Confesso que não fui um aluno brilhante nas cadeiras da licenciatura, cursadas na Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense, em Niterói. Contudo, de volta a esta planície, ao me ocupar com o exercício do magistério, me considero um educador dedicado, atuando ao longo da última década no ensino básico em escolas da rede pública e privada do município – na verdade, cabe a algumas centenas de ex-alunos que já acumulo a melhor avaliação sobre o desempenho desse mestre.
É com essa modesta experiência que me arrisco a entrar num debate onde minhas colegas pedagogas têm muito mais propriedade para opinar. Não obstante, todos nós, professores, independente da disciplina que lecionamos, começamos agora a sentir na pele os efeitos da polêmica que este artigo quer abordar: as alterações no calendário letivo a partir da suspensão das aulas, determinada pela epidemia de gripe suína.
Muitos “sábados letivos” estão previstos para cumprir a intransigente norma determinada pela LDB de 1996 que prevê 200 dias letivos. Advogo aqui a necessidade de alterar esse aspecto da Legislação, flexibilizando esse numero de dias letivos em situações excepcionais como essa, verificada no ano em curso. E creio haver bons argumentos nesse sentido. Ou haverá tanta hipocrisia a ponto de negar que a frequência às aulas nos sábados provavelmente será inferior a das aulas que tivessem sido ministradas no período regular, onde aulas foram suspensas?
Não quero transgredir a ética, mas é fato que em função de dinâmicas, planejamentos e realidades distintas, que caracterizem professores e escolas diversas, alunos de uma mesma série podem ter desempenhos distintos cursando o mesmo número de dias letivos. Também poderia questionar se, passados quase quinze anos da aprovação deste quantitativo de dias letivos, a qualidade do ensino melhorou sensivelmente no Brasil? Particularmente, creio que a desejada melhora da educação no Brasil – e as conseqüências benéficas desse fato pra nossa sociedade – temas priorizados pelo Senador Cristóvão Buarque na ultima eleição presidencial, depende muito mais de investimentos em infra-estrutura e valorização do magistério do que da quantidade de dias letivos.
Sei que o assunto é polêmico e que essa provocação elementar pode ser contestada por autoridades em educação. A intenção é apenas suscitar o debate para que a questão possa ser discutida as claras, e que em circunstância semelhante, outras alternativas sejam previstas para a garantia do aproveitamento do ano letivo, ao invés de um calendário de “reposições” que significa um “castigo” sem razão de ser para alunos e professores.
Artigo publicado na edição de hoje da Folha da Manhã.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
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Um comentário:
Excelente espaço para reflexão, voltarei com mais calma.
saudações Florestais !
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