sábado, 21 de fevereiro de 2009

Não entendi!

Na noite de quinta-feira prestigiamos o amigo Ely Araújo, que concorreu na categoria "originalidade" no Concurso de Fantasias do Clube Saldanha da Gama - parabéns à diretoria do clube e aos organizadores do evento pela iniciativa!

A fantasia de Ely - intitulada Na Terra da Corrupção que tem Telhado de Vidro anda de Avião, mas não fica na Prisão! - tinha clara referência de sátira a episódios que marcaram a política local ano passado, sendo adequada à categoria. Um dos encargos dos candidatos era descrever a fantasia num texto - leia abaixo. No caso da fantasia aqui mencionada isso era fundamental para a melhor identificação da proposta pelo público.

Assim, não entendi quando os apresentadores do evento adotaram o procedimento de não ler os textos apresentando as fantasias. Ao final do desfile de Ely, ao ser lido apenas o nome da fantasia, houve expresiva aprovação da maioria do público. O episódio contudo não tirou o brilho da participação de Ely, bem como do universo dos candidatos.

O texto não lido, com a descrição da fantasia:

Na Terra da Corrupção que tem Telhado de Vidro anda de Avião, mas não fica na Prisão!

No dia 11 de março de 2008 ocorreu em Campos a Operação Telhado de Vidro, resultado de uma investigação da Polícia Federal da corrupção que assolou o município.

Vários secretários e outros assessores do alto escalão do governo Mocaiber foram presos e levados num avião da Polícia Federal para o Rio de Janeiro. Os moradores de Campos ficaram envergonhados, devido à má fama que a cidade recebeu, e acompanhavam as notícias estupefatos com tanta safadeza!!!

Ocorre que hoje, apenas um dos acusados permanece preso –e nem é de Campos. Os daqui estão desfilando pela cidade, como se nada tivesse acontecido.

Ao longo dos anos, o brasileiro aprendeu a fazer graça da desgraça. Eu, como bom brasileiro, não poderia deixar de fazer graça dessa desgraça, mesmo que não haja nenhuma graça nesse episódio.

A forma caricata com que o tema é abordado, objetiva que seja reativado o senso de justiça dos cidadãos campistas para que exijam que o dinheiro público desviado retorne aos cofres públicos e seja aplicado devidamente em benefício da população.

A casa de vidro na cabeça representa os cabeças da corrupção, que, abarrotados de dinheiro desviado, podem contratar bons advogados e, assim, estar hoje na rua. Êta Justiça injusta!!!

A parte de cima da fantasia, confeccionada com estilhaços de pára-brisa, demonstra como ficaram os campistas estilhaçados de vergonha, raiva, descrédito e com a sensação de impotência.

A parte de baixo da fantasia, com pratos de papelão, revestidos com as notícias veiculadas sobre a Telhado de Vidro, demonstra o cardápio dos campistas a cada manhã servido nos jornais a cada manhã que sucedeu a Operação.

Um comentário:

Gustavo Landim Soffiati disse...

Fábio,

Como você sabe, também pensei em publicar algo sobre o assunto, mas, mais ou menos como seu blog, o meu vem passando por um inferno astral...
De qualquer forma, queria registrar também que, ao final do desfile de Ely (que entrou na passarela sem que nem a fantasia dele fosse anunciada), o apresentador do evento, Ricardo Silva, chegou a perguntar o que o concorrente estava representando. Com isso, muito do brilho da performance foi perdido.