sexta-feira, 3 de abril de 2009

"Sou candidato à vera."

Foi com empolgação que ouvi essa declaração do Prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, na noite de segunda-feira, na Câmara Municipal de Niterói.
E mais, fiquei impressionado com o discurso afiado e habilidoso do pré-candidato petista. Serenidade e cautela contra o discurso falso e leviano que tenta indispor o candidato mais viável da seção fluminense do partido com a direção nacional e a nossa pré-candidata a sucessão de LULA, Dilma Roussef; precisão e firmeza no diagnóstico das limitaçãoes do governo do aliado Sérgio Cabral (PMDB), composto inclusive por quadros do PT.
O fato é que, como destacou o Deputado Chico D'Angelo (PT-RJ) em sua intervenção no debate, táticas, estratégias e composições à parte, o PT nesse momento não abre mão da hipótese de candidaturas próprias em vários Estados onde não tem tanta tradição de potencial eleitoral. É claro que só as convenções eleitorais definem o quadro, lá em 2010. Mas seria incompreensível a precipitação do governador do RJ no sentido de buscar uma reserva antecipada do apoio petista no Estado, não fosse claro seu desespero pelos modestos índices de popularidade de sua gestão.
Ora, na Bahia a situação é inversa. E frente aos ataques do Ministro Geddel ao nosso governador Jaques Wagner ninguém diz que ele quer desagregar a aliança governista no plano nacional, tampouco ele parece perder prestígio no governo federal. Por que nós, entusiastas da candidatura própria do PT fluminense aceitariamos essa pecha?
A apresentação de uma alternativa viável à Cabral ameaça interesses da direção nacional e da pré-candidatura Dilma, ou de setores hegemônicos no Diretório Regional que participam do governo e tem interesses eleitorais imediatos que podem ser facilitados pela máquina do mesmo?
Lindberg ponderou que não quer ser embaraço para a manutenção do projeto nacional em curso, mas, assim como eu, não acredita que sua candidatura será um constrangimento para Dilma. Se a candidata é boa - e é - natural e positivo que tenha mais de um palanque em alguns Estados.
Com prudência e moderação, Lindberg evitou em sua intervenção atacar o governo Cabral, reconhecendo, assim como também fez Godofredo Pinto, algumas parcerias do pemdebista com Prefeitos do PT. Contudo, não deixou de mencionar suas limitações, sobretudo em dois aspectos: segurança pública e educação!
Com relação ao último aspecto, remeteu à bem sucedida experiência do programa bairro-escola em, N. Iguaçu e destacou a prioridade para o ensino integral.
Criticou o abandono dos CIEPs e os salários dos professores da rede estadual, após dois anos de governo Cabral.
Ao final do evento, ao cumprimentar o companheiro, falamos sobre a possibilidade de agendar uma visita sua a Campos no próximo mês. Ele ficou animado. Tenho certeza que seu discurso há de entusiasmar quadros relevantes que, oportunamente, estão retomando a militância partidária no PT local.

FOTO: Tiago Cortes

Clássicos

Semana passada, um café com o Professor Luciano D'Angelo ensejou uma sugestão cinéfila do querido amigo. Surpreso pelo blogueiro confessar que ainda não havia assistido ao clássico Lawrence da Arábia - casualmente na tela de sua TV, num canal de filmes - enfatizou que se tratava de uma lacuna indesculpável.

Dias depois, ao desembarcarmos juntos na segunda em Niterói, dei de cara com outro clássico, Casablanca, este oferecido numa coleção promocional da Folha de São Paulo. Lawrence da Arábia não está na relação de clássicos da tal coleção do periódico, mas está na minha lista de filmes a serem assistidos em breve, assim como o outro clássico aqui citado, que adquiri para rever.
O bloguinho recomenda.

Morre um símbolo

Nosso colaborador Gustavo Lemos envia por e-mail registro da morte do ex-Deputado Marcio Moreira Alves, no início da noite de hoje, no Rio de Janeiro.


Moreira Alves, um personagem simbólico da repressão promovida pela ditadura militar na década de 1960, foi cassado por um discurso que fez na Câmara, sugerindo um boicote às comemorações do Sete de Setembro de 1968. Além de sua cassação, o discurso produziu o AI-5, servindo de pretexto ao famigerado ato de exceção.
Ele, que antes do agravamento de seu estado de saúde retomara ativa carreira jornalística e escrevia colunas e matérias políticas em O Globo, morreu de falência múltipla de órgãos no hospital Samaritano, onde estava internado desde outubro, após sofrer um AVC.

Na FOTO, de seu sítio pessoal, em Cuba, com o Ministro da Fazenda Che Guevara, o escritor Rubem Braga e o ex-governador de São Paulo, Jânio Quadros, em 1960.

Vergonha!

Coube ao Senhor Delair Dumbrosck, presidente em exercício, ser o porta-voz de uma das mais vergonhosas declarações da gloriosa história do Clube de Regatas do Flamengo.
Este senhor admitiu ontem que o clube abre mão da mais antiga e sólida parceria do futebol brasileiro, rompendo contrato de patrocínio de mais de 25 anos com a Petrobrás.
E por que? Por que a proposta da petrolífera não foi vantajosa? Por que não havia interesse da mesma em renovar o contrato? Encontraram uma proposta melhor de empresa com presença tão firme quanto ela no mercado?
Não. Simplesmente porque o Senhor Presidente reconheceu descaradamente que o Flamengo não conseguiu, não consegue e pelo visto não pretende conseguir honrar seus compromissos com o fisco e garantir direitos trabalhistas de seus funcionários, dentre outras obrigações para com a União.
No mesmo dia, talvez sem saber da notícia, o meia Felipe Melo, prata da casa e atual titular da seleção brasileira - autor de um dos gols na partida de quarta contra o Peru - fez a seguinte declaração:

"A administração do Flamengo é amadora. Pergunte ao Zico, que é uma pessoa séria e do bem, se ele seria técnico ou presidente do Flamengo com a gestão que lá está."

É isso. O clube de maior torcida do mundo deixa escapar sem qualquer bônus os muitos craques que forma por uma incapacidade crônica de se planejar, cumprir suas obrigações e lucrar. E abre mão de um patrocínio que deve ser invejado pelos outros 19 clubes da série A, numa confissão pública de culpa e de má fé.
Algo tão vergonhoso, que não deveria ter sido anunciado pelo Senhor Delair - não que ele não tenha responsabilidade nisso tudo - mas pelo maior símbolo da incompetência e dos vícios na gestão do mais querido: Kleber Leite. Só não concordo com Felipe Melo de que se trate de amadorismo. Para sonegar, promover negócios pouco transparentes e ter lucro em seus empreendimentos particulares - muitos deles no mercado da bola - eles são muito "profissionais"!
No domingo, o Fla vai a campo, após 25 anos, com a chamada "camisa limpa". Confesso que prefiro assim, mas as logos do óleo Lubrax e da BR distribuidora já estavam assimiladas ao visual do manto sagrado. Vai ser duro conviver com logomarcas coloridas de biscoitos, laticínios, eletrônicos ou operadoras de telefonia - opções da hora. Marcas que nem mesmo têm o apelo nacionalista da Petrobrás. Vai ser um horror. Como sou um romantico cuja camiseta preferida na coleção é uma recém adquirida réplica da mítica papagaio-de-vintém, convoco os rubro-negros a adererirem à onda retrô e rejeitarem essas excrecências que hão de poluir visualmente nossa tradição. Pela manutenção das "camisas limpas", ao menos nas arquibancadas!!!


Leia a nota oficial emitida na noite de ontem sobre a pouca vergonha da diretoria rubro-negra.
"Conforme anunciado hoje (quinta-feira) pelo Clube de Regatas do Flamengo, o contrato de patrocínio com a Petrobras não terá continuidade em 2009.
Como sempre foi do conhecimento do Flamengo em todos esses anos de parceria, durante toda a negociação foi colocada a necessidade de regularização fiscal do clube, exigência esta da legislação brasileira para todos os patrocinados pela Petrobras ou demais instituições federais.
A Petrobras foi pega de surpresa pelo anúncio feito pelo Flamengo, já que, como acordado, estava aguardando a regularização fiscal do clube para efetivar o novo contrato, que teria a validade de um ano a partir da data de sua assinatura.
A Petrobras lamenta o ocorrido e destaca a satisfação de ter realizado a mais longa parceria do esporte mundial".

quinta-feira, 2 de abril de 2009

La dolce vita...

Homenagem do blog à divas que inspiram muita gente boa - e abastada, não só nessa planície.
Divertida canção de Seu Jorge que animou a "corrida à escolas" que levou este blogueiro ao interior do município na última quarta.

Estatuto do torcedor?

A semana corrida, com rápida incursão a Niterói na segunda, compromissos profissionais, sindicais e até mesmo breves momentos especiais e agradáveis me impediram de escrever antes sobre esse assunto.
Mas não dá pra passar em branco, ou melhor, sem rubro-negro, a passagem do Mengão pelos gramados goitacazes - no caso "americanos" - após mais de cinco anos de ausência do mais querido nestas plagas.
Por razões diversas.
Primeiro pela maravilhosa manifestação de amor da apaixonada galera do Fla. Numa noite de terça, chuvosa e com extrema dificuldade para adquirir ingressos... mais de oito mil rubro-negros "invadiram" o Godofredo Cruz e apoiaram o Fla contra o bom time do Americano. Que força da natureza é essa torcida! De parabéns a seção goitacá, ou GoytaFla, da Nação!
Mas, infelizmente, a nota não pode se ater apenas ao lado positivo do retorno do Mengão à cidade.
É que alguém se esqueceu de apresentar o Estatuto do torcedor ao Presidente César Gama e à sua diretoria.
Os problemas já se anunciavam pela indefinição da FERJ em confirmar a data e o local do jogo com antecedência. Há algumas semanas atrás ninguém sabia se o jogo Americano X Flamengo seria mesmo em Campos. Isso certamente impediu venda antecipada e organizada de ingressos para a partida. Era previsível a ansiedade da torcida após tão longa ausência do Mengão por aqui.
Confirmada a partida para o dia 31, foi difícil adquirir os mesmos na manhã de terça. Soube que na véspera - estava em Niterói - foi relativamente fácil compra-los em postos de venda credenciados. Festa dos cambistas. Na manhã de terça, enquanto centenas de torcedores disputavam o que havia de carga nas bilheterias do estádio do Americano, eles ofereciam fartamente ingressos no calçadão, com ágio que variava de 50 a 100% do valor oficial dos bilhetes. Mas o pior estava por vim. Às 18:45 - quarenta e cinco minutos antes da partida começar - milhares de torcedores com ingresso tentavam com muita civilidade se organizar espontaneamente em filas gigantes para ter acesso ao estádio pelas poucas opções de acesso oferecidas. Às 20:00, este blogueiro e centenas de outros pagantes - muitos com apaixonadas crianças ansiosas para ver de perto nossa paixão maior - permaneciam do lado de fora, "barrados no baile" - do vermelho-e-preto. Inevitável a indignação, a revolta e a tensão. Só então a PM foi chamada a organizar o acesso dos maltratados torcedores. Após um instante de quase conflito, o efetivo comandado pelo oficial Átila conteve a adrenalina e negociou conosco o acesso às oceosas sociais do time local, que se deu de forma ordeira e tranquila. Por sorte, pudemos, enfim, acompanhar a razoável atuação do Flamengo em seus melhores momentos, na segunda etapa de jogo. Soube depois que alguns torcedores que desistiram do acesso conseguiram a devolução do dinheiro, informação que carece de confirmação.
O fato é que nunca foi tão difícil entrar no Godofredo Cruz. Sempre fui lá ver o Flamnego jogar. De 1997 à 2003 fui a todos os jogos entre Americano e Fla realizados na cidade, muitas vezes aos domingos, e posso afirmar que nunca houve a desorganização desta semana. Parece que as obras realizadas pelo clube campista em seu estádio não melhoraram em nada a acessibilidade - talvez tenha piorado!
Fui entrevistado pela reportagem da InterTV ao conseguir chegar às arquibancadas. Tive minha indignada declaração no calor do momento, criticando o mandante do jogo contestada pelo supervisor do clube, que alegou rigor no cumprimento da carga máxima de nove mil ingressos para o jogo. Ora, então houve uma "farra do boi" no acesso de não-pagantes - ou algum outro "problema". Pois lá certamente havia mais de nove mil pessoas lotando todo o anel de arquibancadas do estádio, à exceção do canto esquerdo no limite com o Salesiano, que permanece interditado, apesar de tantas obras e laudos da defesa civil.
O Americano teve toda razão ao reclamar no ano passado o regulamento que garantia aos "grandes" o direito de não jogar no interior. Mas precisa se planejar e organizar para receber com conforto e dignidade os torcedores pagantes em uma partida desse porte.
Ao fim e ao cabo, com todo este calvário para entrar e a sucessão de gols perdidos pelo time no segundo tempo, valeu a vitória suada que deve levar o Fla para as semifinais da Taça Rio.
Apesar do gramado pesado, Erick Flores jogou bem e deixou boa impressão mesmo sem muito brilho. É promissor.
Ah, e quanto a absurda contestação do penalti, me recuso a polemizar diante de tanta desfarçatez. Basta dizer que o lance não seria válido nem no voley. O atleta do alvi-negro campista carregou a bola tão acintosamente com o braço que seria apontada "condução"...
Saudações rubro-negras!!!

Altitude

No traço do Junião.

Debate no IFF hoje

O Marcel Cardoso, do DCE do IFF confirma para logo mais, às 19:00, no Auditório Cristina Bastos do IF Fluminense, o Debate "Crise Financeira e seus reflexos nos movimentos sociais" já anunciado aqui no bloguinho. Os palestrantes convidados são o economista e professor da UFF e da FDC, Paulo Sanguedo, Juvenal Rocha, coordenador da CPT local e Daniel Iliescu, presidente da União dos Estudantes do Rio de Janeiro (UEE/RJ).

Com Lindberg

O blogueiro com Luciano D'Angelo, André Diniz e Lindberg em evento que debateu o papel do PT nos rumos da política fluminense, na segunda-feira, em Niterói.
Mais tarde, após as aulas da manhã, um post sobre os debates lá travados!

FOTO: Tiago Cortes.

Coerência?

O manganão aí na foto é o Deputado estadual Rodrigo Neves (PT). O jovem parlamentar se insurgiu na semana passada contra a possibilidade de um entendimento entre o PT de Niterói e o Prefeito do município Jorge Roberto Silveira.

Contudo, recentemente, o mesmo deputado fez um giro pelo interior fazendo profissão de fé aliancista em defesa de Cabrazinho Vergonha do Papai. Em Campos, foi recebido pelo militante Helio Anomal e circulou pela imprensa sugerindo uma versão - na qual não vejo sentido - de que uma candidatura própria petista ao governo do Estado contrariaria os interesses da candidatura de Dilma à presidência.

Difícil compreender como um parlamentar tão aliancista no plano regional, condena em Niterói a hipótese de composição do PT com uma administração de quem o partido se relaciona intensamente na última década naquele município. Godofredo foi vice de Jorge Roberto antes de assumir a Prefeitura. Muitos quadros da gestão municipal, responsáveis pelo melhor IDH do Estado, circularam pelas gestões de ambos partidos. Lá, ao contrário da estéril composição com Cabral, há um histórico recente de colaboração política razoavelmente bem sucedido entre tais forças políticas - PT e PDT - do qual o próprio Rodrigo já foi um dia ator importante e entuasiasta, ao sabor de sua conveniência.

ATUALIZADO em 02 de abril às 08:10

Culpa dos aposentados?

Na semana passada, milhares de profissionais da educação da rede estadual do Rio de Janeiro se decepcionaram mais uma vez ao acessar seus contra-cheques na internet e constatar que, mais uma vez, a promessa do governo Sérgio Cabral em atender uma das principais reivindicações da categoria e incorporar uma parcela da gratificação "Nova escola" aos vencimentos não se concretizou.
Na verdade, na quarta-feira, dia 25 de março, em audiência pública na ALERJ, a Secretária de Estado de Educação, Tereza Porto já havia anunciado a má notícia. Alegação para mais um adiamento na medida anunciada desde outubro de 2008: dificuldades do Rio Previdência em cumprir a Lei da paridade e incorporar os valores aos vencimentos dos seus segurados.
Ou seja, o governo empurra a promessa adiante e aponta como culpadas as professoras aposentadas.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Cabral e LULA

Há uma semana atrás ouvi de um respeitado e bem informado interlocutor que há grande disposição do governador Sérgio Cabral em usar o cofre cheio, obra de seu Secretário de Fazenda, Joaquim tranca-cofres Levy – inimigo número 1 dos investimentos sociais – para reabilitar sua ineficiente gestão e viabilizar sua reeleição.
As pesquisas divulgadas ao longo da semana confirmam a necessidade de tal atitude. Apesar da liderança, o patamar de aproximadamente 20% das intenções de voto é pequeno para quem pleiteia uma reeleição. Muitos governadores na sua mesma condição chegam ao dobro destes números. Na última pesquisa do IBOPE, Serra chega a 39% das intenções de voto para a sucessão presidencial.
Contudo, segundo meu interlocutor, os servidores públicos estaduais, a quem o então candidato Sérgio Cabral prometeu
mundos e fundos por meio de cartinhas atenciosas enviadas às suas casas, estariam excluídos do “saco de bondades” do governador. Mais uma vez, há contradição entre a gestão federal, com a qual o governador jura se identificar, e o governo de Cabral. LULA realizou ao longo dos últimos anos uma série de concursos públicos para diversos setores do serviço público federal. Além disso, vem recompondo os salários de diversas categorias de servidores da União que, por mais de uma década, tiveram seus salários praticamente congelados. Cabral mantém, desde que tomou posse, a política de terceirização e contratos precários em diversos setores do Estado. Além de não gostar de concurso público, também não tem uma política consistente de recuperação dos salários dos servidores.
Mas, para quem há de acusar este articulista de mover-se por mera inspiração corporativa, vale ponderar que esta não é a única limitação do governo que quer a todo custo o monopólio do palanque de LULA no RJ. A ineficiência da gestão se estende às políticas públicas de segurança e saúde, às ações sociais – onde o PT não consegue demarcar sua presença e se integra à mediocridade do conjunto da gestão – e à educação. Nesta pasta as boas intenções do ex-secretário Maculan foram substituídas pela tecnocracia, que agora acena com um pacote high-tech que não ataca os problemas reais da rede de escolas. Enfim, por falta de uma identidade, a associação do governo Cabral com a gestão de LULA parece não ir além da bajulação.


Artigo publicado na edição de hoje da Folha da Manhã.

Eu vou!

domingo, 29 de março de 2009

Crônica

A SOLITÁRIA ARTE DE SE COMUNICAR

Walnize Carvalho

Tarde de domingo.
Trancada em meu quarto leio atentamente no jornal a matéria sobre uma pesquisa que enfoca a vasta e inédita correspondência entre o sociólogo Gilberto Freyre e o escritor José Lins do Rego. Já em outra página chama-me a atenção a publicação de um livro em que estão reunidas cartas do grande escritor brasileiro Machado de Assis quando... Toc!Toc! Toc! As batidas na porta interrompem minha leitura.
A neta, que acabara de chegar, comunica que irá usar o computador. Tento segurá-la um pouco e puxando conversa pergunto-lhe: - Não vai ao cinema, nem ao shopping? E ela: - Vou no MSN! E eu, demonstrando conhecimento: - Vai bater papo com as amigas? – Sim, vó! – responde-me. E eu, demonstrando interesse no mundo virtual, recebo dela uma enxurrada de informações: MSN, Orkut, Skype, WebCam – as mais variadas formas de comunicação.
A adolescente sai deixando a porta entreaberta o que dá para que eu ouça o Plim do seu celular e, em seguida... Tec! Tec! Tec! Sinalizando que acabara de receber um torpedo e está retribuindo.
E retornando à internet leva um bom tempo (talvez hora e meia) conectando “seus amigos em comum e comunidades”.
E não sei se é por causa das matérias sobre correspondências, ou se é pelo Outono (tida como estação melancólica) sou invadida pelos meus “ismos”: saudosismo e romantismo (e olha que já nutro até certa simpatia e amizade pelo meu computador).
Mas... lembro-me do hábito salutar de escrever e responder cartas. A ida aos Correios. Selo. Cola. E depois... A espera do carteiro. O abrir apressado do envelope e o reconhecimento da autoria através da letra desenhada.
Recordo-me do relato dos mais saudosistas sobre cartas em papel cor de rosa ou em folhas de seda. Muitas com leve fragrância de perfume, algumas com pétalas de rosa e até as que traziam marcas indeléveis de batom (vermelho carmim) impregnadas de paixão. Todo um ritual de comunhão e sutileza.
Anoitece.
Pela fresta da porta a luz azulada da tela do computador reflete o rosto da menina.
Eu – a meu canto – encerro o domingo assistindo em DVD “O Carteiro e o Poeta”.


Crônica publicada na edição de 29/03 do Monitor Campista.

Do sítio do Sindipetro-NF

Fim da greve e aprovação do acordo no NF28/3/2009 - 01:41

A assembleia do turno de zero hora do Terminal de Cabiunas aprovou os indicativos da Fup e do NF de aprovação do acordo e suspensão da greve. Foram 21 a favor, 4 contra e 1 abstenção. Esse resultado completa a votação da base do NF, definindo a aprovação dos indicativos.

Parabéns aos companheiros petroleiros pelas conquistas alcançadas garças à mobilização e a luta. A alguns comentaristas anônimos que adoram esse blog, vale lembrar que o Sindipetro não precisa "correr as plataformas" diariamente para animar sua base. A luta se constrói com a participação ativa e cotidiana da combativa categoria. Fica o exemplo.

Fla com cara de Fla e Resende com cara de Resende

Por isso o futebol é apaixonante - e nem vou falar da atípica virada do Fluminense em 19 minutos, com um a menos, pondo fim a sete partidas e dois anos sem vitória no Clássico Vovô.
Falarei do mais querido.
O mesmo adversário que iniciou o calvário rubro-negro rumo ao descrédito e à incerteza, foi o adversário da remissão e da esperança. Da confirmação do reencontro da equipe com o futebol ofensivo, com a confiança e com os gols.
Hoje, ao contrário daquele melancólico sábado de Carnaval - que por vários motivos desejo esquecer - o Flamengo teve cara de Flamengo e o Resende teve cara de Resende. "Cada um no seu quadrado."
A emoção está de volta. O reencontro do Mengão com a galera campista não poderia ser mais oportuno!