segunda-feira, 31 de agosto de 2009

“Jornaleiro qual é o meu jornal?”

Há duas semanas atrás testei aqui a paciência dos que se propõem à leitura semanal destas linhas com uma ficção futurista sobre a hipotética aventura de um pesquisador ao investigar o passado de uma determinada cidade imaginária. Na oportunidade, adotei uma premissa arriscada, segundo a opinião de muitos que entendem de mídia: a permanência dos jornais como veículos de comunicação influentes nas sociedades humanas daqui a cinquenta anos. O assunto dá um bom debate.
Nesta breve provocação, nossa intenção é questionar os trunfos destes periódicos para manter seu charme e relevância enquanto mídia que pretensamente “forma opinião”. Eis aí um mito ou um fato? Até que ponto, e até quando os matutinos cumprem e cumprirão – ou cumpriram – este papel?
Questiono tudo isso sem deixar de ter na perspectiva a imprensa local. Campos, como todos sabem, é uma das cidades médias brasileiras onde a imprensa escrita tem mais tradição. Sou leitor assíduo desta mídia há quase 30 anos – comecei a ler jornal bem cedo! O título deste artigo cita um jingle deste jornal, anúncio de rádio do fim da década de 70. Jamais o esqueci, nem deixei de ler a Folha e outros jornais locais ao longo de todos esses anos – onde, se não me falha a memória, chegou a haver momento com cinco periódicos em circulação concomitante nesta cidade. Qual será a relação de meus filhos, que hoje já manuseiam estes jornais – onde a pequena Fabiana já identifica algumas palavras – com eles ao longo dos próximos anos?
Não dá pra desconsiderar que o computador – e os lap tops de brinquedo – exercem sobre os petizes mais encanto que os jornais, aos quais, entretanto, insisto em aproximá-los. Qual serão a estratégia e a linha editorial capazes de manter, em breve, adolescentes críticos entre os leitores e assinantes dos jornais?
Campos é hoje uma cidade média com perspectivas de crescimento: pólo universitário, orçamento público robusto – graças á receita dos royalties do petróleo – e referência numa região que tende a crescer ainda mais, graças à própria economia do petróleo e a mega empreendimentos que aportam por aqui. A tendência é que uma mentalidade cosmopolita substitua traços de provincianismo e outras características conservadoras da sociedade local. Modernização do discurso e coexistência respeitosa com outras mídias ágeis e dinâmicas com forte apelo junto aos tradicionais leitores de jornal parecem bons caminhos para o sucesso dos periódicos que sobreviverem às próximas décadas junto às futuras gerações.

Artigo publicado na edição de hoje da Folha da Manhã.

3 comentários:

Splanchnizomai abraçando o amanhã. disse...

Parabéns! Texto muito bom! Gostoso de ler.
Não vou falar mais para não impedir que outros venham, pois seria um desperdício não lerdm sua postagem.

Que Jesus o abençoe como também a sua família.

Rosângela

a hiena disse...

Esse artigo, Fabinho, lhe assegura um bom lugar na próxima edição da Feijoada da Folha. Não dá para atribuir credibilidade e qualidade a uma imprensa que sempre viveu as custas dos governos que se alternaram e/ou se perpetuaram, emitindo uma opinião amoldada a isso.

xacal disse...

"(...)
Modernização do discurso e coexistência respeitosa com outras mídias ágeis e dinâmicas com forte apelo junto aos tradicionais leitores de jornal parecem bons caminhos para o sucesso dos periódicos que sobreviverem às próximas décadas junto às futuras gerações."

Resumindo, a partir de suas próprias e sábias palavras, só há um lugar para esse ex-jornal(aquele o qual não devemos nominar): o lixo da História...