domingo, 25 de outubro de 2009

Obama Bolivariano

Barack Obama e seu governo estão em sérias dificuldades: parece que agora é que ele e seus colaboradores perceberam as reais dimensões da "herança maldita" legada por Bush jr. Além de desfrutar dos dissabores da maior crise econômica da história (cujo cuja responsabilidade cabe principalmente ao irracionalismo cínico de mercado da "mão invisível") e suas implicações sociais devastadoras (desindustrialização e desempregos históricos), o presidente americano acabou prisioneiro da agenda político/social/ambiental/militar e ideológica da desastrosa gestão Bush II. Por isso, bastou o Obama querer governar e cumprir a fundamental promessa de campanha de construir um sistema de saúde básico com um mínimo de universalidade (os EUA são o único país desenvolvido sem NENHUMA proteção de saúde para os trabalhadores com baixos salários), para ser acusado histericamente de um mix stalinismo/nazismo. Do ponto de vista da economia real, a sua proposta (tímida) de regulamentação do mercado é de suprema urgência, contudo é tratada como estatismo ultrapassado (qualquer coincidência com a mídia tupiniquim é mera má-fé). Tamanha irracionalidade reacionária não ficou restrita aos guetos da "américa profunda" racista e fundamentalista cristã, pelo contrário, essa é a agenda fixa dos maiores empresários e donos da mídia. Portanto, para sair da defensiva e tentar realizar a agenda para qual foi legitimamente eleito, o presidente Obama mudou sua estratégia: abandonou a proposta de governar respaldado pelo consenso anódino e personalista da campanha vitoriosa, e partiu para o ataque dando "nomes aos bois". Afirmou Obama que as empresas de mídia (especialmente o grupo Fox) serão tratadas tal qual elas tratam o Governo. Por essa atitude de protagonista está sendo acusado de cair na tentação "populista". Tal julgamento de valor militante (travestido de "independência" de opinião) das mídias consiste no velho e atualíssimo controle ideológico dos atores políticos. O presidente Lula está certo: se o objetivo da imprensa é opinar e não informar, quem decide quais opiniões-interesses devem prevalecer na cobertura das empresas de comunicação?

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