sexta-feira, 29 de maio de 2009

1x0: 90 anos do 1º título sul-americano da Seleção

O Campeonato Sul-Americano de futebol de 1919, se realizou no Rio de Janeiro cercado de polêmicas e desconfianças, já que o “velho e violento esporte bretão” ainda não havia se tornado a maior paixão desportiva nacional. O time brasileiro _ Marcos, Píndaro, Bianco, Sérgio, Amilcar, Fortes, Millon, Neco, Friedenreich (Fried), Heitor, Arnaldo. _ venceu o Chile na estréia por 6x0, depois bateu a Argentina por 3x1, e foi fazer a final com o Uruguai. No primeiro jogo decisivo o time da CBD empatou com os uruguaios em 2x2. Então foi marcado um jogo extra para o desempate em 29 de maio. Esse dia iria se tornar um marco na história do futebol no Brasil. Era uma quinta-feira, o governo decretou ponto facultativo nas repartições públicas e os bancos e grandes casas comerciais deixaram de funcionar. Uma grande expectativa e curiosidade tomou conta da cidade. Com a partida marcada para as 14 hs, a multidão, com seu material de piquenique, começou a entrar no Estádio das Laranjeiras pela manhã. Iniciada a peleja, os dois times se igualavam em vontade e técnica. Os uruguaios, que reinavam no continente como “celeste olímpica”, passaram a conhecer um novo rival de qualidade. Com o tempo normal finalizado em 0x0, o jogo foi para prorrogação. No fim dos 30 minutos regulamentares os uruguaios atacaram com ferocidade o gol brasileiro e o nosso goleiro Marcos Mendonça fez a defesa do jogo (mais tarde lembrada em seu diário como “a maior defesa da minha vida”), levando a partida para novo tempo extra. Os times estavam exauridos tanto física como emocionalmente. O gol decisivo e consagrador saiu dos pés de Friendenreich aos 3 minutos do 1º tempo da 2ª prorrogação. A jogada do gol é narrada assim pelos cronistas da época: Neco avança impetuosamente pela direita e não consegue chutar, chega a linha de fundo e cruza pelo alto para o centro, Heitor finaliza em gol. O goleiro uruguaio Saporiti rebate a bola, o que permite que sua zaga se posicione na frente das traves. Mas a bola rebatida vem à feição para o desenlace de Friendereich, que desfere um chute a meia altura no canto esquerdo do gol uruguaio. Foi o tiro de misericórdia nas pretensões do brioso time celeste. Tal feito além de representar a conquista do 1º título de expressão do futebol brasileiro, colocou em definitivo o futebol no coração de nossa cultura e consagrou Friendenreich como 1º grande ídolo do futebol nacional. O triunfo sobre os uruguaios foi imortalizado por Pixinguinha no choro 1x0. Nas palavras de Mário Filho (no clássico: O Negro no Futebol Brasileiro): “O chute de Friendenreich abriu o caminho para a democratização do futebol brasileiro.”

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