quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Obama decepcionante
Quem se deu o trabalho de assistir ontem (02/12/09) o pronunciamento do Presidente dos EUA Barak Obama pode aprender todo o poder de frustração da realpolitik. Além de exaurir os últimos vestígios da aura renovadora oriunda da campanha eleitoral contra o inominável Bush, Obama convocou mais um gigantesco contingente militar (30 mil soldados num total de 70) para a irracional carnificina do Afeganistão. O mais cruel dessa convocação em massa é que com nos EUA falidos (economia em colapso, sistema educacional deteriorado e crescente número de pobres e miseráveis), uma das poucas oportunidades restantes para a juventude sem perspectivas é o alistamento. A estratégia militar oficial do governo Obama requer uma ampla campanha de contrainsurgência (COIN) que, além de derrotar o inimigo e ocupar o território, exige a criação de uma nova ordem social estável. Contudo, a tarefa de "transferir" poder e força para uma autoridade afegã legítima (e confiável para os interesses americanos) parece implausível. Mas o pior foi reservado para o discurso de exortação do Presidente e comandante em chefe da mais letal das forças armadas do planeta. No clímax daquela representação patética, Obama declarou que a fonte da "autoridade moral" dos EUA perante o mundo estava na superioridade dos "valores e estilo de vida" dos americanos. Um show de bravatas etnocêntricas na pátria do multiculturalismo e um espetáculo imperialista em nome dos "direitos humanos" dos outros. Perguntinha que não quer calar: Por que ficar com essa cópia tosca podendo aturar o original? Pelo menos o Bush 2 tinha convicções criacionistas, anti-ecológicas e reacionárias autênticas!
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