Na terça feira da semana passada a colunista Mirian Leitão escreveu no jornal O globo um artigo intitulado “Papel da oposição”. Nele faz duras críticas ao PSDB e ao DEM, chama os opositores de medrosos e omissos afirmando que não cumprem seu papel com receio da popularidade do presidente e em tom de indignação a colunista elabora uma pauta de ataques ao governo terminando seu “pito” exigindo que os opositores saiam das sombras e assumam sua obrigação de comparecer aos combates.
Parece que o apelo deu resultados, no sábado o ator Carlos Vereza, em artigo do mesmo jornal acusou Lula de ser um “autoritário militarista” que estabeleceu relações sombrias com os bandidos do PCC paulista a fim de garantir sua reeleição, além de ter criado uma “SS dos trópicos”- o MST - que não passa de um bando de “facínoras” “assassinos” e “invasores”. Olavo de Carvalho deve ter ficado com inveja desta.
No domingo foi à vez de Fernando Henrique Cardoso, o sociólogo foi ao ataque com o artigo “Para onde vamos?” É um texto pequeno onde apresenta sua leitura do Governo Lula e busca retomar a posição de líder da oposição. O artigo é uma lástima, digo isso por que cabe a ele municiar os aliados com as idéias que devem pautar as estratégias, ações e falas dos setores de oposição. Quem lê o artigo com essa esperança vai se frutar é melhor ler a Mirian Leitão.
O ex-presidente não escreve uma linha comparando seu governo com o atual, sabe que perde
Acusar alguém de ameaçar a democracia é muito grave, trata-se da maior conquista da sociedade brasileira em toda sua história, logo um ataque deste calibre deveria vir acompanhado de um relato circunstanciado dos fatos que comprovam uma acusação desta monta. Mas é justamente aí que o sociólogo se perde apontando para o nada e querendo que se veja lá o que não existe. Para FHC as ameaças ao estado democrático são: a pressa do governo em aprovar os marcos regulatórios do Pré-sal, o sistema de partilha proposto pelo governo para operar estas reservas, a “ingerência” governamental na Vale, o uso eleitoral das obras do PAC, e finalmente “os projetos de impacto” do governo através dos quais “vamos regressando a formas políticas do tempo do autoritarismo militar.” Confesso que li várias vezes para acreditar que era isso mesmo.
Essas são as ameaças à democracia? É isso que o ex-presidente tem para dizer? É com esse discurso que pretende liderar a oposição? Vejamos: o governo negociou com o congresso os prazos para a votação dos marcos do Pré-sal, o modelo de partilha proposto pelo governo para ser votado no congresso é adotado pela maioria dos países produtores, o presidente da Vale reconheceu na TV que o papel de Lula era pressionar mesmo, todos os governos em todas as democracias buscam capitalização eleitoral com suas realizações, inaugurar obras não ameaça a democracia, pode ameaçar os planos do PSDB, mas a democracia não.
Para terminar e mostrar que é mesmo sociólogo tasca um “conceito” novo, para FHC o condomínio governista é formado pelo estado; pelos sindicatos e movimentos sociais; pelos fundos de pensão e por empresários que desmoralizam os partidos e ameaçam - caso Dilma vença - implantar um “subperonismo lulista” cujo projeto é aniquilar a democracia. O jornalista Elio Gaspari tem razão quando diz que o PSDB está dominado por um “estado de paralisia física e cerebral.”
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