sábado, 10 de outubro de 2009

Lindberg no ataque

Nessa última sexta-feira (09/10), ao término de uma semana repleta de movimentos táticos com vistas às eleições de 2010, o prefeito de Nova Iguaçu e pré-candidato do PT ao Governo do estado Lindberg Farias voltou a se posicionar de modo enfático na defesa da candidatura própria do partido no estado do Rio. Alguns dias após as ("deselegantes") declarações da ex-prefeita Marta Suplicy repudiando a hipotética candidatura de Ciro Gomes e reafirmando a necessidade de uma candidatura majoritária do PT em S.P. (na ocasião ela chegou a afirmar que Ciro "não tem nada a ver com S.P."), Lindberg partiu para o ataque: "Agora, um fato chama atenção. Depois de percorrerem o país falando em alianças amplas, em o PT abrir mão de candidaturas a governador em nome de um projeto nacional, importantes dirigentes nacionais do PT se calam e acham que em São Paulo não dá para abrir mão de candidatura nenhuma. Fazem uma análise pragmática. Sabem que sem candidato a governador, a chapa de deputados é prejudicada. Não ouvi nenhuma declaração do presidente do partido e deputado federal por São Paulo, Ricardo Berzoini. Agora, ele vem ao Rio falar que o PT tem que retirar a candidatura no Estado. Nós, do PT-RJ, não aceitamos."
Além disso, em face aos problemas enfrentados pela população com o precário e degradante serviço de trens no Rio, como também com a elitista conivência do Governo Cabral com os interesses da empresa SuperVia, ele declarou: "Há anos a população da Baixada sofre com os péssimos serviços prestados pela SuperVia. São atrasos nas viagens, desrespeito aos trabalhadores, falta de segurança e acidentes. Aqui estamos na Idade da Pedra, o sistema de transporte é totalmente ultrapassado." Num "mano a mano" direto com Cabral ele cobra: "E aí, governador? Ontem foi na Baixada; hoje, na Central do Brasil. É mais uma ação de vândalos, vagabundos?É hora do Governo do Estado assumir sua responsabilidade e tomar uma posição dura em relação à Supervia."
Segundo Lindberg (lindbergfarias.blogspot.com), não só por razões político-eleitorais mas em reação às prioridades da atual gestão, "Vamos ter candidato a governador, até mesmo porque essa é uma necessidade do povo trabalhador do Rio que precisa, novamente, unificar as forças que defendam seus interesses. A minha candidatura a governador deu mais um passo a frente porque, com esse fato, muitos que articulavam contra ela perderam a coerência e legitimidade de seus discursos.".

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Desandou

Após quatro partidas invicta, a defesa do Goyta volta a deixar apreensiva a esperançosa galera alvi-anil. Sem levar gol neste período - quatro vitórias do Azul da rua do gás - e na primeira etapa da partida em que foi derrotado agora há pouco no estádio luso-brasileiro, a zaga do Goytacaz permitiu ao ataque da Portuguesa ir às suas redes quatro vezes em apenas quarenta e cinco minutos.
Com a derrota, o Goyta, que já havia jogado mal na vitória contra o Bonsucesso sábado, no Arizão, perde a liderança e acende a luz amarela na difícil disputa por uma vaga na primeira divisão em 2010.
Tá certo que há equilíbrio na disputa, que o jogo era fora de casa, que a arbitragem mais uma vez agiu de forma "estranha", marcando um penalti inexistente quando a partida estava empatada. Ou seja, não é o fim da linha... Mas tomar uma virada de quatro vencendo por 2X0, numa disputa marcada pelo equilíbrio... É perder ótima oportunidade de construir o objetivo. E a Portuguesa vai virando um fantasma na vida do Goyta. Agora sábado, contra o Nova Iguaçu é vencer ou vencer para permanecer nas primeiras posições. Vamos lotar o Arizão!!! Apesar do vexame, dá-lhe Goyta!

Conseguimos conquistar com braço forte

Uma boa nova que merece ser anunciada é a abertura dos arquivos de importantes veículos de comunicação que estão disponibilizando on-line suas edições. O New York Times saiu na frente e a revista Life fez o mesmo, em associação com o google permite a visualização de dez milhões de fotos e vários textos. A revista foi uma das mais influentes publicações dos EUA e chegou a vender treze milhões e meio de exemplares por semana.

Vasculhar os números da revista é uma experiência muito interessante e revela importantes aspectos da sociedade americana e do mundo no século XX. Examinando a edição de dezembro de 1936 encontrei uma fotoreportagem do Brasil com um texto que espelhava bem a visão que o mundo desenvolvido tinha do nosso país. Em meio a várias imagens do Rio de Janeiro e da floresta amazônica lê-se: “Os conquistadores portugueses não trouxeram suas esposas e casaram-se com as índias, seus descendentes se juntaram aos negros escravos. A mistura não deu certo”. “Brasileiros são pessoas encantadoras, mas são incuravelmente preguiçosos... é uma colossal falha da humanidade”.

Era assim que o mundo via o Brasil: um país bonito, exótico e até simpático, mas irremediavelmente condenado ao fracasso em virtude de seu povo mestiço. Tais concepções eram amparadas nos trabalhos de escritores como Gobineau, Le bon e Taine que procuravam mostrar uma relação entre os atributos físicos e morais fazendo da “raça” um elemento definidor do futuro das nações. Gobineau que viveu no Rio de Janeiro por quinze meses chegou a escrever: "Trata-se de uma população totalmente mulata, viciada no sangue e no espírito e assustadoramente feia”. O pior é que essa leitura do Brasil era obedientemente repetida por nossos intelectuais, figuras como Nina Rodrigues, Silvio Romero e João Batista Lacerda não se cansavam de trombetear “as mazelas da miscigenação”, os males das “misturas das raças”, adotando uma visão colonizada do país que condenava nosso futuro.

O mundo mudou muito no século XX e as doutrinas que reivindicam superioridade “racial” foram fragorosamente desmoralizadas tanto pela realidade quanto pela genética. O Brasil também é outro país e não foi por acaso que fomos escolhidos para sediar as olimpíadas. Em 1980, os jogos de Moscou reconheciam a URSS como superpotência global que liderava o bloco comunista. Em Seul era a vez de reconhecer o avanço econômico de um país que em trinta anos se reergueu da guerra e se tornou uma potência regional. Em 1992 foi a vez de celebrar a nova Espanha democrática e desenvolvida. A oportunidade da Grécia veio em 2004, um reconhecimento ao seu progresso e estabilidade. As Olimpíadas de 2008 na China homologaram o status de potência econômica do século 21.

A escolha do Rio de Janeiro simboliza o prestígio do novo Brasil que surge com o governo Lula, representa uma mudança da percepção que o mundo todo tem do país e coroa os êxitos de um governo que projeta o Brasil a uma posição inédita no cenário global. Os jornais estrangeiros foram bastante enfáticos no registro de nossa nova imagem perante o mundo: o inglês The Guardian sentenciou que o Brasil será “superpotência global”, o Financial Times reconhece a emergência do país afirmando que o Brasil é decisivo nas rodadas de negociações internacionais, o americano The Christian Science Monitor cobra nossa entrada no conselho de segurança da ONU. O Wall Street Journal lembra que a escolha cristaliza nossa ascensão política e econômica. Enfim o planeta reconhece a nova condição internacional que só pode ser entendida como decorrência das mudanças que o país atravessa e como resultado de uma política externa que não se apequena diante do mundo.

O comovente e histórico discurso do presidente Lula em Copenhague sintetizou em pouco mais de seis minutos todas estas mudanças e o novo orgulho de ser brasileiro: “Olhando para os cinco aros do símbolo olímpico vejo neles o meu país, um Brasil de homens e mulheres de todos os continentes: Americanos, europeus, africanos, asiáticos todos orgulhosos de suas origens e mais orgulhosos de se sentirem brasileiros. Não só somos um povo misturado, mas um povo que gosta muito de ser misturado. É o que faz nossa identidade, digo com toda a franqueza chegou nossa hora.”

Artigo publicado no Monitor Campista

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Bicicleta: uma alternativa viável e correta

No ultimo dia 19 de setembro, em São Paulo, realizou-se mais uma versão do “desafio intermodal”. Tendo como referência a proposta de ambientalistas e urbanistas de se instituir anualmente o “Dia mundial sem carro” na data de 22 de setembro, o tal desafio se realiza há alguns anos e consiste em comparar o tempo gasto por usuários de diferentes meios de transporte para percorrer um mesmo trajeto. Na versão deste ano, o primeiro participante a chegar ao fim do trajeto pedalava uma bicicleta! O ciclista chegou ao fim do percurso antes de um motociclista e de um helicóptero.
Prova de que a bicicleta está na vanguarda de um planejamento urbano que considere a crise em curso no mundo contemporâneo, que não é apenas econômica, é também – e talvez seja sobretudo – uma crise ambiental. Vivemos numa conjuntura onde o excesso no consumo faz com que mesmo pessoas mais sensíveis a causa ambiental extrapolem o limite do que seria razoável consumir num contexto de desenvolvimento sustentável. Há um descompasso entre a produção capitalista demandada e o desejável em termos de equilíbrio ambiental. Muitos dos ativistas que partem desta premissa apontam o transporte urbano como um dos principais fatores de poluição ligados a esta lógica.
O carro, símbolo de ascensão social e de “independência”, utilizado cada vez mais de forma individualista, é o principal vilão entre os veículos poluidores, além de o aumento do volume da frota em circulação trazer transtornos a ordem e ao planejamento de cidades grandes e de médio porte.
A realidade de Campos se adequa bem a este debate. Aqui, pela cultura e topografia local, parece pertinente inserir uma tendência em voga na Europa, onde o uso a bicicleta tem sido recuperado como alternativa aos veículos poluidores. Tal debate aliás já existe entre amantes da bicicleta, urbanistas e empresários que, apoiados por instituições como IFF, UCAM, FAFIC e ISECENSA, planejam para breve um seminário onde essa discussão seja travada considerando a perspectiva local. Espero que governo local possa estar atento a esta iniciativa. A questão do transporte urbano vai além da passagem a R$ 1,00.

Artigo publicado na edição de hoje da Folha da Manhã.

Boladas

Arerê!
Além de inúmeras atividades militantes, paternas, profissionais e particulares que impedem a dinâmica regular deste blog, confesso que uma certa desconfiança fez com que esse assunto tenha ficado fora da pauta há tempos.
Mas agora, no momento em que, depois da leitura do Lance - durante exercício na ergométrica - volto a vestir minha "papagaio-de-vintém" carinhosamente guardada no armário há semanas após um belo banho matinal, sinto a alegria e o orgulho habitual para voltar a sorrir e crer na classificação do rubro-negro para a libertadores 2010, e há boas razões para isso:

1- A defesa se arrumou. A companhia de Alvaro fez muito bem ao bom Angelim e, bem protegido, Bruno, voltou a boa fase e há seis jogos não vai bsucar a bola nas redes.
Ontem, mesmo sem a segurança da zaga titular, o time não teve problemas nesse setor e manteve a invencibilidade e a sequencia de jogos sem sofrer gol;
2- O Imperador! E aqui não há muito o que comentar. Artilheiro do campeonato e solução para o incômodo problema de falta de gols dos atacantes que marcou o time no carioca, apesar do título;
3- A melhora no desmpenho de jogadores como Petkovic - bem melhor no Fla do que nos tempos de Flu, Atlético e Goiás - Leo Moura, Zé Roberto, Fierro e Evérton. E a expectativa do retorno de Juan a forma, voltando a ser mais uma excelente opção do mengão para atacar pelas alas;
4- A campanha do segundo turno. Lembra muito a campanha do segundo turno de 2007, comandada por papai Joel. Mérito do Andrade. Com seu jeito manso e sua habitual elegância e inteligência, o craque, que fazia o simples de forma genial e eficiente nas quatros linhas, mostra que amadureceu muito com as experiências treinando equipes de base e como auxiliar técnico. É uma realidade. Um treinador maduro que mantém a tradição do Mengo em buscar boas soluções "caseiras" para o sucesso, como já foi com Zagalo e Carlinhos em outras ocasiões.

Por tudo isso a nação - que protagonizou ontem o maior publico do Brasileirão - voltou a sorrir. Os próximos jogos com Vitória e São Paulo envolvem grande expectativa. O Fla precisa vencer para alcançar o G-4, mas não terá Adriano, a serviço da seleção. Espero que o discreto Tromba tire mais um coelho da cartola.

Azul
No sábado o Goyta, mesmo jogando mal conseguiu mais três pontos e segue na ponta - ao lado do Sendas - da fase final da segundona carioca.
Quarta o jogo é fora, conta a Portuguesa, tradicional adversário e um dos concorrentes às duas vagas em disputa. Um empate já está de bom tamanho. Se beliscar uma vitória como contra o América melhor. Dá-lhe Goyta!

Ansiedade?
O Gustavo Carvalho também há tempos não escreve aqui sobre o Vasco. Nas ultimas rodadas o time caiu de rendimento segundo o professor Luciano D'Angelo, outro ilustre vascaíno.
Conversei rapidamente esta semana sobre a derrota para o Figueirense com o Professor Ricardo Antonio - também apaixonado cruzmaltino. Ele concordou comigo que a ansiedade deve estar atrapalhando. O Vasco, a nove pontos do acesso matemático, caiu de produção. No sábado a chuva atrapalhou - lembrei do jogo do Mengão contra o Inter - contudo, o Vila Nova ajudou segurando um empate com o guarani no Brinco de Ouro.
Xô vice
Agora, oito pontos separam o Vascão da série A. Dorival precisa acalmar e organizar o time rumo a este objetivo já. Mas o professor Ricardo me fez a mesma observação do taxista Pingo - destacada aqui há meses. Não basta o acesso. Os vascaínos querem o título. Nada de vice.

Relicário...

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Cultura, literatura e idéias...

Amanhã em Niterói!Abraço e sucesso para o meu irmão e colaborador Gustavo Carvalho, para o querido Guilherme "Lery" Carvalho e para o gente boa Cícero nesse empreendimento!

O brasileiro e seu duplo

Nesse último domingo (04/10/09) o jornal Folha de S. Paulo dedicou um caderno Mais inteiro para divulgar e debater uma intrigante pesquisa de opinião nacional (Datafolha realizada entre 4 e 6 de agosto). Dois padrões opinativos surpreendentes são destados da análise dos dados brutos: a homogeneização de opinião dos brasileiros (independentemente de renda, escolaridade, religião, sexo, etc) e a desconfiança pública e generalizada com relação ao "outro" (compatibilizado com o elevado padrão moral da auto-avaliação dos indivíduos)! Ou seja, corrupção é um assunto do "outro", uma espécie de duplo criado pelo sado-masoquismo nacional e que emerge naquelas frases do senso comum que iniciam por "O brasileiro é assim ... ". Para a maioria da população entrevistada o ordenamento de suas respostas sobre o fenômeno da corrupção tem como resultado: trata-se de algo que ocorre no setor público, no governo (43%), é identificado como falta de ética (21%), com roubo de dinheiro (19%), etc. O emérito professor-pesquisador Wanderley G. dos Santos argumenta: "O principal objeto de interpretação consiste na variação de frequência nas respostas dentro de cada e entre as variáveis (sexo, renda, escolaridade etc.). (...) Mas precisamente aí é que sobressai a convergência normalizadora, antes da divergência derivada da autonomia individual." Na questão da assimetria entre a auto-percepção ética e condenação moral do "outro" na vida pública (discutidos pelo pensador Renato Lessa), nos posicionamos como um monstro filosófico: na consciência pessoal somos kantianos rigoristas morais, na consciência pública somos hobbesianos (no estado natural de nossa vida pública, eles, os brasileiros, são "lobos" que se devoram). W. G. dos Santos finaliza sua reflexão com um questionamento: "Duas questões decorrem da interpretação que ofereci. 1ª: quais são os grandes normalizadores da sociedade democrática brasileira contemporânea? (...) 2ª: em uma democracia, quais são as consequências políticas de uma sociedade sociologicamente normalizada? Tribuna livre."

domingo, 4 de outubro de 2009

Adios a "La Negra"