domingo, 1 de fevereiro de 2009

Marley e Eu é surpreendente...

Ao menos pra quem - como esse bugre que vos escreve - nunca tinha ouvido falar de John Grogan e lembrava vagamente de ter visto seu best seller nas listas de mais vendidos.
Assim, foi um lance de sorte que me fez num raro momento, assumir a decisão pela escolha na compra dos bilhetes e descartar um outro filme - que tinha cara de Sessão da tarde e do qual desconfiava desde o início da tarde, quando o sugeri mais à guisa de pretexto para o programa do que por qualquer convicção ou expectativa quanto à sua qualidade.
Num reflexo de segundos, pensei que as várias semanas seguidas em cartaz e o constante grito dos camelôs no centro do Rio - "Marley e Eu, Marley e Eu, olha aí vamô levá, sucesso do momento..." ou algo parecido - deveriam indicar alguma qualidade da película, muito embora a sinopse oferecida pelo distribuidor do filme seja muito ruim e absolutamente não dê conta do quanto interessante é a história. Assim, foi uma breve pergunta - Vc gosta de cachorros? - que me fez decidir por esta opção. Ganhamos a noite.
Eu, na verdade ainda não havia cogitado assisti-lo nestas últimas semanas em que pragmaticamente retomei meus hábitos cinéfilos porque havia introjectado algo que talvez não seja bem verdade: não gosto de animais de estimação. Repito sempre isso pra me convencer da assertiva. Mas, se puxar pela memória... Há alguns anos era eu que - apesar de detestar passarinho em gaiola - alimentava um papa-capim de meu irmão, que depois, na minha ausência, veio a morrer, aparentemente de fome. Também era eu o único que dava banho no último cachorro que habitou esse lar, o pinscher Kiko. Hoje em dia eu sempre me lembro de checar a alimentação de outro bichinho que veio parar aqui... Talvez eu não seja tão avesso a bichos como gostaria. É que já tenho muito com que me preocupar, e já sou bastante apegado a gente - espécie que nem sempre merece - eu acho.
O fato é que o filme, ao contrário do que sugere a maldita sinopse, não é apenas um trilher à la Os Trapalhões falando das travessuras de um cachorro aloprado e amoroso. É muito mais que isso... É uma história autobiográfica de um talentoso jornalista e de sua bela família, com todos os momentos do cotidiano que vão com certeza fazer você se identificar com a família Grogan em alguma cena.
Uma ótima opção para sua noite de domingo se você, mesmo com esse belo dia de verão, não foi pra praia.
Para mim foi uma excelente oportunidade para perceber o que talvez desde a morte de meu piquenês Twiki - hoje enterrado sob o concreto que cobre o quintal da casa de meu pai - há mais ou menos 27 anos, eu tenha tentado evitar: não sou assim tão antipático aos caninos. E mais, é um filme capaz de revelar o lado mais humano de pessoas especiais, mesmo das mais reservadas!

9 comentários:

Anônimo disse...

O livro é lindo. lindo. Vale a pena ler .

Anônimo disse...

Érico Borgo:

Antes que me chamem de insensível, "anti-canita" ou coisa parecida, já começo esta crítica informando que não consegui segurar as lágrimas ao final de Marley e Eu (Marley & Me, 2008). Mas bem que tentei (o que me rendeu uma dor de cabeça que durou horas). Acontece que o clímax é mestre numa universal forma de manipulação melodramática que encadeia todos os mais sofridos acontecimentos e frases possíveis. Dessa forma, segurar as lágrimas beira o impossível. Mas é perfeitamente possível odiar tê-las vertido.

O filme dirigido por David Frankel (O Diabo Veste Prada) adapta o livro do colunista do Philadelphia Inquirer John Grogan. Best seller recente, o romance reúne as memórias do autor sobre seu labrador Marley e relata "as importantes lições de vida que seu cachorro neurótico o ensinou".

O grande problema é que não vejo as tais "importantes lições" prometidas na sinopse do filme e no material de divulgação que o casal Grogan (ele é vivido por Owen Wilson, ela por Jennifer Aniston) extrai de seu cachorro. Trata-se de um drama sobre maturidade, sim. Sobre um homem aprendendo a lidar com suas responsabilidades. Mas o cão... esse é mera desculpa estética e medida de tempo, já que a história começa com sua compra e termina na sua velhice. A relevância do animal à história é quase nula.

O filme até tenta - dá inúmeras pistas que a chegada do cachorro possa estar mudando seu dono, mas elas se restringem a comentários de terceiros, que percebem como Marley virou assunto da coluna que o protagonista escreve. O roteiro da adaptação, escrito a quatro mãos por Scott Frank e Don Roos, falha ao efetivamente demonstrar essa importância, talvez pressupondo que o público já a conheça das páginas impressas.

O cachorro torna-se dessa maneira apenas um conforto visual, um facilitador, numa história que - seja qual for a mídia - julguei lamentável, de alguém conformando-se ao que outras pessoas esperam dele na vida.

Ao longo do filme, o personagem e autor do romance auto-biográfico passa de alguém que nutria sonhos a um sujeito enjaulado num cotidiano medíocre. Vai trabalhar como colunista (ele queria ser repórter), vai morar no bairro que detestava (pela segurança), recusa a oportunidade de uma vida...

É inacreditável como as pessoas consumiram essa história e exaltaram esse livro simplesmente por um cachorro! Ok, estou exagerando... não apenas pelo cachorro, mas por um final (e não me refiro ao destino do bicho) "feliz" que faz com que todas as pessoas que já desistiram de seus sonhos e adequaram-se resignadas ao conceito mais clichê possível de família, aquela coisa de comercial de margarina, sintam-se um tantinho mais felizes consigo mesmas.

Ao meu ver pessoas assim precisam de um chute no traseiro, não de tapinhas nas costas. Que saudade do cinema que mostrava um Roy Neary abandonando tudo e todos em nome do desconhecido em Contatos Imediatos do Terceiro Grau... Mas esse sou apenas eu. Para os conformistas, Marley & Eu merece nota máxima. A minha é mesmo abaixo da média. E só não é pior porque o cachorro é fofo, fofo...

Anônimo disse...

Fiquei feliz em ler seu relato, amei!!!! Logo, logo vc vai relatar que adotou um cachorro de rua... e vai perceber que na verdade quem nos adota são eles e quem ganha somos nós os bichos humanos.

Anônimo disse...

Rock da cachorra

Troque seu cachorro por uma criança pobre
Sem parentes, sem carinho, sem rango e sem cobre
Deixe na história da sua vida uma notícia nobre

Troque seu cachorro... (4 vezes)
Troque seu cachorro por uma criança pobre

Tem muita gente por aí que tá querendo
Levar uma vida de cão
Eu conheço um garotinho que queria ter nascido
Pastor alemão
Esse é o rock-despedida prá minha cachorrinha
chamada suamãe

É pra suamãe... (4 vezes)
Esse é o rock despedida pra cachorra sua mãe

Seja mais humano, seja menos canino
Dê guarida pro cachorro mais também dê pro menino
Senão um dia desses você vai amanhecer latindo (Eduardo Dusek)

Aqui no Brasil, como no resto do mundo, com tamanha desigualdade social, crianças órfãs, deixadas as margens da sociedade, mal assistidas, carentes, sem educação, carinho, famintas de comida e amor, necessitando de um lar, por que não se adota uma?

Gaste com ela, a metade do que gasta com seu cãozinho. Tenho certeza de que será uma criança a menos passando fome. E que o sorriso nos lábios de uma criança é mais satisfatório, que animais criados em cativeiro, sejam ,aves, tartarugas, hipopótamos, onças ou macacos, e cães e gatos criados como socialites. Como disse Eduardo Dusek, TROQUE SEU CACHORRO, POR UMA CRIANÇA POBRE...

FÁBIO SIQUEIRA disse...

O blogueiro não tem cachorro de estimação!

Anônimo disse...

Em resposta a "O blogueiro não tem cachorro de estimação!"

Caro Fábio, tenho algums cachorros e três crianças; adote algumas.

Unknown disse...

Olá Fábio,

Sou suspeita, pois vc. sabe o qto gosto de bichos, sobretudo do meu Carlinhos, mas confesso que adorei seus comentários sobre "Marley e eu". É inegável a aprendizagem cotidiana a partir do contato com essas criaturas, por isso lembro sempre de Clarisse Lispecto, "eu não humanizo os animais, eu me animalizo." É verdade, qdo os adotamos os ganhos são imensos. Bjs.

FÁBIO SIQUEIRA disse...

Verinha,
Obrigado pelo comentário!
É bom saber que vc prestigia o bloguinho.
Pois é, vc sempre sensível e lúcida!
Bj.

Pra ficar bem claro, o blogueiro acha ótima a música de Dusek e a mensagem subliminar da sua ironia. Mas como revela o anônimo das 07:08 de ontem, não é necessário descartar os animais para cuidar de crianças. Inclusive, na história de "Marley e Eu" o labrador prepara o jovem casal para a maternidade/paternidade!
Particularmente no meu caso, hoje me dedico intensamente a cuidar de meus dois amados rebentos. Por hora, penso não há recursos nem energia para mais crianças, e talvez nem mesmo para um labrador sapeca!
Quem sabe amanhã?

Anônimo disse...

Olá Fábio,
Lí o livro e me apaixonei. Ví o filme e amei!!!
Abraços,
Norma