Na última quarta-feira, atendendo a um convite do Marcel Cardoso, Presidente do DCE do IFF (ex-CEFET), estive naquela instituição para prestigiar a posse da nova direção da FEUC – entidade que representa estudantes universitários de Campos. Na oportunidade, houve uma palestra do rapper Gabriel, o Pensador, que atraiu a atenção de muitos jovens campistas. O auditório Cristina Bastos, o maior do IFF, ficou pequeno para todos os que pra lá acorreram, atraídos pelo conferencista da noite.
Apesar de conviver cotidianamente com meus alunos adolescentes, confesso que algumas reações do público chamaram minha atenção. Um descompasso entre a programação estabelecida pelo cerimonial do evento e a expectativa dos jovens que lotaram o auditório determinou um autêntico choque de gerações entre alguns oradores que antecederam o cantor – inclusive homenageados pela entidade que promovia o evento – e o público, ansioso pela palestra. Por meio de vaias e apupos, as manifestações variavam de uma irreverência militante, reveladora de certo espírito crítico – que atingiu especialmente representantes do governo municipal – à simples rebeldia vazia, “sem causa”, o que poderíamos chamar simplesmente de “bobeira”.
Gabriel não seguiu propriamente o script anunciado: Políticas para a juventude. Mas sua fala foi agradável e me pareceu adequada. De saída, ao discorrer sobre o início da sua carreira, falou das motivações juvenis militantes de sua música, e da crítica à alienação dos jovens. Ao declamar a letra de “Retrato de um playboy” deu uma lição, talvez involuntária, a jovens que, minutos antes, de forma mal educada, apupavam respeitáveis senhores homenageados da noite.
Seu discurso, carregado de referências a momentos de sua carreira e a simbologias presentes em sua obra, em formato descontraído, não abdicou da politização. Mostrou na prática como sua “pregação” pode ter influenciado positivamente homens que desde crianças acompanham sua carreira. Mensagens úteis contra a intolerância manifestada por alguns que se impacientaram esperando por ela. Espero que tenham aprendido com alguém que, a partir da promoção midiática, subverte a lógica do sistema.
Artigo publicado na edição de hoje da Folha da Manhã.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
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Um comentário:
Sugestão de leitura, o clássico russo (o 1º romance niilista da história) de E. Turgueniev: "Pais e Filhos".
Saudações vermelhas
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