Minha querida mãe considera uma heresia, mas a Padroeira há de me perdoar. Para mim, a maior referência do feriado de hoje é e será sempre o “Dia das crianças”! A ansiedade do menino que fui para que chegasse anualmente o 12 de outubro, e com ele os tão esperados presentes – que invariavelmente também marcavam o natal e o meu aniversário – fez com que tal data se associasse eternamente a brinquedos.
Pois esta semana me vi de novo meio menino ao buscar um presente pedido insistentemente por meu petiz, um desses brinquedos da moda. Quase acrescentei ao pedido alguns outros pequenos bonecos, que pouco mudaram se comparados aos quais este articulista colecionava há mais de vinte e cinco anos atrás e cujo interesse parece ter sido herdado por meu filho. Mas havia uma diferença: o preço. Não que eles fossem baratos nos anos 80, mas então, muitas vezes eram vendidos em conjunto, o que reduzia o preço unitário. Agora são quase sempre vendidos separadamente. Alguns personagens da DC comics também estão mais bonitos e articulados. Já os soldados articulados que compunham minha coleção favorita sempre foram vendidos de forma unitária e mudaram muito pouco. Revitalizados por recente lançamento cinematográfico que os recolocaram nos holofotes do mercado, estão caríssimos! Hesitei ainda frente a um pequeno Wolverine com o qual nós dois, pai e filho, certamente gostaríamos muito de brincar juntos. O preço também estava proibitivo. Minhas compras ficaram restritas aos itens encomendados!
Essa pequena crônica de um pai nostálgico numa loja de brinquedos introduz uma triste conclusão no dia dedicado aos pequenos. Enquanto a maioria dos brasileiros estão sendo incluídos no consumo dos mais diversos produtos, muitos brinquedos continuam apenas na fantasia de crianças de diversas classes sociais, sobretudo das mais baixas. Para isso concorre a indústria cultural, que ao mesmo tempo em que massifica certos personagens, impõe pesados royalties sobre produtos associados a suas imagens. Recentemente, ao adquirir uma bicicleta para minha filha, economizei cerca de R$ 100,00 graças ao fato de que a ela interessava mais uma pequena cadeirinha para carregar suas bonecas do que imagens de personagens famosas adesivadas no quadro. O atencioso vendedor, com pinta de gerente ou lojista, confirmou sereno: “a diferença refere-se apenas aos royalties das imagens.” Soldadinhos made in China, similares aos tais que eu colecionava em minha infância, podem ser encontrados atualmente no mercado por preços que variam de 10% a 20% do valor das réplicas licenciadas dos personagens da antiga série de aventura.
Vivemos num novo Brasil, sob as bênçãos da padroeira. Que nos próximos anos, mais crianças possam ter acesso aos brinquedos que a mídia insiste em transformar em objetos de desejo até mesmo de marmanjos.
Adaptação de artigo publicado na edição de hoje da Folha da Manhã.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
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2 comentários:
Amigo Fábio,
A crõnica das agruras de um pai se estende às da avó aqui.
Cada Barbie das três mosqueteiras!...
Mas,pensando bem "nossas crianças" merecem!
Abraços,
Walnize
Pois é minha queridíssima amiga!
As tais barbies "três mosqueteiras" já estão na minha lista de "papai noel". Na minha e na de Dona Regina, rs,rs,rs,rs...
Beijos
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