Ah, o que é o futebol! E escrevo ainda antes das emoções de Flamengo X Botafogo.
Há tempos acesso regularmente o sítio da turma dos Jogos Perdidos, que mantêm também um programa de rádio em SP e participa do Bola na rede, na REDE TV.
Nesta manhã de domingo, preocupado com um problema familiar, irritadiço e com o humor entre melancólico e prostrado, dividi meu tempo entre a leitura de A caixa-preta, do israelense Amós Oz e um "jogo perdido" que encontrei na Rede Vida, zapeando o controle remoto. A partida, válida pela Série A3 da FPF, envolvia o tradicional Taubaté E.C. - o simpático Burro da Central - e o, para mim desconhecido, Oswaldo Cruz F.C.. O locutor anuncia, logo no início da transmissão, que o Taubaté - que esteve por vários anos entre os grandes, na principal divisão do futebol paulista - faz péssima campanha na A3, ameaçado de novo rebaixamento. Com apenas 2 gols no certame e sem marcar há vários jogos, ocupa as últimas colocações na tabela. Estréia um novo treinador, Toninho Cobra, e tenta, em casa, uma vitória para reverter o quadro.
O adversário, jogando fora de casa e também em posição incômoda na tabela, é cauteloso e demonstra logo que o empate seria muito bem-vindo.
Assisto todo o primeiro tempo esparramado no sofá e o jogo tem tudo a ver com meu estado de espírito. As equipes são limitadas e o péssimo estado do gramado do estádio do Taubaté não ajuda em nada o "espetáculo". Se o Oswaldo Cruz se segura e deixa o jogo correr, o Taubaté está nervoso e não consegue coordenar as suas ações ofensivas. O jogo é ruim... é péssimo! E o placar não podia ser diferente 0X0.
Vem o segundo tempo e o Taubaté tenta correr atrás da vitória. Mas aos 11' tem um jogador expulso e o jogo fica ainda mais complicado. O Oswaldo Cruz segue satisfeito com o empate, e penso comigo:
- Essa pelada só sai do 0X0 se houver um penalti. Só assim para esse time do Taubaté fazer um gol. O outro não quer nem tentar!
Mas, surpreendentemente, aos 34' o oswaldo Cruz vai às redes, cabeçada no segundo pau, em cruzamento da direita. Mas o artilheiro está impedido, e o gol é anulado. Dois minutos depois, e surge o penalti que imaginei, a favor do Taubaté. Mas o futebol... Ah, o futebol e suas surpresas...
O desfecho do espetáculo - e a partir daqui não cabem mais as aspas - se revela surpreendente, contradizendo a minha racionalidade. O Futebol não é racional!
O goleiro Enal se agiganta, e defende o penalti, batido de forma displicente pelo atacante Leandro que entrara há pouco, suscitando uma declaração super-sincera de Toninho Cobra:
Não o conheço, Estou tentando evitar uma nova expulsão - pois o Renato está nervoso e já tem amarelo - e lançar um atacante descansado.
Na sequência imediata, contra-ataque rápido, escanteio, e, na cobrança, cabeçada do zagueiro Mauro, para marcar o gol do Oswaldo Cruz. Aí o time visitante - com um jogador a menos - resolveu jogar. E ainda haveria tempo - pois até o árbitro gostou da virada na partida e a estendeu até 50' - em pouco mais de 10 minutos, para o Osvaldo Cruz fazer mais três gols, transformando um modorrento e chato 0X0, que durava 80 minutos em uma fulgurante goleada (0X4), construída em menos de 15 minutos. Surpreso, mas consciente que esta é a natureza do esporte bretão, tentei deixar a alegria que estravazava nas efusivas comemorações dos craques do Oswaldo Cruz me invadir um pouco - ainda que inicialmente estivesse torcendo para o Taubaté.
P.S.: Uma curiosidade. Este foi o primeiro post manuscrito em sete meses de Comentários. Se é que isso interessa a alguém!
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
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