Quando serrais madeira
é para fazer lenha.
E nós que somos
senão entalhadores a esculpir
a tora da cabeça humana?
Certamente que a pesca
é coisa respeitável.
Atira-se a rede e quem sabe?
Pega-se um esturjão!
Mas o trabalho do poeta
é muito mais difícil.
Pescamos gente viva e não peixes.
Penoso é trabalhar nos altos-fornos
onde se tempera o ferro em brasa.
Mas pode alguém
acusar-nos de ociosos?
Nós polimos as almas
com a lixa do verso.
Quem vale mais:
o poeta ou o técnico
que produz comodidades?
Ambos!
Os corações também são motores.
A alma é poderosa força motriz.
Somos iguais.
Camaradas dentro da massa operária.
Proletários do corpo e do espírito.
Somente unidos,
somente juntos remoçaremos o mundo,
fa-lo-emos marchar num ritmo célere.
Diante da vaga de palavras
levantemos um dique!
Mãos à obra!
O trabalho é vivo e, novo!
Com os aradores vazios, fora!
Moinho com eles!
Com a água de seus discursos
que façam mover-se a mó!

No DVD player...

Enquanto o "blu ray" não cabe no meu bolso!
Adquirido por uma bagatela em uma loja de departamentos, esse DVD do saudoso e formidável Roberto Ribeiro garante um bom início de dia pra esse blogueiro. Um achado. Samba pro trabalhador. O blog recomenda!




P.S. Por consolo pra esse proletário, o título não está disponível em versão blu ray.

Dia do Trabalhador

Mercado informal & crime

O episódio do seriado exibido hoje pela REDE GLOBO abordou a delicada relação entre o comércio informal e ações criminosas. No roteiro, policiais infiltrados combatem a ação de uma quadrilha especializada em roubos de cargas, depois distribuídas para os principais entrepostos de comércio informal. Numa cena, o Tenente Wilson (Murilo Benício) repreende sua namorada acerca do consumo de produtos adquiridos em "camelôs", e cita os problemas que esta prática gera para a polícia cumprir seu papel. Após quase ser executado ao ser descoberto como "infiltrado", o policial decide comprar uma bolsa cara para a namorada, em 14 prestações, no mercado formal.

Dar-se ao respeito

Fui ouvido hoje pela Folha da Manhã sobre as declarações do Vereador Nelson Nahim na tarde de terça-feira acerca dos "bloguistas desocupados".
Considero infeliz a generalização. Soube por um interlocutor que lá estava que, após a declaração de impacto, o Presidente da Câmara teria se referido a liberação de comentários digamos, levianos. Se for assim, concordo parcialmente com ele, embora, respeitosamente, considere que Sua Excelência podeia ter sido mais hábil e menos impulsivo no teor da declaração. Aqui mesmo, no Comentários, adotei a moderação em função de certos comentários anônimos, leviandades e despropósitos que surgem por falta de bom-senso ou por má fé de parte de quem interage com nossa mídia.
Mas seria bom que, pari passu ao monitoramento dos blogs, o universo dos Exmos. Senhores Vereadores se dessem ao respeito em suas intervenções nas sessões do Legislativo local. Comentários sobre empreendimentos privados que aparentemente não descumprem a Lei são despropositados e os contornos dos debates chegam ao ridículo. Não é razoável que numa sessão se gaste tanto tempo discutindo um empreendimento de jovens empresários, independentemente de seus laços de parentesco. Fica parecendo até merchand, embora eu não acredite nessa hipótese. Contudo, confesso que fiquei até curioso para conhecer a casa!
Chocante o que ouvi hoje de um amigo. Que "se divertiu muito com a sessão de terça", que ele considerou hilária. Disse ainda que quando se sentir estressado, irá a Câmara "se divertir um pouco" com os debates lá travados.
Fica a nossa expectativa para que a impressão de meu amigo não se confirme como algo rotineiro. Tribuna não é picadeiro!

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Ele está pra chegar!

ARERÊ!!!Depois da "chuva de gols" perdidos na noite de ontem, só uma boa notícia dessa nesta agradável manhã!

Bebeu? Vá de ônibus... ???

Depois do merchand dos táxis, agora, campanha institucional do Governo do Estado em defesa da "Lei seca", já afixada em vários coletivos na cidade do Rio, propõe à turma do funil de baixa renda: Operação Lei seca. Vá de ônibus!
Em Campos, mesmo com a "passagem a R$ 1,00", acho que tal campanha não teria apelo. É que a Prefeitura não avançou nada no que se refere a outros aspectos fundamentais para melhorar o transporte coletivo - cumprimento de horários, controle da frota (conforto), revisão de itinerários, combate ao transporte clandestino. Parece que se depender do governo local e da EMUT os bebuns pobres da cidade continuarão a pé ou se equilibrando em bicicletas - nas vias destinadas aos automóveis, pois também parece que não há projeto para ciclovias.

ATUALIZAÇÃO em 01/05, ás 00:15 para correção do título da campanha carioca.

Talismã

O Príncipe do samba, sempre uma pedida oportuna!

terça-feira, 28 de abril de 2009

Prestígio

Agora a pouco, representando a Reitora do IFF, Professora Cibele Daher, no evento de posse da diretoria da FEUC - Federação dos Estudantes Universitários de Campos - o pró-reitor Roberto Moraes falou para uma platéia de jovens - majoritariamente formada por alunos da instituição - que lotavam o auditório principal do Instituto. Foi aplaudido pela massa, que, impaciente pela palestra de Gabriel o Pensador e manifestando suas posições políticas, chegou a vaiar outros oradores e até homenageados pela Federação.
Prova de que a direção do instituto mantém seu prestígio junto ao corpo discente, e que as faixas estendidas democraticamente nas dependências do IFF não parecem ter muito eco nas bases das entidades que as estenderam.

ATUALIZAÇÃO em 30/04 às 10:30 para inserção de foto do Hugo Prates.

Cena do cotidiano

Hoje, por volta das 13:30, o combativo líder dos proprietários rurais de Campos saboreava tranquilamente a deliciosa comida caseira do estabelecimento de um assentado pela reforma agrária, ativista da causa. Após conversar um pouco com o dono da casa e saudar o outro, cliente, saí apressado, mas sem deixar de refletir sobre certas cenas simbólicas que sempre reafirmam em mim a convicção no debate democrático e na busca pelo consenso.

Reitora do IFF divulga nota oficial sobre eleições nos campi da instituição.

NOTA OFICIAL EM RESPOSTA À ENTREVISTA DO PROFESSOR LUIZ AUGUSTO CALDAS PEREIRA

Diante as declarações em entrevista de página inteira do Diretor de Políticas da SETEC-MEC, professor Luiz Augusto Caldas Pereira, a um jornal da cidade e por considerar como verdadeiramente democrático o debate em que todas as vozes possam ser ouvidas, a Reitoria do IF-Fluminense vem a público esclarecer que, em momento algum, se opôs à realização de eleições nesta instituição e nunca cogitou a possibilidade de colocar qualquer entrave para impedir os processos democráticos que tradicionalmente sempre fizeram parte da história desta casa. Em respeito aos nossos servidores e alunos utilizamos este espaço para deixar claras algumas questões.

A lei 11.892 que criou os Institutos garante as eleições para os futuros diretores gerais de todos os novos campi em implantação assim como legítima o mandato daqueles eleitos que, em Janeiro, foram nomeados Reitores. Estipula o prazo de 180 dias para a elaboração dos estatutos e encaminhamento dos mesmos ao Ministério da Educação, mas, em nenhum momento, marca a data dessas eleições.

As leis que regiam os pleitos nos antigos Cefets não valem mais para os Institutos, por isto, em Ofícios Circulares e também em Portarias Regulamentadoras do próprio MEC estão contidas as recomendações de que não sejam realizados processos eleitorais antes de concluído o Estatuto ou antes que os novos campi tenham condições mínimas para que os processos eleitorais sejam de fato legítimos. Condição pela qual ainda não há data definida para a realização dos processos eleitorais nos campi Campos-Centro e Macaé. Vale ressaltar que esta posição foi tomada depois de consultarmos por parecer o Chefe da Procuradoria Federal do IFF. Dr. Júlio César Manhães de Araújo, além de ouvir também Consultoria Jurídica do MEC e o próprio Secretário da SETEC/MEC, professor Eliezer Pacheco, a quem a Diretoria de Políticas é subordinada.

Mas estamos avançando para garantir este direito aos nossos servidores e alunos. Os campi Macaé e Campos-Centro, assim como os demais, já estão em fase de elaboração estatutária. Na antiga Unidade Sede não é diferente. Ela também foi elevada à categoria de campus e está em processo de implantação de sua nova institucionalidade. Em todo IF Fluminense, o novo PDI está sendo discutido e um novo Conselho Superior deverá ser constituído. É como um qualquer processo eleitoral, não há como realizar eleição sem justiça eleitoral constituída. A alegação de que eu teria dito que os processos eleitorais não aconteceriam antes de três anos não procede. Na verdade o que de discutiu nas reuniões do Colégio de Dirigentes foi o prazo ideal para realização dos pleitos, nunca a possibilidade de que eles não acontecessem, sempre dando aos pares o direito de apresentar sugestões. Nunca houve data estipulada formalmente. Quem conhece a história desta instituição sabe que nunca fez parte do nosso projeto (meu e de minha equipe) impedir a escolha de dirigentes de forma democrática. Por isto, nos causa estranheza que este seja o único argumento de alguns para criticar nossa gestão e tumultuar este processo tão complexo que é a transição. Acusações que vêm a tona menos de dois meses após minha posse como Reitora, uma semana após a nomeação dos pró-reitores e antes mesmo do prazo de elaboração do estatuto estipulado pelo MEC ter terminado. Como acusar alguém de não ter feito algo cujo prazo ainda não terminou?

Neste momento, tudo que desejo é preservar nossa instituição e fazer com que ela continue a desenvolver seu projeto institucional de melhor forma possível. Temos 13.000 alunos e cerca de 1.000 servidores que dependem do bom andamento de todas estas ações e por isso mesmo, não posso abrir mão de, enquanto Reitora, conduzir este momento da melhor forma possível, sem ceder a pressões, quaisquer que sejam elas, o que seria total irresponsabilidade. Os processos eleitorais dos campi Campus-Centro e Macaé acontecerão na hora oportuna, com toda a legalidade e legitimidade, sem que os resultados possam ser questionados depois.

Peço a todos e a todas que reflitam sobre esses fatos. Não há interesse outros nesta minha manifestação a não ser o direito que tenho de sair em defesa de um projeto de instituição em que acredito e com a o qual tenho o maior compromisso. Também repúdio os que querem criar obstáculos e macular a trajetória da instituição, hoje, legitimamente sob minha condução. Quem conhece minha trajetória de 33 anos nesta Instituição deve ter certeza disso. Só me resta lamentar que possíveis divergências internas venham a ser tomadas públicas por interesses que mais me parecem de caráter pessoal.

Reafirmo aqui meu compromisso e de toda minha equipe com a gestão democrática. Vamos realizar eleições sim, logo que os trâmites necessários sejam concluídos. Assim foi na época da transformação de ETFC em CEFET, quando, numa transição bem menos complexa, o Diretor Geral teve o seu mandato estendido em até dois anos, mas convocou as eleições em um ano do prazo terminar. É exatamente por respeitar a democracia e por compreender sua importância que defendo que processos sejam feitos com a menor margem de risco possível e que verdadeiramente contribuam pra que nossa instituição continue sendo referência em educação e cidadania. Por isto, sigamos em frente com muita determinação e firmeza para garantir que mais esta etapa de nossa história centenária seja cumprido com ética e responsabilidade.


Cibele Daher Botelho Monteiro
Reitora

Picareta?

Pândegos do calçadão saíram-se com essa. Em função do estranho papel desempenhado pela municipalidade na mediação do financiamento - patrocínio - para o carnaval fora de época, comentado recentemente pelo Xacal - leia aqui - sugerem que a festa, oficialmente chamada de Campos Folia seja batizada com o título da nota. Quanta maledicência!

O Pensador em campos

O Marcel Cardoso informa que logo mais, às 19:00, a Federação de Estudantes Universitários de Campos, com o apoio do Departamento de Juventude da Prefeitura, do IFF (ex-CEFET Campos) e do DCE do Instituto, promove palestra com o rubro-negro Gabriel, o Pensador. O irreverente compositor vai falar sobre Juventude e cidadania no auditório Cristina Bastos do IFF.

FOTO: Sítio "Minhas Camisas" (divulgação).

Gripe suína

No traço do Waldez.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

No caminho certo

O blog parabeniza a Professora Cibele Daher, Reitora do IFF, pela oportunidade do evento em destaque no post abaixo.
Conforme salientamos, o centenário de uma instituição com a história do IFF é fato para ser comemorado com entusiasmo. No baile de sábado estiveram presentes quase todos os ex-diretores da instituição vivos - como Luciano D'Angelo, primeiro diretor eleito, e Roberto Moraes, diretor que promoveu a Escola à CEFET - e várias gerações de ex-alunos.
Temos a convicção que a atual Reitora do IFF - a primeira mulher a dirigir a centenária instituição - representa a comunidade acadêmica que a elegeu, honra as tradições democráticas construídas naquela instituição ao longo dos últimos 30 anos e tem todo o mérito para conduzir com tranquilidade o processo de consolidação do Instituto nesse momento histórico. Ela certamente saberá, com habilidade, paciência e firmeza, conduzir este processo.

Na foto do Hugo Prates, a Reitora do IFF, Professora Cibele Daher, discursa no Baile dos ex-alunos do IFF, no último sábado.

IFF comemora centenário com Baile histórico

O blogueiro não pôde estar presente, mas um colaborador do blog enviou texto sobre o evento festivo que reuniu ex-alunos de várias gerações da tradicional instituição - da Escola de aprendizes e artífices, depois ETFC e CEFET Campos, ao atual Instituto:

A despeito das polêmicas atuais o IFF/CEFET/ETFC, a instituição mostra a força da sua história, uma história de um século. Imaginem quanto já houve de polêmicas de disputas.
Vou repetir: uma história de um século. Quantos profissionais, quantos alunos, quantas famílias já participaram desta história! Quanto a instituição já contribuiu para o desenvolvimento da nossa região!
Isso é motivo para comemorar... e muito! Neste último sábado, foi o que fizeram muitos ex-alunos. Colegas que há muito não se viam lembraram dos seus tempos estudantis, dos professores, das disputas que mobilizavam os alunos dos diferentes cursos. Hoje, algumas daquelas disputas virulentas da juventude são vistas com olhos ternos.
Houve quem sentisse uma estranha eletrostática no ar. Mas o que todos puderam presenciar foi a animação da festa. Ao som das excelentes Big Band e Banda da Polícia Militar e do animado Oswaldão e seus Comparsas, antigos desafetos se abraçaram e dançaram... Comemoraram a história da instituição como uma parte da história das suas vidas.

Pena que música acabe e vida assuma outros ritmos...

FOTO: Hugo Prates.

Cotidiano

Em tempos de eleições no SEPE, o blogueiro reflete sobre as angústias e limitações do movimento sindical e os problemas na relação com a base hoje, sobre as dificuldades das direções sindicais em interagir de forma adequada com os "representados" e atender suas expectativas.
A reflexão ensejou uma crônica, forma de texto em que não costumo me aventurar. Certamente não há de se assemelhar aos textos de minha amiga Walnize Carvalho, cronista de mão cheia e de rara sensibilidade, mas o "laboratório" é dedicado a ela:

Ao estridente estrilar do despertador, avistou a pilha de provas que ainda a esperava sob a cômoda do quarto. Ao seu lado, o companheiro que havia se deitado quase tão tarde – ou tão cedo – quanto ela, mas que teria ao menos mais duas horas de sono para refazer as energias. Correu para a cozinha de forma a adiantar os afazeres antes que os filhos despertassem, lá pelas 07:00. A esta altura o desjejum já estaria na mesa, de acordo com as preferências de todos, café, pão, frios, achocolatado, leite, cereais...
Esta manhã era extraordinariamente vaga na rotina semanal, as aulas do dia ficavam restritas aos turnos da tarde e da noite. Geralmente, na maioria dos dias da semana, a mesa ficava pronta de véspera. Cumprido o ritual matinal, mesmo neste dia de “folga” ocupava-se de tarefas relativas aos seus quatro empregos, necessários para compor uma renda razoável, compatível com a de um operário técnico do setor petróleo. Estas tarefas – correções de provas, planejamentos, leituras (cada vez menos sistemáticas) – são cotidianamente concomitantes a outras ações relativas á organização do lar – ainda existem mulheres de “forno e fogão”, e de máquinas de lavar! – e a cuidados zelosos de mãe e esposa – verificar a lição, arrumar uma bolsa de viagem, organizar a despensa e as contas da família.
Há ainda espaço para atenção especial para seus alunos, especialmente os da rede pública – muitas vezes protagonistas de dramas vivos que parecem saídos de páginas de jornais populares. Mas os adolescentes de classe média da escola particular – com seus problemas típicos de personagens ricos da novela das oito – também merecem cuidados e apoio, que muitas vezes não tem de seus ricos e ocupados pais.
Foi no fim da tarde desse atribulado dia, ao voltar à mesma pilha de provas amanhecida sob a cômoda, que se lembrou de uma convocação do sindicato para uma assembleia às 17:00. Se corresse, a bordo do seu Uno Mille, chegaria a tempo. Pensou na responsabilidade de estar presente, pensou nas quatro aulas que teria de dar no retorno, ainda aquela noite, a partir das 19:15. Pensou nas outras vinte que ainda daria até a noite de sexta. Preferiu uma corrida a casa e um breve café com os filhos no fim de tarde daquela quarta-feira.


Crônica publicada na edição de hoje da Folha da Manhã.