Do Coletiva.net
O escritor e jornalista americano Tom Wolfe, 78 anos, cumpriu o que prometera: repetiu em sua palestra à noite, na Ufrgs, as ideias que havia apresentado à imprensa regional na coletiva que concedera à tarde no Hotel Intercity Premium. Despejou, para um Salão de Atos quase lotado, conceitos e reflexões sobre o que entende ser O espírito de nossa época, título de sua conferência em que pretendeu falar sobre as grandes mudanças que ocorreram nos Estados Unidos nos últimos 10 anos.
Disse que a revolução sexual se transformou em carnaval sexual, avaliou o que denomina de “Aristocracia do Gosto”, formada por pessoas com preferências mais refinadas na escolha de produtos culturais de difícil compreensão, como os textos de James Joyce e Marcel Proust, autores que não são absorvidos pelo que chama de “populacho”. Criticou a arte moderna, para ele uma combinação de falta de habilidade com falta de imaginação, e deu como exemplo a arte de Picasso, “que incluía em todos os seus quadros um fundo cinza porque não sabia como terminar suas obras”.
A conferência durou menos de uma hora, e o período para perguntas foi de 30 minutos, ambos prejudicados por uma tradução problemática. E foi somente durante os questionamentos que Tom Wolfe deu opiniões sobre o Novo Jornalismo, do qual é considerado um dos expoentes. “Os jornais estão muito preocupados com o que acontece atualmente”, disse. “Mas as dificuldades do jornalismo impresso atual não se devem a problemas com os meios disponíveis, e sim ao monopólio. Quando cheguei a Nova Iorque, havia lá sete jornais diários. Hoje são dois, e em muitas cidades importantes do país só há jornais online. O problema do jornalismo atual é que falta concorrência, e o resultado é que temos menos notícias”
Conteúdos na internet ele vê com restrições: “O problema é que cansa ler durante muito tempo em uma tela de Led. Você enlouquece com tanto o que tem para ler na internet”. Outro aspecto que destacou é que nenhuma empresa, em seu entendimento, ganhou ao disponibilizar conteúdo de suas publicações na web. “Assim, tudo está ainda no ar, mas o certo é que os jornais estão muito assustados e demitindo gente. Mas eles mesmos estão se matando ao diminuir a qualidade do que fazem.
O jornalista norte-americano não vê nenhum valor no noticiário gerado pelas emissoras de televisão. “A única fonte de informação séria nos Estados Unidos é aquela que se lê no jornalismo impresso. A televisão, quando divulga alguma notícia quente, a gente logo pergunta: de que publicação tiraram istso?”, criticou Wolfe. Que também tem péssima opinião a respeito de blogs, que seriam “fábricas de rumores, as maiores que existem. Para os blogueiros, o conceito de checar os fatos nem lhes passa pela cabeça”.
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