segunda-feira, 9 de março de 2009

No tabuleiro da sucessão

Ao longo das últimas semanas, matérias neste e em outros jornais e diversas notas em blogs e colunas políticas tratam de forma recorrente o assunto da sucessão ao governo do Estado. A tendência tem sido uma análise precipitada, que desde o anúncio do governador Sérgio Cabral de sua intenção em disputar a reeleição – abrindo mão do desejo inicial de compor a chapa da Ministra Dilma Roussef – dá como certa a composição entre PMDB e PT no Rio de Janeiro. Particularmente, acho que não é tão simples assim, tampouco fato consumado.
Quem conhece bem o PT fluminense sabe que muito de sua incapacidade quase crônica em se viabilizar como alternativa real de poder no Estado passa pelos traumas decorrentes da intervenção através da qual a direção nacional do partido solapou a candidatura de Vladimir Palmeira em 1998, garantindo o apoio à Garotinho. Esse não é o único episódio ao longo da última década onde o “Campo Majoritário”, hegemônico no Diretório Nacional, teve de amargar resultados adversos em Convenções regionais no Rio de Janeiro. Antes mesmo da instituição do PED – processo de eleições diretas, por meio do qual os filiados elegem as direções das diversas instâncias partidárias – as bases cariocas e fluminenses já haviam derrotado, por exemplo, o Deputado Luis Sérgio, ex-Prefeito de Angra e então ungido pelo “Campo Majoritário” nacional na disputa pela presidência regional, elegendo o Deputado Carlos Santana. Em 2006, a secretária de Estado de ação social, Benedita da Silva não disputou as eleições, derrotada na convenção estadual. Uma articulação que envolveu Vladimir – enfim candidato ao Governo, Jorge Bittar, Godofredo Pinto e Lindberg Farias impediu sua candidatura ao Senado viabilizando a composição com o PCdoB, envolvendo a candidatura de Jandira Feghali.
Há cerca de três semanas, no Encontro de Prefeitos promovido pelo governo federal em Brasília, o Prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, conversou com o Professor Luciano D’Angelo, militante do PT local. Demonstrou irritação com as matérias na imprensa onde o próprio governador chegou a especular uma candidatura dele para o Senado – de forma a acomodar a aliança com o PT – e disposição em levar adiante uma pré-candidatura “pra valer”. Lindberg é jovem, tem energia e carisma. Pode ser uma alternativa viável a uma composição com um governo que, apesar de manifestações explícitas de adesismo a LULA, ainda não correspondeu a expectativa da população do Estado.


Artigo publicado na edição de hoje da Folha da Manhã.

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