quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Os oráculos de nossa imprensa...

O Professor e Cientista político Renato Barreto envia para este blog análise precisa que ilustra exemplarmente a manipulação golpista de fatos e dados que campea na grande mídia, mesmo em textos assinados por medalhões que deviam ter um nome a zelar...
O blog, que modestamente se propõe tribuna democrática de "contra-fogo" está atento, e seus colaboradores também:

MERVAL "O TOSCO"

Após a pesquisa divulgada pelo Data folha que exibe a manutenção da popularidade de Lula inúmeras análises dos números se multiplicaram. Analisar pesquisas é tarefa difícil que ocupa gente profissionalizada e sempre pode produzir conclusões divergentes. Mas o que foi escrito por Merval Pereira no jornal “O globo” de 7 de agosto é simplesmente patético. Ou foi resultado de uma leitura precipitada dos números, ou foi resultado da mais explicita e grosseira manipulação ou as duas coisas.

A leitura do jornalista é que a manutenção da popularidade do presidente se deve ao bolsa família: “Se o pessimismo com o Lula e seu governo só faz crescer entre os de maior instrução e maior renda, não se trata apenas de uma contraposição entre ricos e pobres, mas sim entre os que têm visão crítica mais aguçada, não embaçada por programas assistencialistas”.

É um “raciocínio” ridículo, pois compara a popularidade do presidente nas classes de renda mais alta com a popularidade nas classes de renda mais baixa e produz essa pérola da falta de capacidade de ler números. Ora é preciso analisar cada extrato de renda e vê-los separadamente antes de produzir a leitura.

Então vejamos:

Os extratos com renda mais alta (renda maior que 10 salários mínimos), resultado: 32% de bom/ótimo, 32% de ruim/péssimo e 36% de regular. Há um empate entre aqueles que aprovam e os que desaprovam o governo.

Agora os extratos de classe média (renda entre 5 e 10 salários mínimos),

Resultado: 39% de bom/ótimo e 19% de ruim/péssimo. Neste extrato ninguém recebe bolsa família e mesmo assim a popularidade do presidente é muito alta.

Entre aqueles que ganham até 5 mínimos o resultado é: 52% de bom/ótimo e 12% de ruim péssimo.

Se mudarmos o critério de seleção dos entrevistados para escolaridade temos o seguinte:

Todos os números se encontram disponíveis em:
http://datafolha.folha.uol.com.br/folha/datafolha/tabs/aval_pres_06082007_tb1.pdf

Merval está muito equivocado:

1- A aprovação do governo Lula não se deve ao programa bolsa família. Entre os mais ricos (que não recebem o benefício), o percentual de ruim/péssimo é igual ao de bom/ótimo: 32%.
2- Entre os setores com ensino médio (muito improvável que recebam bolsa família) a aprovação de Lula supera a reprovação em 27%.
3- Os universitários que tem, segundo Merval, maior senso crítico não desaprovam Lula. A maioria deles 36% considera o governo bom/ótimo.
4- Não há nenhuma razão estatística definitiva nos números da pesquisa para afirmar que o bolsa família garante a popularidade do presidente. Outros fatores podem ser listados para explicar esse fenômeno: a volumosa distribuição de renda operada nos últimos anos que tirou cerca de 5 milhões de brasileiros da extrema pobreza.(dados do IPEA). Os bons números da economia com expansão do emprego formal, os incentivos para agricultura familiar, as vagas abertas nas universidades para estudantes carentes com o Pro Uni e demais programas sociais do governo.
5- Além disso, é verdade que o presidente goza da simpatia dos brasileiros e esse afeto está muito relacionado com as percepções políticas dos eleitores como já salientou o cientista político norte americano Philip Converse no seu famoso texto de 1964 "THE NATURE OF BELIEF SYSTEMS IN MASS PUBLICS".
Um abraço.

Um comentário:

Renato Barreto disse...

Fábio o "post" está trocado. O fim está no começo...

Um abraço