segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Bicicleta: uma alternativa viável e correta

No ultimo dia 19 de setembro, em São Paulo, realizou-se mais uma versão do “desafio intermodal”. Tendo como referência a proposta de ambientalistas e urbanistas de se instituir anualmente o “Dia mundial sem carro” na data de 22 de setembro, o tal desafio se realiza há alguns anos e consiste em comparar o tempo gasto por usuários de diferentes meios de transporte para percorrer um mesmo trajeto. Na versão deste ano, o primeiro participante a chegar ao fim do trajeto pedalava uma bicicleta! O ciclista chegou ao fim do percurso antes de um motociclista e de um helicóptero.
Prova de que a bicicleta está na vanguarda de um planejamento urbano que considere a crise em curso no mundo contemporâneo, que não é apenas econômica, é também – e talvez seja sobretudo – uma crise ambiental. Vivemos numa conjuntura onde o excesso no consumo faz com que mesmo pessoas mais sensíveis a causa ambiental extrapolem o limite do que seria razoável consumir num contexto de desenvolvimento sustentável. Há um descompasso entre a produção capitalista demandada e o desejável em termos de equilíbrio ambiental. Muitos dos ativistas que partem desta premissa apontam o transporte urbano como um dos principais fatores de poluição ligados a esta lógica.
O carro, símbolo de ascensão social e de “independência”, utilizado cada vez mais de forma individualista, é o principal vilão entre os veículos poluidores, além de o aumento do volume da frota em circulação trazer transtornos a ordem e ao planejamento de cidades grandes e de médio porte.
A realidade de Campos se adequa bem a este debate. Aqui, pela cultura e topografia local, parece pertinente inserir uma tendência em voga na Europa, onde o uso a bicicleta tem sido recuperado como alternativa aos veículos poluidores. Tal debate aliás já existe entre amantes da bicicleta, urbanistas e empresários que, apoiados por instituições como IFF, UCAM, FAFIC e ISECENSA, planejam para breve um seminário onde essa discussão seja travada considerando a perspectiva local. Espero que governo local possa estar atento a esta iniciativa. A questão do transporte urbano vai além da passagem a R$ 1,00.

Artigo publicado na edição de hoje da Folha da Manhã.

2 comentários:

Roberto Torres disse...

Tambem acho que a bicicleta e uma grande e barata solucao para o transporte publico. Exige uma mudanca de habito cotidiano enorme, mas os efeitos com certeza seriam muito bons.

Um abraco,

FÁBIO SIQUEIRA disse...

Caro Roberto,

Satisfação te-lo aqui, valorizando o debate.
Veja bem que especificamente no caso de Campos, a mudança de hábitos por parte de grande parte da população pobre nem seria tão grande assim. Muitos já usam a "magrela" em seu cotidiano. O necessário é o planejamento urbano e a adaptação das vias publicas à uma utilização mais segura dessa modalidade de transporte pelos usuários e a combinação desta com outros tipos de transporte coletivo. Isso pode inclusive estimular a mudança de habito por parte da classe média que superlota as ruas com a utilização individualizada de carros.
Abs.