quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O Muro e seu Fim

Com o objetivo de refletir sobre as implicações sociais, econômicas e ideológicas da Queda do Muro de Berlim (e sobre seu poder precipitador da derrocada do regime soviético), damos a palavra a um autêntico "craque" das ciências humanas:
- Pergunta: "Passados 20 anos, qual é o legado político e econômico da queda do Muro de Berlim?
- Hobsbawm: O legado econômico é certamente menos dramático do que o político. Economicamente significou a destruição do que restava de um sistema socialista planejado na União soviética e na europa do leste _ que já estava em declínio _ e a integração da antiga região socialista à economia capitalista global. (...) Outro efeito da queda do muro foi a destruição de um sistema internacional estável. Isso porque se atribuiu aos EUA a ilusão de que poderiam, como única superpotência global, exercer sua hegemonia no mundo todo _ o que acabou por transformar o mundo no lugar perigoso de hoje em dia."
- Pergunta: "A queda do muro representou o calapso do pensamento de esquerda?
- Hobsbawm: Ela simbolizou, mas não foi a causa, da crise do pensamento de esquerda, que já vinha desde os anos 1970.
Estritamente falando, ela apenas demoliu a crença de que o socialismo de corte soviético (economia planificada comandada por um Estado centralizador que eliminou o mercado e a iniciativa privada) era uma forma factível de socialismo.
Na verdade, como foi a única tentativa de realizar o socialismo na prática, seu fracasso desencorajou os socialistas como um todo _ embora a maior parte deles tenha sido crítica do sistema soviético.
Entretanto as raízes da crise da esquerda retrocedem ainda mais. Ela ainda não chegou ao fim, mas o colapso do caputalismo financeiro global 2008-9 _ que foi uma espécie de queda do Muro de Berlim para a ideologia neo-liberal _ oferece uma chance de reabrir as perspectivas para a esquerda. Mas, espera-se, em uma base mais realista do que no passado."

Fonte: F. de S. Paulo (08/11/09)

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