sábado, 1 de agosto de 2009

Idéia interessante

Tramita na Câmara dos Deputados um projeto interessante, é de autoria do Betinho Rosado DEM/RN, aqui. Pretende fazer com a que as urnas eletrônicas emitam sinais sonoros. A justificativa do Deputado é muito frágil: afirma que cerca de 20% dos votos proporcionais não são nominais por que os eleitores, “nervosos”, não conseguem votar no seu candidato e acabam votando nulo, branco ou legenda.

Pela proposta a máquina de votação emitiria sons assim: “vote para deputado estadual” depois do confirma, “vote para deputado federal” e assim por diante.

Resta saber se as máquinas podem sofrer esse tipo de adaptação e quanto isso vai custar, afinal são 350 mil em todo país. Mas a idéia é realmente boa.

"MERENDA INDIGESTA"

Clique aqui e leia n'A TroLha o post do Xacal sobre a decisão do Ministério Público Estadual em instaurar Ação Civil Pública contra a terceirização da merenda escolar na rede municipal, proposta por Rosinha.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Descompasso

Enquanto LULA disse pra quem quisesse ouvir na quarta-feira que em alguns Estados haverá dois ou três palanques - veja abaixo o post "Lula abre o jogo", do Gustavo Carvalho - manchete principal da Folha da Manhã de hoje diz que em declaração feita ontem, em Macaé, o vice-governador "garante Lula com Cabral".
Ora, o próprio texto da matéria diz que Pezão teria afirmado "que a parceria entre o presidente Lula e o governador Sérgio Cabral será mantida em 2010 e que Lula estará no palanque de Cabral a reeleição."
Logo, não há na declaração contradição com a hipótese de candidatura própria do PT ao governo do RJ, considerando que o palanque de Cabral será um dos possíveis palanques de apoio à Dilma em 2010. Isso, contudo, não exclui a priori a presença da Candidata de Lula e dele prório no palanque de seu partido, nem tampouco pode significar garantia prévia de exclusividade deles no palanque do PMDB.

O blog somos nós...

Não poderia deixar de agradecer aos amigos e colaboradores Gustavo Carvalho e Renato Barreto a habitual parceria que manteve este blog pulsando ao longo dos últimos dois dias em que este blogueiro esteve sem acesso à rede. Melhor para os leitores, a quem também agradeço pela parceria e presença neste espaço, que é de todos nós. Abraço a todos.

A propósito, proposta...

Emissoras de rádio - veículo que permanece "campeão de audiência" apesar desta rede e de outras possibilidades comunicacionais contemporâneas - são pródigas em iniciar suas programações matinais, bem cedinho, com canções do Rei - que inclusive ainda não teve aqui homenagem digna de sua grandeza na MPB.
Acordei com esse clássico na cabeça e constatei que, apesar de ser uma das mais belas e conhecidas composições de Roberto, não há muitas versões disponíveis para compartilhar na rede.
A melhor que identifiquei, no You tube, foi esta, antiga, com o Rei ainda bem jovem. Para mim a música é muito atual.

Arerê Andrade!!

Depois de estar por dois dias afastado daqui, este blogueiro retorna nesta noite após um susto - felizmente nada grave! - e uma boa notícia.
Não pude ver o jogo do Fla agora há pouco, mas acompanhei o placar através da empolgação dos torcedores que vibravam a cada gol do Mengo no "Bar Universitário", próximo à FAFIC. Chegando já nos acréscimos no bar do Marcelão, ouvi de meus vizinhos que a vitória sobre o galo foi convincente, e soube que a galera pediu a permanência de Andrade - saudado desde a segunda em bela crônica de Fernando Calazans, após a vitória sobre o peixe. O Tromba sabe tudo de Flamengo e de futebol. Ídolos como ele costumam acertar no comando do time - Carlinhos, Zagalo, Carpegianni. A julgar pelo cartão de visitas apresentado nas duas últimas partidas, onde o grupo além de retomar o bom desempenho demonstrou ainda poder de recuperação, pode dar certo!

quinta-feira, 30 de julho de 2009

A África e a crise

A atual crise das economias capitalistas divide a opinião de analistas em todos os seus aspectos e o debate sobre suas origens, abrangência, profundidade e soluções está aberto produzindo consensos bastante frágeis. Mas pelo menos em um tema as opiniões convergem: a crise deverá piorar muito a situação das nações mais pobres, estimativas divulgadas pela ONU no início deste mês revelam que estarão na extrema pobreza 90 milhões de pessoas a mais do que o previsto antes da crise. Segundo a FAO, como reflexo da recessão mundial o número de pessoas subnutridas deve passar a barreira de um bilhão em 2009.
Entre as nações pobres a situação dos 42 países que se situam abaixo do deserto Saara é muito preocupante, estimativas da ONU divulgadas em março revelam que a crise deve reduzir em U$S 46 a renda dos indivíduos que vivem em extrema pobreza. São países onde mais de dois terços da população vivem em áreas rurais e dependem da agricultura como fonte de renda e subsistência. O setor representa 17% do PIB destas nações e é responsável por mais de 57% do emprego. Mas os limites da produção agrícola são gigantescos: apenas 4% das reservas de água disponíveis são utilizadas para irrigação, além disso, apenas 14% das terras agricultáveis são cultivadas e o uso de fertilizantes é muito precário, enquanto na Ásia são usados 153 quilos de fertilizantes por hectare de terras, na África Subsaariana são utilizados apenas nove.
Por mais paradoxal que possa parecer entre as pessoas mais pobres do mundo estão os pequenos produtores de alimentos, são famílias que cultivam até um hectare de terra e não possuem condições de comprar sementes de alto rendimento, fertilizantes ou equipamentos de irrigação. O resultado é uma produtividade muito baixa e insuficiente para sua subsistência. “A pobreza é causa de baixa produtividade agrícola, e a baixa produtividade agrícola realimenta sua pobreza. É um círculo vicioso”. O economista americano Jeffrey Sachs chamou este círculo de “Armadilha da pobreza.”
A força tarefa contra a fome, do projeto milênio da ONU estudou o problema e recomendou uma ajuda a pequenos agricultores africanos como forma mais eficiente de combater a fome no continente. Foi com base nestes estudos que em 2004 o secretário geral da ONU, Kofi Annam lançou o apelo pela “Revolução verde africana” como forma de acabar com a fome e subnutrição apostando principalmente no desenvolvimento agrícola. A idéia não é nova, já em 1962 o agrônomo francês René Dumont lançava o livro “A África começa mal” ressaltando a importância da agricultura e da integração das populações rurais. Segundo Dumont o subdesenvolvimento da agricultura afeta seriamente toda a economia e “não pode ser separada da falta de indústria e do subdesenvolvimento em geral, o progresso agrícola é indispensável."
A recente reunião do G-8 ocorrida em L’aquila na Itália anunciou uma ajuda de U$S 20 bilhões para pequenos agricultores, a iniciativa está sendo comemorada como um potencial avanço histórico no sentido de combater a fome e a extrema pobreza. Os investimentos podem significar um aumento da produção de alimentos e a interrupção da armadilha da pobreza em muitas regiões. Programas de ajuda internacional produziram efeitos muito diversos no mundo, enquanto o paradigmático Plano Marshall pode ser visto como um caso de sucesso na Europa ocidental, o mesmo valendo para programas nos países do leste asiático, há exemplos de iniciativas muito mal sucedidas. Segundo J. Paul Martin, diretor executivo do Centro de Estudos de Direitos Humanos da Universidade de Columbia um dos principais problemas que afetam negativamente os resultados da ajuda externa nos países em desenvolvimento é a “falta de preparo por parte dos países beneficiados com relação a níveis endógenos de educação.”
Por isso deve ser motivo de celebração a iniciativa do IFF-Campos em desenvolver o Projeto Angola/Brasil. O convênio prevê capacitação de professores e técnicos angolanos, além de orientar a construção, administração e instalação de cinco centros de formação profissional no país africano. Saber que professores da cidade estão cruzando o atlântico para levar conhecimento e experiência educacional a um país como Angola deve ser motivo de orgulho para toda a cidade. Uma prova de que podemos e devemos pensar grande, ousar. Ajudar os angolanos a desenvolver seu sistema educacional é uma evidência de nossa maturidade e de nossas potencialidades além de corroborar com o adágio de Julius Nyerere, líder da independência e primeiro presidente da Tanzânia, "As pessoas não podem ser desenvolvidas; podem apenas se desenvolver."

Artigo publicado no Monitor Campista quarta feira 29 de julho.

LULA ABRE O JOGO

O Presidente Lula, em seu recente périplo pelo Nordeste, visitou (terça-feira, 28/07/09) a cidade de Campina Grande para inaugurar mais um Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia. Nessa ocasião, além de defender uma saída rápida para a crise do Senado, ele reforçou a necessidade de preservar a aliança eleitoral do PT com o PMDB. Em entrevista, Lula afirmou: "É importante esperar o tempo correto para definir o mapa do jogo político. No meu caso, pedi ao Ricardo Berzoini e ao Michel Temer que mapeassem a possibilidade de aliança entre o PT e o PMDB em todo território nacional. Vai ter estado onde não vai ser possível, porque haverá dois ou três candidatos da base do governo. Nós vamos ter que ter maturidade política. Fazer campanha sem interferir no resultado dos estados, para não prejudicar nenhum companheiro."

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Emirados Fluminenses

Matéria publicada hoje no jonal Valor econômico, reproduz a fala do ministro das minas e energia Edison Lobão

"Não haverá mais royalties do pré-sal para os Emirados Fluminenses", disse o ministro, referindo-se às gordas receitas que os municípios produtores do Rio de Janeiro recebem e que nem sempre são investidas em obras necessárias. Tornou-se famoso o caso de Rio das Ostras, que pavimentou o calçadão da praia com porcelanato.

As receitas oriundas da exploração de áreas ainda não licitadas serão integralmente depositadas em um fundo cuja rentabilidade será distribuída para todo o país, via Orçamento da União, e serão usados em políticas sociais, principalmente educação.

O trabalhador e a "tarifa cidadã": vantagens?

No início da semana o Dr. Cléber Tinoco destacou na blogosfera local o fato de que, para expressiva parcela dos trabalhadores que recebem o vale-transporte conforme a Lei, não há diferença no desconto em seus vencimentos, ficando a vantagem do subsídio como favorecimento para o patrão - leia aqui. O post foi inclusive citado pelo Xacal n'A TroLha.

As empresas parecem também ganhar sempre, tendo em vista que continuam recebendo R$1,60 de quem recebe seu vale via RioCard. Quanto a eficiência e qualidade no transporte público...

Agora há pouco, no final da noite de ontem, um colaborador do blog teve de dar uma "carona" a um trabalhador que havia perdido o último ônibus para Travessão, que sai às 22:45. Horário impiedoso para quem trabalha no turno da noite ou estuda após a jornada de trabalho. Ou seja, apesar da "tarifa cidadã" - que vem irrigando os cofres das empresas concessionárias com substanciais repasses de recursos públicos - os horários continuam precários como antes. Quanto aos trabalhadores de Travessão - sem mesmo opção de "transporte alternativo" neste horário - se perder esse último "bonde" resta apenas a alternativa da linha da Auto viação 1001 para Morro do Coco - sem "tarifa cidadã" - com passagem a R$6,00!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Águas do Paraíba bate recordes de lucro e trabalhadores reivindicam mudança na PLR

O Fabiano Rangel, do Sindicato dos trabalhadores em saneamento do norte e noroeste fluminense, envia por e-mail para este blog relatório técnico do DIEESE sobre dados econômicos da empresa Águas do Paraíba no exercício de 2008, a partir do balanço apresentado pela empresa.
O STAECNON argumenta "que, com o Lucro Líquido obtido pela empresa no exercício de 2008 de R$ 5.407.458,00 e tendo destinado a título de Dividendos Distribuídos aos seus acionistas R$ 2.934.272,00 (46,5% do seu Lucro Líquido) seria uma falta de respeito com os seus trabalhadores destinar apenas R$ 115.083,17 (2,13% do seu Lucro Líquido) aos trabalhadores, esse montante representa 40% do salário básico de cada trabalhador."
Frente aos números que apresenta o relatório do DIEESE, detalhados pelo Roberto Moraes em seu blog - leia aqui - o sindicato apresentou contra-proposta onde a empresa pagaria 60% do salário para cada trabalhador, com vencimentos de até R$ 1.200,00, que representa 86 % da categoria. Para os trabalhadores que recebem acima de R$ 1.200,00 seria pago 40% de seus salários, mantendo a proposta oferecida pela empresa nesta faixa salarial. Contudo, as negociações ainda não avançaram.
A situação propicia uma reflexão sobre a privatização dos seviços públicos num momento em que o governo municipal insiste na terceirização de serviços fundamentais à sociedade. Melhor faria o poder concedente se exercesse suas responsabilidades sobre a concessionária, não só para grantir a qualidade do serviço público aqui em destaque, questionável, bem como o exercício da responsabilidade social pela referida empresa.

Dividindo com os pobres

Ao passar pela manhã, na hora do almoço ou no fim da tarde pela Rua do Ouvidor, na quadra do Jardim São Benedito, é possível observar uma movimentação constante de cidadãos excluídos da riqueza que caracteriza essa cidade, sem qualquer acesso a oportunidades de vida digna e à proteção social do Estado. Não chega a ser uma aglomeração, mas eles afluem de forma regular – alguns diariamente, outros eventualmente – às portas do casarão que abrigou o antigo Colégio Santa Inês, hoje Mosteiro das Madres Redentoristas em Campos. Todos encontram ali acolhida para suas carências. Pão para sua fome, remédio para sua doença, ouvidos para suas “confissões” e desabafos, auxílio atencioso em momentos marcantes da vida de qualquer pessoa ou família, com a dignidade que costuma ser negada a parcela significativa de nossa sociedade – me emocionei com um caso de uma senhora pobre a quem as Irmãs possibilitaram a felicidade de se vestir e ornamentar com o esmero adequado às bodas de seu filho.
As irmãs redentoristas, que fizeram voto de clausura, seguem sua missão, como um “sinal profético” do Evangelho cristão, mas não ignoram as mazelas dos homens e de sua instituições. E, para além de sua vida contemplativa e monástica, estendem as mãos para os seus irmãos, compartilhando o fruto de seu trabalho com quem precisa. Prática cotidiana da solidariedade, ou da caridade como preferem alguns. Ou ainda, na singela definição da Madre Superiora, rotina de “dividir com os pobres” o pão e os recursos disponíveis.
Curioso que, na cidade onde religiosos de diversas matizes abençoam gestores que adotam a prática nada republicana de concentrar a riqueza privilegiando clientelas, e onde convênios escusos são firmados entre a municipalidade e instituições ditas “filantrópicas”, as irmãs redentoristas não recebam qualquer apoio da “boa sociedade” ou do poder público em seu visível e louvável trabalho social.
Mas é possível para qualquer um de nós apoiar essa ação social cristã. Além de encaminharem para quem realmente precisa doações de roupas, agasalhos e alimentos que podem ser enviadas ao mosteiro, as ativas, simpáticas e piedosas monjas produzem lindas lembranças e velas para cerimônias de primeira eucaristia de jovens cristãos, bordados e quitutes deliciosos – dentre eles um formidável pastelzinho de abacaxi que encantou o paladar deste articulista – tudo convertido na partilha fraterna do pão.

Artigo publicado na edição de segunda-feira (27/07) da Folha da Manhã.

domingo, 26 de julho de 2009

"Nós Somos uma Cultura Muito Complicada!"

Eduardo Coutinho é um dos maiores cineastas e documentaristas brasileiros. Ele é autor de obras instigantes e perturbadoras como: "Cabra Marcado para Morrer" (1964/1984); "Santo Forte" (1999); "Edifício Master" (2002); "Peões" (2004); e, mais recentemente "Moscou" (2009). Esse brasileiro brilhante, será homenageado pelo Museum of Modern Art (MoMA) em Nova York, com um restrospectiva inédita sobre sua obra. Falando sobre sua arte e dos "motivos" que o movem, Coutinho declara (O Globo 21/07/09): "Meu cinema não é heróico e nem tem heróis. Muitos dizem que eu abandonei a política, que não faço cinema político. Eu sempre odiei cinema militante. 'Cabra' não era um flime militante, era um filme sobre seres humanos, sobre a vida de gente humilde que decide fazer teatro. (...) Essa preocupação com os seres humanos, com a solidão, com as formas de comunicação que são tão difíceis no cotidiano _ para mim, cada vez mais, são as coisas pequenas que interessam." Em outra passagem da entrevista, quando perguntado como os americanos poderiam entender sua obra e o Brasil retratado nele, argumenta: "Eles acham que brasileiro só fala de carnaval e de mulata, de bunda, de samba e violência. E ninguém aguenta mais isso. (...) O Brasil parece ser um páís fácil, mas não existe nada fácil no Brasil! Nós somos uma cultura muito complicada, que pega coisas de todas as culturas e mistura, faz mestiçagem de tudo, e poucos entendem o resultado dessa mistura. (...) O Brasil é um país sem direita: ninguém se diz de direita no Brasil! Então é um país complicado, onde as forças políticas são nebulosas. Mesmo depois da eleição do Lula e de um impressionante movimento operário, que foi o tema de 'Peões', você percebe a quantidade de acordos que precisam ser feitos para governar. O Brasil é um país onde não existe a noção de 'público'. As coisas são privadas ou são estatais, não existe diferença entre estatal e público, público no sentido daquilo que é partilhado por todos, no sentido do bem comum. Isso não existe no Brasil, o que é tremendamente triste."

Canção do dia

Adriana Calcanhoto - Cantada (Depois de ter você)

Get this widget | Track details | eSnips Social DNA

O x da questão

Pertinente contribuição ao debate que a professora Luciana apresentou sob a forma de comentário ao post Incomodou (logo abaixo):

"Minha maior dúvida quanto à terceirização da merenda escolar é se este processo visa o atendimento das diretrizes do PNAE (Programa nacional de alimentação escolar) que são as seguintes:
1- o emprego da alimentação saudável e adequada compreendendo o uso de alimentos variados;
2- a aplicação da educação aliemntar e nutricional no processo ensino-aprendizagem;
3- a promoção de ações educativas que perpassem transversalmente o currículo escolar;
4- apoio ao desenvolvimento sustentável, com a aquisição de gêneros alimentícios diversificados preferencialmente produzidos e comercializados em âmbito local.
"


Para mim, parecem incompatíveis tais diretrizes e a terceirização!

ATUALIZADO às 13:25.