Recebi agora há pouco, por e-mail, da Aucilene - colaboradora "virtual" do blog - este belo texto sobre Benazir Bhutto, ex-premier e líder da oposição no Paquistão, assassinada ontem após um comício na cidade de Rawalpindi. Benazir era uma forte candidata nas eleições parlamentares do próximo dia 8 de janeiro e tinha chances de voltar ao cargo de primeira-ministra.
Tenho uma amiga que, atualmente, mora em Washington. Foi a trabalho, casou-se por lá e nos falamos sempre, desde que ela me descobriu pela rede NETLOG. Só aí fiquei sabendo de sua vida após os anos que convivemos e trabalhamos em Macaé. Assistente Social como eu, ela viaja muito com o marido, que vive fazendo palestras ali e acolá. É feminista, atua em um programa de incentivo ao aleitamento materno...
Estávamos conversando, agora, sobre a morte de Benazir Bhutto, primeira mulher líder de um estado muçulmano. Apesar achar que era uma morte mais que anunciada, fiquei surpresa e comovida, disse a minha amiga.
Ela foi acusada, por seus rivais políticos, de corrupção, mas isso nunca foi comprovado, pelo que sei. Me parecia, na verdade, um modelo para mulheres de países muçulmanos. A Carmem, minha amiga, me confirmou esta impressão. Disse que quando esteve em Dubai várias mulheres, de vários países do Oriente Médio, demonstraram sua admiração pela ex-primeira ministra.
Ela estudou filosofia e ciências políticas e econômicas, em Harvard (EUA) e na Universidade de Oxford (Inglaterra). Depois de oito anos de exílio (ela vivia em Dubai) tinha voltado ao Paquistão em outubro desse ano. Os comentários são que ela era ou muito estúpida (opinião do marido da minha amiga) ou muito corajosa. Eu acho que existe outro fator. Não sei... por tudo que leio e pelas conversas com amigos, penso que ela era ambiciosa... ambiciosa no sentido bom da palavra.
Me lembrei de uma conversa que tive, há anos, com um amigo professor em uma universidade na qual trabalhei, por volta de 95, quando se falava muito em "inteligência emocional" (eu detesto este conceito!) e eu dizia a ele (que tinha adorado o tal livro e me trouxera para ler) que, se todos seguissem essa cartilha, não existiriam "Leonardo da Vincis", "Van Goghs", "Virginias Woolf", "Pagus" ou até "Tim Maias" e ... "Benazir Bhuttos". Concorda? Ele lembrou que quase todos morreram miseráveis ou atormentados... Eu abriria mão de toda minha segurança e mediocridade por uma contribuição genial à humanidade, se fosse dotada de tal capacidade.
Existem pessoas que buscam mais que fama, riqueza, conforto, segurança. E são essas pessoas que fazem História. Não tem aquele ditado feminista: "Garotas boazinhas raramente fazem História"?. Acho que Benazir era uma dessas mulheres brilhantes e corajosas que sabia muito bem o risco que corria e que de burra não tinha nada. Mas é que deixar sua marca tem seu preço. Infelizmente. E ela fez tudo isso usando o véu...!
Bhutto foi assassinada ao deixar um comício e em Washington foram anunciadas as mortes de mais 22 pessoas nesse atentado suicida.
Muito, muito triste!
FOTO: Blog do Noblat
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
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Um comentário:
Mon ami Fabió,
Bush Jr feizi totô...
Mas um ponto para a bem sucedida política externa dos nossos brvaos rednecks do Norte...dá-lhe Condolezza.
Aucilene, mon coeur...fazer História não é uma questão de sexo...mas concordo com você que a História é contada pelos vencedores, e nesse caso há poucas vencedoras...mas, a pergunta que não quer calar, por que as mulheres não se alistam na infantaria e pedem pelo serviço militar obrigatório também?
Se não fica fácil, não é?
Um abraço a todos do Xacal.
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