quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O legado de Nilo Peçanha

Mulato, nascido em Morro do Coco, gostava de dizer que foi criado com pão dormido e paçoca. Era filho de um padeiro, formou-se em Direito e casou-se com uma representante da aristocracia rural campista.
Em um artigo no Diário de Pernambuco, no ano de 1938, Gilberto Freire escreve que “Nilo Peçanha foi até hoje a melhor afirmação na arte política” do Brasil. O único presidente campista participou ativamente da luta pela abolição da escravatura, junto com José do Patrocínio e outros e do movimento em prol da República.
Sua vida política teve início quando foi eleito para a Assembléia Constituinte de 1890. Foi Presidente do Estado do Rio de Janeiro (atual cargo de Governador), Senador, Ministro de Relações Exteriores e Presidente da República, após a morte de Afonso Pena.
Com a chegada ao maior cargo político do país, Nilo Peçanha criou o Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, o Serviço de Proteção aos Índios, que posteriormente deu origem a FUNAI e incentivou a construção de ferrovias em todo o Brasil. Assinou em 23 de setembro de 1909, a lei que criava as Escolas de Aprendizes e Artífices, instituições de ensino técnico. Atualmente elas recebem a nomenclatura de Institutos Federais e / ou CEFET. O objetivo dessas escolas era educar “trabalhadores livres”, “os despossuídos de fortuna” numa sociedade recém saída da escravidão. Nilo incentivava também o trabalho feminino nas repartições públicas.
Sua gestão a frente da Presidência da República foi marcada por uma intensa agitação política, motivada pela divergência política com Pinheiro Machado, líder do Partido Republicano Conservador.
Nilo Peçanha permaneceu apenas dois anos como Presidente da República, mas certamente tem lugar privilegiado na história do Brasil, podendo ser considerado um estadista, um homem público voltado para servir ao seu país, pensando nas próximas gerações.


Marcel Cardoso cursa Licenciatura em Geografia no Instituto Federal Fluminense, onde exerce a função de Presidente do Diretório Central dos Estudantes.

Artigo publicado na edição de ontem do Monitor Campista.

2 comentários:

Gustavo Carvalho disse...

Brilhante Marcel! Pergunta que não quer calar: existe algum trabalho acadêmico sistemático e abrangente sobre o Nilo Peçanha e as políticas públicas formuladas por ele???

Gustavo G. Lopes disse...

Belo texto Marcel. E ainda tem gente...alguns são até professores de História...que só conseguem enxergar política oligárquica no moço de Morro do Coco. Ainda celebrando o seu centenário, o IFF lançará um livro que tem um dos seus capítulos dedicado a Nilo "Paz e Amor".