Marta e Cruyff

Acabou agora há pouco a injusta final do futebol feminino nas Olimpíadas de Pequim.
Este blog não se empolgou com os jogos chineses. Os resultados foram ruins para o Brasil. Campeões olímpicos como Robert Scheidt e Rodrigo Pessoa ainda demonstraram competência mas estiveram aquém de seu desempenho há quatro anos, o futebolo mascuilino voltou mal aos jogos - ainda que ganhe o bronze contra a fraca Bélgica - o judô também decepcionou.
Mas nem mesmo uma improvável derrota do time de Bernadinho será tão triste como a derrota do escrete liderado por Marta. Emocionante o close onde ela olha para o céu, a minutos do fim da partida, e pergunta: "Meu Deus, o que eu fiz de errado?"
Marta, com suas duas pratas olímpicas consecutivas, me lembra um outro gênio do esporte que entrou para a história como "bi vice-campeão" mundial, o holandês Cruyff.
A seleção feminina americana, bi campeã olímpica, é eficiente taticamente, e só... Corresponde á Alemanha de 74 - embora não tenha Beckenbauer - e está aquém da Argentina de 78. Você pode dizer que a seleção brasileira também não é um "carrossel"! É verdade. Mas nos aspectos ofensivo e criativo, é bem melhor que as outras equipes de ponta, como ficou provado na goleada contra a Alemanha, medalha de bronze e atual campeã da Copa do mundo feminina - desgarçadamente, também em cima do Brasil.
Depois do papelão do masculino, a injusta derrota das meninas, além de triste, é ruim para o futebol. Após o sucesso italiano na Copa do Mundo masculina, o ouro americano no feminino premia o futebol frio, baseado na marcação, na força física e que explora o erro do adversário. Pode ser eficiente, mas não é bonito. E o talento?

FOTO: Agência Reuters (globoesporte.com)