sexta-feira, 17 de julho de 2009

Da Conferência Municipal de Educação

Enfim o PCCS

Destaque na cerimônia de abertura da Conferência Municipal de Educação, na manhã de ontem, no Trianon, foi o anúncio feito pela Secretária Municipal de Educação, Professora Maria Auxiliadora Freitas, de que, finalmente, vai ser convocado o grupo de trabalho responsável por sugerir mudanças no PCCS do magistério com vistas à efetiva implementação do mesmo, conforme acordado em audiência com o SEPE em 12 de maio. Segundo Auxiliadora, a Prefeita Rosinha decidiu que vai começar pela Educação o tão esperado enquadramento dos servidores municipais no PCCS aprovado em 2002.

Valorização salarial e democracia

Também merece destaque a palestra inicial da Conferência, onde o Professor Helio Coelho - pra quem não sabe fundador e ex-dirigente do SEPE - enfatizou a importância de temas tão antigos - na pauta há mais de 40 anos - como valorização salarial e democracia nas escolas para o desenvolvimento efetivo das políticas públicas voltadas para o setor em Campos hoje. As bandeiras da greve de 79 continuam na pauta atual do SEPE, apesar da rede municipal ter praticamente triplicado de tamanho, conforme constatou o veterano companheiro, do alto de seus 42 de experiência no chão da escola.

Monlevade discute com conferencistas
Os participantes da Conferência vão ter hoje a oportunidade de debater os eixos do CONAE com o experiente educador João Monlevade. Ele, que é um dos principais articuladores da Grande conferência nacional de Educação que acontecerá no próximo ano, circulará por todos os grupos de trabalho e deve participar ainda da plenária final.

2 comentários:

Anônimo disse...

Merenda privatizada...

Anônimo disse...

Um direito constitucional dos escolares

SONIA LUCENA DE ANDRADE

O PROGRAMA Nacional de Alimentação Escolar, criado na década de 1950 com a assessoria de Josué de Castro, é o mais antigo programa de alimentação do Brasil. O objetivo desse programa é atender parte das necessidades nutricionais dos alunos, contribuindo para o crescimento, o desenvolvimento, a aprendizagem e o rendimento escolar dos estudantes. Colabora também para a formação de hábitos alimentares saudáveis, além de valorizar a diversidade e a cultura alimentares.

No decorrer de sua existência, ocorreram modificações na gestão desse programa. Em seus primórdios, a própria administração pública o gerenciava (autogestão). Posteriormente, passou a admitir-se a terceirização do fornecimento das merendas. Partidários do "Estado mínimo", os defensores da terceirização sustentam que essa modalidade de gestão seria mais vantajosa para o poder público.


Haveria supostamente uma racionalização dos gastos públicos. Em alguns locais onde ocorreu a terceirização (como no Espírito Santo e no município de São Paulo), os profissionais da educação detectaram graves problemas no programa de alimentação escolar, entre os quais: baixa qualidade nutricional dos alimentos; excesso de alimentos industrializados, ricos em açúcares e gorduras (em geral, mais baratos); fraude nas licitações; aumento considerável do custo unitário da refeição; falhas na prestação de serviços; falta de vínculo com a comunidade assistida; transporte inadequado das refeições para as escolas, quando há produção centralizada delas; descaso com a opinião dos alunos; exploração do trabalho das merendeiras ou oferta de condições de trabalho precárias; sucateamento das áreas de produção; e desestruturação da economia local, principalmente da produção de alimentos em pequenos municípios.

Outro agravante é que algumas empresas que são contratadas pelo poder público, ao elaborarem o cardápio, não inserem alimentos regionais. Elas alegam que contrataram nutricionistas para adequar os cardápios à cultura local. Porém, o que se observa, na maioria das vezes, é que o parecer técnico dos nutricionistas não é seguido pelas organizações terceirizadas que os contrataram. Na prática, verificou-se que a autogestão apresenta inúmeras vantagens em comparação com o outro sistema.

Com a autogestão, os gêneros alimentícios são, em regra, comprados de produtores locais -o que contribui para o aquecimento da economia da região, bem como propicia a inclusão, nas refeições, de alimentos naturais e comprovadamente mais saudáveis. Com frequência, os pais dos alunos participam mais efetivamente da execução do programa, por meio dos conselhos. Os órgãos governamentais de controle -como o Tribunal de Contas- têm acesso a mais informações sobre essa execução e, consequentemente, a fiscalizam mais efetivamente. O gestor tem de contar com a assessoria de um nutricionista (o qual assume a responsabilidade técnica do cardápio) e, com o dever de zelar pela educação e saúde dos escolares, acaba se comprometendo mais com o sucesso do programa.

Por fim, é preciso ter em mente que a alimentação escolar é um direito humano e constitucional dos escolares e um dever do poder público. A terceirização revela omissão do Estado em cumprir seu dever, já que a alimentação dos estudantes passa a ser encarada como mera mercadoria que pode ser negociada com a iniciativa privada. Diante dos sérios problemas que a terceirização vem apresentando, conclui-se que a presença do Estado, por meio de autogestão, é necessária para garantir o sucesso do programa e sua universalização.

SONIA LUCENA DE ANDRADE, nutricionista, é professora do curso de nutrição da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). É conselheira titular do Consea Nacional (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional) e membro da diretoria da Asbran (Associação Brasileira de Nutrição).