Há uma velha discussão sobre o significado e o potencial da UENF no que se refere ao desenvolvimento da cidade. Muitos consideram que apesar de já criar raízes em campos, a Universidade continua fechada intramuros. Que sua produção acadêmica de excelência ainda não cumpriu o papel sonhado por Darcy Ribeiro de funcionar como um instrumento capaz de mudar o panorama da região a partir de um singular modelo de Universidade, comprometido com a vanguarda científica.
Há que se reconhecer o esforço do atual Reitor, Professor Doutor Almy em mudar este quadro e integrar a Universidade à Campos, inclusive com maior diálogo institucional com outras instituições públicas de Ensino Superior.
Mas ontem a noite pude constatar que é inegável a importância da comunidade da UENF para outra dimensão da sociedade também privilegiada por Darcy: a cultura.
Começando a sentir o gostinho das "férias" fui conferir um dos melhores programas de Campos que raramente tenho oportunidade de ir, em função de compromissos nas primeiras horas das manhãs de terça, o "sambinha da segunda" como é carinhosamente chamado por uma amiga.
Rendo aqui minhas homenagens ao pernambucano Fernando Saboya, Professor da Engenharia na UENF, radicado aqui há mais de 10 anos e que já faz por merecer o título de cidadão campista - que bom que ontem também por lá estava um dos mais novos vereadores da cidade!
Saboya, "mas não afunda" e lidera há tempos a mais animada e antiga roda de samba em atividade na planície. Lembro-me do início desta história no antigo Espaço mais que perfeito do gente boa João Bom Cabelo - que reencontrei após anos, com uma cara ótima, no show do Casuarina semana passada, o que me deixou muito feliz.
Desde então o samba do Saboya mudou de dia e de lugar algumas vezes, mas se consolidou como uma das poucas opções culturais populares e de ótimo nível que permanecem ano após ano por estas plagas.
É verdade que nas rodas da segunda no calçadão da padaria Bougainville e do restaurante Braseirinho, até pelo dia inusitado, a frequencia é majoritariamente da comunidade uenfiana. Mas por lá também passam figuras carimbadas do universo cultural da cidade, e, de resto, o calor acolhedor do samba integra os "estrangeiros" que como este blogeiro se esgueiram entre os passistas no entorno da roda.
O repertório é impecável e a qualidade dos músicos excelente. O clima é de Lapa carioca. E a turma animada. Ontem, última roda de 2008, havia um frenesi que contagiava os sambistas e o público - onde visivelmente se reuniam grupos que confraternizavam antes das férias - e a tal animação se estendeu até as 02:00 com um pout-pourri aparentemente interminável onde se misturou de Jorge Ben a músicas natalinas e ouviu-se até o hino do Vasco, em "simpática homenagem". Ninguém queria ir embora! E as meninas davam show de "zirigdum" como observou um discreto amigo que preocupava-se com a manhã de terça mas também não arredava o pé. E o universo é democrático. Além de mulatas lindas com seu típico suingue, acompanhei contemplativo uma passista muito branca em sua frenética disposição por toda a noite. Entre generosos copos de cerveja ela sambava feliz entre amigos. Se não me falha a memória ela é capixaba. Os mais belos olhos azuis que já vi circularam pelo calçadão em ritmo de samba se despedindo da cidade e da UENF ao menos até fevereiro, quando o retorno do "sambinha da segunda" foi anunciado pelo Saboya "logo após a Portela ser campeã!" Será?
Valeu a noite!
FOTO: Wellington Cordeiro.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
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3 comentários:
Fábio, vc só não disse o horário...
Olá Flávia,
Não sei se tem hora marcada, mas é a noite.
Ontem começou tipo 22:30.
Nas poucas vezes que consigo ir costumo chegar entre 21:30 e 22:00.
Valeu!
Prezado Fabio
Em nome de todo o grupo agradeço imensamente suas palavras tão gentis.
Saboya
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