Reminiscência

Agora há pouco, assisti uma cena da novela Caminho das Índias que me fez lembrar nosso saudoso companheiro Lenilson Chaves.
Na gafieira - um dos cenários mais interessantes explorados pela novela no seu núcleo carioca - um casal de personagens enamorados, em contradança mais "caliente", protagonizou um apaixonado beijo, censurado de pronto pelo leão de chácara responsável pelo cumprimento dos "estatutos" da gafieira, que restrigem os beijos entre os casais que circulam pelo salão.
A pitoresca cena me fez lembrar uma ocasião, quando estavamos juntos no Rio para participar de um Congresso de Educação convocado pelo governo do Estado. A noite, resolvemos ir com um animado grupo de colegas à famosa gafieira Estudantina. Curioso, carismático e comunicativo, Nilsinho logo percebeu a presença de uma senhora de idade avançada que, em plena forma e com muita disposição, singrava o salão freneticamente com varios pares. E como de costume, na primeira oportunidade entabulou animado papo com a velhinha. Falou de sua impressão sobre a disposição invejável da dançarina, de como apreciara sua vitalidade e o seu envolvimento com aquele ambiente e com aquela cultura. Deixou claro que viu nela um personagem ímpar, uma espécie de símbolo ou patrimônio vivo da gafieira carioca. E ela, sem demonstrar muita empolgação com a lisonja, retrucou pragmática: "Me dá R$10,00 aí."