Folheando a magra edição d'O Globo do primeiro dia do ano - como de praxe nessa data - pouca coisa me chamou a atenção. A princípio, apenas a decepção e o medo de Paulinho da Viola frente a violência que vitimou a ele, à bela atriz Helena Ranaldi e a mais algumas dezenas de cidadãos na virada do ano na Cidade Maravilhosa. Para quem gosta do Rio como eu é triste ver que um cara que é a cara da cidade como o Paulinho está pensando em se mudar por conta do esgarçamento social na Cidade Partida, problema aparentemente insolúvel!
De repente, uma notícia sobre futebol desperta o sentimento quase isolado deste contribuinte desde que a CPMF virou polêmica nacional e que seu fim foi comemorado efusivamente por parcela expressiva da classe média. É bom lembrar que conforme já pontuou Xacal, editor-chefe d'A TroLha, apenas 28% dos recursos da CPMF eram recolhidos junto à classe média! Este segmento na verdade teria, como eu tenho, muito mais razão para reclamar do governo com relação à tabela do Imposto de Renda e a resistência a implantar o "imposto progressivo" no Brasil, criando aliquotas elevadas para grandes fortunas.
Você sabe por que Ronaldinho gaúcho está para deixar o Barcelona, clube para o qual ele já fez juras de amor e pelo qual se tornou campeão europeu e foi por duas vezes eleito o melhor jogador do mundo? Engana-se quem pensa que tem algo a ver com seu estado atlético, motivação ou problemas com o técnico holandês Rijkaard. O fato é que Ronaldinho, após gozar uma isenção parcial concedida pelo governo espanhol por seis anos a estrangeiros detentores de altos salários, como forma de atrair milionários para o país, está prestes a perder tal indulgência. Assim, passaria a pagar imposto de renda normal, cuja alíquota prevista para sua faixa de rendimentos é de... 43%!!! No Japão, os mais ricos chegam a pagar 50% de IR. Enquanto isso, no Brasil temos apenas duas alíquotas previstas por faixas de rendimento, o que desonera os mais ricos, que pagam menos IR que a classe média tributada na fonte - afora a sonegação!
A classe média assalariada, que se alia ingenuamente a setores empresariais e se esgoela criticando a CPMF e o aumento no IOF, em defesa desses interesses, faria muito melhor se cobrasse do governo federal a implantação do imposto progressivo no IR, com a criação de alíquotas maiores para os mais ricos e aumento da base de isentos e redução nas alíquotas previstas para as menores faixas salariais - algo que já constou na proposta do PT para reforma tributária mas foi "esquecido" por Palocci. A CPMF e o IOF ia "sair na urina"!
sábado, 5 de janeiro de 2008
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