sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Do Monitor Campista

Campos tem sofrido nestas semanas perdas irreparáveis no que se refere à provocação da opinião pública. Hoje, se foi o Senador Irajá Carneiro, do Telegiz. No último dia 23, partiu Salen Rod, escritor e livreiro que também manifestava suas idéias por meio de conhecidas pichações.
Na edição de ontem do Monitor Campista, artigo do craque Celso Cordeiro Filho lembrou com a sensibilidade que lhe é peculiar o polêmico personagem:

Salen partiu

Esta semana retornei ao Boulevard, mas não era o mesmo. Faltava a figura lendária de Salen Rod. Partiu dias atrás sem poder dar adeus aos campistas. Morreu distante de Campos com quem mantinha uma relação dúbia de amor e ódio. Sobre esta personalidade controvertida escrevi certa feita e aqui relembro algumas observações. Como todo outsider – desculpem a expressão pernóstica - é e sempre será incompreendido. Ainda mais se levado em conta a obstinação pela essência à verdade das coisas e seres humanos. A história registra casos de incompreendidos que foram queimados pela Inquisição, embora estivessem cobertos de razão. Com isso, obviamente, não estou querendo comparar Salen Rod à Torquemada, Joana D´Arc e afins.
Considerado “louco” por muitos, Salen, nascido José Dornelas Junior, com profissão (vendedor de livros) reconhecida publicamente, teve um revés na vida – questões familiares que não cabem julgamentos – e “saiu um pouco de si”. Foi o bastante para ser submetido a implacáveis choques elétricos que deixaram seqüelas terríveis. Mesmo assim resistia. Tanto que no final de 2004 publicou o livreto “O Tempo – Crepúsculo” que mereceu comentários na imprensa campista, destacando-se as análises feitas pelos jornalistas Orávio de Campos Soares e Aloysio Balbi.
Nesta fase de “lucidez”, se assim se pudesse classificar, preparava outras publicações. Tive acesso a muitos originais e pude constatar sua capacidade de ordenar o pensamento com clareza. Logicamente que não tinha editor: bancava suas obras. E como não tinha acesso às livrarias era o seu próprio livreiro. E, desta forma, vivia nesta cidade sempre conversando e tomando cafezinho no Boulevard, onde era personagem marcante. Muitos não gostavam dele – existiam “fases fora de si” bastante agressivas – mas sempre procurou fazer o bem. Os que conheceram mais intimamente sabem disso. E com o fim de Salen Rod morre também um pouco do sentimento de inconformismo que tanta falta faz a esta cidade, quase sempre pacata e subalterna.

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