terça-feira, 15 de setembro de 2009

O PED e o novo na política local

Daqui a pouco mais de sessenta dias o Partido dos Trabalhadores estará escolhendo mais uma vez em processo de eleições diretas suas direções em todas as seções previstas na legislação e nos seus estatutos, aí incluídos os diretórios municipais. Em Campos não será diferente, e o cenário que se avizinha é o ideal para discutir o papel que caberá a este partido na política local nos próximos anos.
Não que eu tenha ilusão quanto à força do modelo político vigente há vinte anos por aqui. Apesar de sua constante desmoralização em função dos desastres administrativos das sucessivas gestões dos dois grupos em que se subdividiu a entourage original de Garotinho, tal modelo – sustentado em vícios e num misto de apatia de muitos e na conveniência dissimulada de alguns – parece ainda sólido o bastante para disputar com chances mais um mandato. Inclusive favorecido pelo instituto da reeleição.
O fato é que, até 2008, o PT – mesmo quando seus melhores quadros históricos defenderam o Muda Campos original, num momento em que isto significava boas perspectivas para a cidade – sempre se apresentou como alternativa de poder local. E tem agora oportunidade histórica de retomar este papel na medida em que as votações atribuídas nos últimos pleitos a candidatos como Makhoul e Feijó em 2004 e Odete em 2008 apontam potencial razoável de um desejo de renovação no eleitorado. A própria prefeita soube manipular bem sua campanha de forma a adaptar sua imagem a tal expectativa, com razoável êxito.
Todos sabemos da importância das alianças para o exercício do poder. Em nome disso, temos nos sujeitado a riscos e equívocos. Logo, não é razoável imaginar que a unidade interna vá prescindir da lógica de contemplar a todos os atores relevantes, seja na máquina partidária ou eleitoralmente. Nos próximos dias, veremos se há realmente vontade política para construir este caminho, ou se cobranças cotidianas feitas a destacados quadros partidários no sentido de uma maior organicidade na vida partidária são gestos cínicos que sucumbirão frente ao sectarismo ou a interesses escusos e inconfessáveis.
A unidade partidária na composição do novo Diretório seria um primeiro passo no sentido de potencializar a oportunidade histórica que se apresenta ao partido. Minimizar divergências e ressentimentos e dividir atribuições institucionais da vida partidária seriam prova de maturidade e generosidade capaz de alavancar nossa ação política na cidade – inclusive a partir do mandato reconquistado na Câmara local – consolidando-nos como única alternativa concreta e viável de um novo modelo de gestão democrática, popular e participativa para o município.

Adaptação de artigo publicado na edição de ontem (14/09) da Folha da Manhã.

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