Reflexão Oportuna

Sábado iniciou-se a Páscoa. Como em todos os anos, a CNBB promoveu na quaresma a Campanha da Fraternidade. Este articulista, de formação católica – apesar de afastado da rotina da Igreja – costuma reconhecer a importância da maioria dos temas propostos pelos bispos brasileiros para a tal Campanha. Este ano, o tema escolhido pelos católicos para a reflexão no período que antecede a semana santa foi Fraternidade e Segurança Pública. A provocação parece especialmente oportuna para a sociedade campista, que, ente indignada e atônita, assiste a escalada da violência na cidade. Matéria do jornalista Frânio Abreu, publicada aqui na Folha no último dia 05 contabilizava 75 mortos até aquela data no município. Um recorde para nossa tranquila cidade de porte médio, que, sem desfrutar do mesmo desenvolvimento econômico, parece sofrer do mesmo processo que acelerou os indicadores da violência e da criminalidade em Macaé a partir da década de 1980. Ora, mas os efeitos demográficos e os impactos que podem advir da instalação do complexo do Açu na região ainda não se fazem sentir.
Assim, ganha importância a Conferência Municipal de Segurança Pública, anunciada na última quarta-feira e prevista para a segunda quinzena de maio, com o objetivo de integrar o município às políticas de segurança pública implementadas pelo Ministério da Justiça. Programas voltados para o combate à violência, crescente em Campos.
Creio que mesmo uma política ostensiva na segurança, contudo, não será capaz, a curto prazo, de, isoladamente, apaziguar corações e mentes em crise que nos assustam com a onda de assassinatos por toda a cidade. A Educação é instrumento de grande valia para formar cidadãos conscientes e qualificar trabalhadores, promovendo a paz e oportunidades no mercado de trabalho. Assim, tão importante que a integração com o governo federal, seria a ação da SMEC, investindo na formação de nossos jovens e adolescentes mais suscetíveis à ação do crime dito organizado.
Tão importante quanto a investigação de cada assassinato registrado em Campos nestes meses sombrios, é a conscientização do poder executivo de que a pobreza local está na raiz do problema. Numa cidade em que se vulgarizou um clamor pela “Paz”, num apelo politiqueiro, é hora de ouvir o que prega o lema da CF 2009: A paz é fruto da justiça

Artigo publicado na edição de hoje da Folha da Manhã.

Errata: Para ser mais preciso, a estatística de homicídios registrada na matéria de Frânio Abreu, citada no primeiro parágrafo do texto, refere-se ao ano em curso.