sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Traíra

O professor de Harvard e intelectual renomado Roberto Mangabeira Unger é um personagem problemático. Ele teve o mérito de ousar romper os limites canônicos entre as esferas da Ciência e da Política estabelecidos por Max Weber. De acordo o sociólogo alemão, o conhecimento e a ação política seriam definitivamente separados por duas éticas irreconciliáveis: a convicção sobre conceitos e valores explicativo-normativos seria essencialmente distinta da responsabilidade dos compromissos e acordos da esfera pública. Pois bem, ao tentar flexibilizar esses limites, Mangabeira se entregou a uma mistura de ativismo delirante e messianismo intelectual sem compromisso coletivo: a "solução final" para os dilemas estruturais da sociedade brasileira já dependeu da liderança carismática de Brizola, passou por Ciro Gomes, e agora encontra no velho PMDB de guerra o protagonista de ocasião. O engano e o erro são direitos fundamentais do homem e do cidadão, e se o sujeito quer queimar a sua reputação intelectual anglo-saxã com aventuras tropicais o problema é dele. Contudo, o caso do Mangabeira parece um típico caso de transtorno psiquiátrico de personalidade ou simples desvio de caráter: afinal de contas como ser intelectualmente consistente e politicamente coerente sendo nomeado ministro-formulador estratégico de um governo que se considera "o mais corrupto da História"? Mas a obsessiva "ética da malandragem" de Mangabeira não para: a jornalista Mônica Bérgamo acaba de revelar na edição de hoje (30/10/09) da F. de S. Paulo a trairagem de Mangabeira Unger que, enquanto ministro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, articulava com o PMDB para atrapalhar a aliança do partido com Dilma Rousseff, candidata petista à Presidência. Segundo a reportagem, entre outras coisas, ele se reuniu discretamente com Orestes Quércia (PMDB-SP), que apoia José Serra (PSDB-SP), para apresentar uma "proposta de desenvolvimento do país". Quércia foi taxativo na resposta. "Podemos avaliar isso, mas não estou dizendo aqui que te apoio como candidato à Presidência pelo PMDB."
Como diz o mestre Bezerra da Silva:
"E malandro é malandro e mané é mané
Podes crer que é
E malandro é malandro e mané é mané
Podes crer que é
Malandro é o cara que sabe das coisas
Malandro é aquele que sabe o que quer
E não se compara com um Zé Mané (...)
Já o Mané ele tem sua meta
Não pode ver nada que ele cagueta
Mané é um homem que moral não tem
Vai pro samba paquera e não ganha ninguém
Está sempre duro é um cara azarado
E também puxa saco pra sobreviver
Mané é um homem desconsiderado
E da vida ele tem muito que aprender"

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