segunda-feira, 8 de junho de 2009

Que Fazer?

Na última sexta-feira mais uma mega operação policial – desta feita protagonizada pela polícia civil fluminense – expôs traços lamentáveis da política em Campos ao longo das últimas décadas. A operação Alta tensão revela, em diversas evidências apontadas pelas investigações, práticas já indicadas pelas operações Telhado de Vidro e, mais recentemente, Cinquentinha, da polícia federal.
Independentemente de imputar a priori responsabilidades aos chefes do Executivo – recentes e atuais, que são, no mínimo, ineptos por permitirem e fortalecerem em suas gestões a presença de notáveis “quadros políticos” indiciados por práticas nada republicanas – cabe constatar que – ao contrário do que se depreende da mais recente opção eleitoral dos cidadãos campistas – não há “mudança” alguma no modus operandi que viceja há vinte anos na política local. Isto fica latente se observarmos o dinâmico deslocamento político de indiciados nas operações citadas entre os grupos que se enfrentaram no segundo turno de 2008.
Assim, considerando a presença de uma mesma gênese nos grupos políticos que polarizam a disputa recente pelo poder local, o título do artigo – que poderia ser também uma clássica indicação bibliográfica, aliás sempre oportuna – quer provocar uma séria e complexa reflexão, voltada para a ação efetivamente republicana e transformadora na política local.
Decerto boa parte da sociedade verá este texto com desconfiança, ainda que muitas frentes eleitorais construídas recentemente por aqui recorram à idéia de “mudança”: Mudar de Verdade, Verdadeira mudança, Muda Campos 2. Ao fim e ao cabo, criadores e criaturas se alternam no poder e trocam acusações mútuas que se revelam consistentes a partir de operações e manchetes policiais.
Ao PT, partido que conduz experiência transformadora e bem sucedida na gestão da República, e que retomou neste ano a presença no parlamento local – historicamente relevante e combativa, a partir dos mandatos de Antonio Carlos Rangel e da saudosa Ivete Marins – não cabe o papel de linha auxiliar de qualquer um destes grupos. A renovação da direção partidária prevista para novembro cria momento oportuno para um debate estratégico sobre como afirmar o partido enquanto protagonista na difícil tarefa de implantar aqui um outro modelo de gestão, comprometido com a ética, a democracia e o desenvolvimento para todos os cidadãos.

Artigo publicado na edição de hoje da Folha da Manhã.

Obs. O título do artigo, uma referência sutil a obra de Lênin, foi ligeiramente alterado na edição do matutino.

3 comentários:

Anônimo disse...

EXCELENTE O TEXTO DO FÁBIO; NÃO É NOVIDADE: SIQUEIRA ESCREVE MUITO BEM.

Texto bom lembra texto bom!

Os textos do Fábio me trazem à mente os artigos de uma pessoa muito querida para nós: Lenílson Chaves.

Os artigos do Lenílson foram publicados(Monitor Campista) numa época muito complicada em termos de política.

Lembro dele indo à minha casa, férias, verão(Grussaí); mostrou-me os originais e pediu para eu fazer a revisão gramatical.

Várias tardes nos encontramos para tomar suco de uva...

Um dia, ele levou a capa do livro. Eu falei: igual a Cristo. Ele disse: prefiro Gonzaguinha.

Tive o prazer de ler naquele janeiro os originais do livro e, sobretudo, tive a alegria de conviver com o Lenílson, sempre com a esperança de se recuperar.

Lançou o livro na Bienal e disse que tinha um sonho: queria que toda a cidade vivesse em torno de livros.

O Fábio Siqueira cumpre hoje esse papel: registrar de maneira crítica e sensata o nosso momento.

Se não for ele, será outro; que seja ele.

Desejo(novamente) ao Fábio sucesso. Nós precisamos de pessoas iguais a ele ocupando os espaços.

O Monitor não era melhor que a Folha, mas tinha Lenílson. Isso já fazia toda a diferença.

Anônimo disse...

Muito bom o texto! Parabéns Fábio! Você poderia divulgar mais o trabalho do vereador petista Renato Barbosa, que vem fazendo uma oposição responsável. A mídia "comprada" quando fala em oposição, só descreve a atuação de Marcos Bacelar. O PT continua vivo em Campos e acredito na força de seu blog para crescer ainda mais.

FÁBIO SIQUEIRA disse...

Já há um entendimento com o Vereador Renato Barbosa para uma entrevista aqui. Está inclusive atrasada essa iniciativa por limitações do blog. Aguarde para breve.

Agradeço pela generosidade dos comentários.
Estamos na luta - apesar do preço que se paga.
"Hasta la vitoria"!