segunda-feira, 11 de maio de 2009

Para além da pasagem a R$1,00

Na manhã da última sexta-feira, avistei na Av. 28 de março um coletivo novo de uma tradicional auto-viação do município. Infelizmente o veículo não integra um novo padrão, numa lógica de renovação de frota que deveria ser exigida e até financiada pelo poder público concedente. É uma exceção pontual.
Uma semana após a implantação da passagem a R$ 1,00, o cenário do transporte coletivo na cidade, no que se refere a qualidade e conforto, permanece quase o mesmo, com indícios preocupantes de promiscuidade na relação entre o transporte oficial e os chamados "alternativos". Há suspeita de que empresas estariam sublocando linhas a concorrentes piratas. Se confirmadas, seria um contrasenso absurdo por parte de quem vive se queixando de concorrência desleal.
Por outro lado, tal qual tiriricas, as kombis e vans caindo aos pedaços demonstram grande poder de resistência e reprodução. Apesar de comentários nada elogiosos à prefeita, entreouvidos ao pé dos pilares do viaduto que leva seu nome, o transporte clandestino enfrenta de forma competitiva a "tarifa cidadã".
O usuário até aqui ganhou no aspecto econômico, o que não é pouco. Mas continua muito mal servido, quando não literalmente a pé. Em se tratando de um importante serviço público, seria fundamental que, após quatro meses de gestão, a Prefeitura e a EMUT atentassem para aspectos como racionalidade das linhas, padrão da frota, cumprimento de horários e regulamentação do trasnporte "alternativo". Uma política realmente séria deveria se estender à contratação de uma consultoria técnica qualificada, para rever amplamente o sistema – incluindo alternativas como as ciclovias e formas de transporte integrado – além de regulamentar o transporte clandestino, pondo fim a bandalha atual e utilizando-o como alternativa para linhas que não garantam retorno às empresas concessionárias.
Por enquanto, o belo carro verde que chamou a minha atenção é apenas uma amostra da qualidade que deveria ser universal na prestação deste serviço aos cidadãos campistas, para além, e até mesmo em função, dos subsídios ora destinados ao setor.


Artigo publicado na edição de hoje da Folha da Manhã.

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