segunda-feira, 23 de março de 2009

Dica cinéfila

O pretexto cinéfilo do domingo desta feita agradou - por suas qualidades, pela excelente companhia e até mesmo por ter sido boa opção ao trágico jogo do Flamengo.
O filme de Stephen Daldry, onde Kate Winslet dá um show de interpretação, é denso, e humano por demais. Apesar de um tanto arrastado nas cenas do julgamento acompanhado com especial interesse pelo apaixonado estudante de direito, o filme reúne ingredientes fortes e que dão relevância à película. Amor, relações humanas, justiça, verdade e holocausto são temas que perpassam a história do best seller adaptada à sétima arte. O blog recomenda.

6 comentários:

Anônimo disse...

Filme bom é aquele que te tira da cadeira, te revolve do seu estado passivo de espectador e o obriga a involuntariamente reagir para a tela do cinema – ou da TV – no escuro, por vezes sozinho e/ou pagando o mico.

“O Leitor” me provocou a ponto de não me conter na cadeira. Só não fui embora do cinema, pois estava acompanhado. Tive que suportar o filme até o fim. Ruminando minha irritação diante a covardia do personagem Michael interpretado por David Kross e Ralph Fiennes.
Dirigido por Stephen Daldry – o mesmo da “Billy Elliot” e “As Horas”, dois filmes dos quais sou fã. O filme é baseado no livro de Bernard Schlink e conta à história da paixão de Hanna (Kate Winslet) e Michel.

Ela mais velha do que ele. Ele um adolescente em crise com a família que descobre nela a autoestima que os parentes não lhe oferece.
“The Reader” oferece um duplo sentido. Pode-se ler como “O Leitor” - como foi traduzido – e como “A Leitora”, o que foi prontamente questionado pelo amigo que me acompanhava.

Ela analfabeta recebia o garoto todos os dias após as aulas dele, para que o mesmo lesse para ela romances. Histórias essas que a levavam das lágrimas, ao riso e a cara de surpresa ao ver um mundo novo sendo relevado a sua frente. Quem é o verdadeiro leitor? Aquele que lê ou aquele que vivencia o que está sendo lido.

O que parecia ser apenas uma história de amor sobre pessoas com idades diferentes toma proporções dramáticas, quando o menino – agora estudante de direito – encontra Hanna no banco de réus, acusada de ser uma das funcionárias de Hitler, portanto culpada pela morte de cerca de 300 mulheres, queimadas.

Os valores humanos são postos em cheque quando vemos que o garoto recusa-se a defender Hanna, que acusada pelas “amigas”, assume o crime sozinha. Michael sabe que Hanna é analfabeta e que, portanto seria impossível ter escrito num caderno os relatos diários de sua função. Envergonhada, Hanna não assume a ignorância e paga o preço sozinha, pelo crime de ter trabalhado para um dos maiores assassinos da história.

Nesta altura do filme eu já me revirava na cadeira intensamente, incomodado com a passividade de Michael. “O Leitor” tem a qualidade de ir inquietado e confrontando o expectador até o final. Não há clichês, não há sentimentalismo barato e não há complacência para Hanna e Michael. Tudo é duro, seco e denso. É um desafio, assistir ao filme de Daldry.

Não julgar os personagens, principalmente o de Michael é uma tarefa árdua, ainda mais se você for daqueles que como eu, adora “discutir” sobre o filme no final da sessão. Trocando olhares, experiências, sensações.
Como “leitor” daquela história, digeri muito mal o desenrolar dos fatos. Já o amigo que me acompanhava, saboreou sem problemas a história de amor entre Hanna e Michael que resvala na época do nazismo e oferece muito mais do que uma leitura simplista.

É um filme difícil. Não sei se o compreendo, dado o choque de opiniões no final. Mas, como – para mim – filme bom é aquele que te perturba, te tira do estado comum, ok, se você for como eu, “O Leitor” é um prato cheio.

Winslet está impagável como Hanna e sua interpretação lhe valeu o Oscar e o Globo de Ouro pelo papel. Hanna é daquelas mulheres condicionadas pelo sistema, que arrebanha suas ovelhas e as fazem pagar caro, pelos erros alheio.
A colaboração voluntária desta mulher nos campos de concentração é o que está em julgamento.

Quantos não acataram as ordens de Hitler, sem ter a noção de crueldade ao qual estavam se submetendo? Até que ponto os carrascos do holocausto poderiam ter impedido o genocídio?
Essa “responsabilidade moral” é o que provoca – também – o julgamento do expectador.

Culpar Hanna ou não? Eis uma das questões – pertinentes – do filme.
Como era analfabeta, Hanna sempre escolhia as mais novas para que lessem os romances para ela, antes que as encaminhassem para a morte. Uma belíssima metáfora, para uma personagem que fugiu do amor adolescente e acabou metaforicamente tentando matar esse amor, em cada adolescente que encaminhava para a morte.

Hanna sobreviveu à própria ignorância, aos anos enclausurada, ao rótulo de assassina. Só não sobreviveu a perda do amor, esse sim o grande vilão de sua história.

Anônimo disse...

Sugestão: "Foi Tudo Um Sonho". De Sam Mendes, com a brilhante Kate e o talentoso De Caprio. Duka!

Anônimo disse...

Amigo Fábio,
Minha dica cinéfila: "Apenas um sonho"
Walnize

Anônimo disse...

Amigo Fábio,
O filme citado por mim(e coincidentemente)também por outro leitor de seu blog è"Apenas um sonho".Corrijo o título,pois!
Acho que estava sonhando...
Walnize

Anônimo disse...

Acho que quem está sonhando(com o Vasco,certamente) é Raskolnikov
O nome do filme È "Apenas um sonho"
Recomendo também.
Nástenka

FÁBIO SIQUEIRA disse...

Com tantas e tão qualificadas recomendações, independentemente do título, vou certamente buscar ver tal película o quanto antes!