quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Ironia?

Surreal. No mesmo dia em que a imprensa divulga detalhes da confissão do empresário Gianpaolo Tarantini à Justiça italiana, sobre a participação do premier Silvio Berlusconi em festas com prostitutas regadas a cocaína financiadas por ele, a "Justiça" brasileira, por meio de sua corte suprema, sinaliza intenção de oferecer a extradição de Cesare Battisti como um mimo para o facista cavaliere.
Este blog manifesta sua indignação com a tendência reacionária e cruel manifestada pelo STF em votação parcial na sessão suspensa na noite de ontem por um pedido de vistas do Ministro Marco Aurelio de Mello e felicita publicamente os Ministros Eros Grau, Cármen Lúcia e Joaquim Barbosa que até aqui votaram com espírito democrático e justo contra a extradição de Battisti, condenado na Itália à revelia, em processo eivado de falhas, e perseguido pelo governo de direita daquele país.

9 comentários:

Raskolnikov disse...

Véio Fascismo/fascista (vem de fascio combatimenti)! Bjs

Gustavo Carvalho disse...

É compadre, isso num país que protege torturadores e assassinos confessos sob o manto sagrado e obscurantista da lei da anistia. Como diria Foucault a essência do fascismo é a paixão nua e crua pelo poder! Isso sim é obsceno não as orgias a base de viagra e tédio do dono do milan.
Saudações Gramscianas

xacal disse...

Fábio, companheiro...muito cuidado...

Eu mesmo mantive uma tendência de apoiar a permanência do italiano por aqui...

Hoje, não tenho tanta certeza...

A verdade que o regime que julgou e condenou Battisti era democrático e vigia o Estado Democrático de Direito, ainda que naquela época, os atentados terroristas de direita e de esquerda acossassem as instituições...E pasme, na época o governo era do PCI, que enfrentou, a duras penas, a onda terrorista...mas manteve seus tribunais e o devido processo legal...Distorções podem ter acontecido, é claro...Não há ingenuidade que nos leve a defender um sistema jurídico, qualquer que seja ele, imaculado das injunções e humores políticos da população...

Mesmo assim, a Itália não cedeu, pelo que se sabe, a sanha do pânico, como assistimos em tempos de george bush....

Os erros do poder judiciário italiano devem ser discutidos pela defesa do battisti na justiça italiana, e não no nosso stf...isso é que reza o princípio da soberania, que penso eu, nos é muito caro...

As escolhas políticas dos italianos ainda podem ser consideradas democráticas, e portanto, se eles escolhem o "cavaliere", também é um problema deles...

Sugiro a leitura da Carta Capital essa semana...há bons argumentos lá...

xacal disse...

Caro Fábio,

repito o comentário, pois não tive a certeza de enviá-lo...

Eu mesmo, há certo tempo, mantive uma tendência de apoiar a permanência do italiano por aqui....

Mas alguns bons argumentos plantaram a dúvida...

Na década de 70, à época dos fatos, vigia na Itália o Estado de Direito, as Instituições funcionavam a contento, mesmo diante da onda terrorista, à esquerda e a direita, que procuravam radicalizar e desestabilizar essas instituições...

Mesmo assim, na Itália, naquela época, a despeito de algumas medidas de exceção necessárias, mantiveram-se o processo legal e a liberdade de expressão...O governo era de esquerda, pilotado pelo PCI, ícone da esquerda democrática mundial, e que oferecia alternativa às soluções de força da esquerda...

A questão que antecede a tudo isso é singular:

Não cabe a corte brasileira discutir matéria processual da corte italiana, ou seja: se houveram erros, quem decide isso é a Itália, conforme reza o princípio da soberania que tanto gostamos de invocar...

Outro aspecto é a antipatia(justificável)que nutrimos pelo cavaliere, que deve se manter no campo político...Mas há um limite: ele é o representante democraticamente eleito pelo povo italiano, e não há como fugir dessa premissa...gostemos ou não...ceder a tentação de "fazer justiça com as nossas brasileiras mãos", é abrir um precendente perigoso nas relações internacionais, ainda mais com o perfil do nosso presidente, que dá margem a tantos preconceitos(mesmo que pelos motivos e objetivos diferentes, frise-se)...

Ainda que os italianos não tenham mantido essa retidão com o caso salvatore cacciola(embora ele tenha cidadania italiana, o que não é o caso de battisti), não cabe consertar um "erro" com outro...

e no fim de tudo, lembremo-nos: battisti matou quatro pessoas...

um abraço...

Professores do CEJOPA disse...

Caros blogueiros,
Nós, professores do Colégio Estadual José do Patrocínio(CEJOPA), após reunião realizada no dia 09/09/2009, às 10h, nas dependências desta unidade de ensino, decidimos paralisar as atividades na instituição em repúdio às agressões sofridas por profissionais da educação na última terça-feira. A manifestação realizada em frente ao prédio da ALERJ, no Rio de Janeiro, contra o descaso das autoridades em relação à categoria foi reprimida violentamente, deixando 11 professores feridos.
A decisão sobre a paralisação nesta unidade foi tomada pela maioria presente na reunião, e todos os professores se dirigiram às salas de aula com o objetivo de comunicar aos alunos sobre a posição adotada. Buscamos ainda conscientizá-los a respeito do comprometimento de todos, docentes e discentes, na luta por uma educação responsável e de qualidade.
Finalmente, estaremos reunidos amanhã, 11/09, às 7h30min, a fim de apurarmos os resultados deste ato, reafirmando uma posição de alerta contra todas as atitudes que ameacem a construção de um projeto de sociedade livre, justa, ou que não considerem a educação como princípio básico.

FÁBIO SIQUEIRA disse...

Caro Xacal,

Matou mesmo? Há várias imprecisões no processo!
Não obstante a admiração que tenho por Mino Carta, nesse caso prefiro dar crédito a Fred Vargas e a sua exaustiva e admirável análise meticulosa da sucessão de erros judiciários no processo que condnou Battisti.
Não dá pra em nome do caro princípio da soberania dos povos entregar um provável inocente à caça às bruxas dos facistas italianos, tão legítimos mas não menos questionáveis quanto o Hamas!
Abs.

xacal disse...

Fábio,

parece que você só ouviu a parte que lhe interessa, e bem sei que esse não é seu estilo, tanto é verdade, que sua fala fica "fake"...

primeiro, "rotular" a informção pode servir para definir algum parâmetro de qualidade dela, mas não é o único ingrediente...o histórico de qualidade da Carta Capital, mesmo com todos os seus erros, não pode ser equiparado a outras fontes do PIG...

dito isso, vamos ao debate:

não conheço o processo, e nem você, penso eu, mas sei que nosso stf não pode discutir questões processuais da Itália...ou seja: se há erros, as instâncias judiciárias italianas é que são o foro para debatê-las...lembre-se: a acusado declinou de sua defesa quando fugiu, embora isso seja seu direito, como todo exercício de direito gera conseqüências no mundo real, ou seja: ao fugir, abandona-se a defesa...

outro fato omitido por você: o regime italiano à época era democrático e vigia o estado democrático de direito com todas suas falhas e acertos, administrado pela esquerda italiana...é certo que o terrorismo das brigadas de direita e de esquerda disseminaram alguma soluções de exceção, como é legítimo a qualquer Estado Nacional, mas daí a dizer e comparar a situação italiana com um REGIME de exceção, nos moldes que tivemos é, no mínimo, exagero, porque má-fé não é seu caso...

repito: Berlusconi é um canalha...mas cabe ao povo italiano decidir seu destino: o lixo da História ou os palácios de Roma...e ao que parece, pelo menos por enquanto, eles já decidiram, e não nos cabe aqui questioná-los, até porque em questão de Estado e maturidade de suas instituições eles estão alguns séculos à nossa frente...portanto...

um abraço...

xacal disse...

PS: a sua comparação reducionista do Hamas com a direita italiana é de péssimo alvitre...fica até complicado respeitar o limite de algum debate sério...mas você tem crédito....

FÁBIO SIQUEIRA disse...

Caro Xacal,

Obrigado pelo "crédito".
Não tive o interesse em transgredir os "limites do debate sério"...
Não tenho tido bons dias... e, por conseguinte, muito ânimo...

Desculpe a argumentação "frouxa". Além disso, admito que aqui destilo alguma intolerância. É irresistível reagir contra berlusconi. O cara é muito, MUITO escroto...
Ele conseguiu até desfazer qualquer simpatia que já tive pelo "rossonero" de Milão - obviamente em função das cores. Hoje vibro com a Inter de Julio César, como no recente 4X0, apesar do Leonardo...
Ainda há o fato de que, apesar de "não conhecer bem o processo", estou muito impressionado por aparentes imprecisões e equívocos graves apontados no mesmo por pessoas que me parecem imparciais e idôneas, como por exemplo a já citada Fred Vargas.
Abs.