A Praça da República foi um dos símbolos do desgoverno de Mocaiber em seu epílogo. A obra de reforma, licitada e iniciada, foi suspensa pela empreiteira contratada que alegou falta de pagamento para tal. Situada na área central da cidade, ao lado da estação rodoviária Roberto Silveira – que também vai ser finalmente reformada segundo anúncio da CODEMCA – esta praça também é vizinha de um complexo de escolas que inclui o Colégio XV de Novembro, o CEMSTIAC e o Colégio Nilo Peçanha, além do prédio onde tradicionalmente se situa a coordenadoria regional de educação, hoje CRNF-1, também atualmente sendo reformado.
A degradação do espaço físico da praça se fez acompanhar nos últimos anos pela prática visível da prostituição nos seus arrabaldes. O fenômeno, recorrente em áreas urbanas onde se localizam terminais rodoviários, deve ter sido potencializado pela concessão pública para a instalação de bares em estruturas de quiosques naquele espaço público. A instalação de estabelecimentos com estas características em praças já é algo polêmico. Num entorno repleto de escolas, por onde circula diariamente centenas de jovens e adolescentes, acho que é consensualmente indesejável. No mínimo, facilita o consumo de bebidas alcoólicas pela juventude, sem aprofundar o debate sobre outros vícios e delitos oportunizados pelo ambiente que ali se instalou nos últimos anos.
O articulista não pretende dar um tom moralista ao discurso. Nada temos contra as meretrizes e seu direito a exercer seu ofício. Não obstante, cabe ao poder público zelar também pela ordem urbana e preservar estudantes adolescentes e jovens do assédio do que eles ainda não têm a responsabilidade legal para conviver, ou é simplesmente ilícito. Esta ação não se dá apenas pelo poder de polícia. Planejar e ordenar a ocupação das áreas públicas também é uma forma de promover o bem-estar social. E, nesse caso, também o lazer. Veja bem que ali já houve boas iniciativas de ocupação da praça pela juventude para práticas esportivas, que sucumbiram à degradação do ambiente.
Aguardo ansioso o fim da reforma em curso ali. Vejamos se o governo da “mudança”, caracterizado por discurso religioso de forte apelo moral é capaz de mudar a cara daquela paisagem.
Artigo publicado na edição de hoje da Folha da Manhã.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
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Um comentário:
Todos estudos sérios sobre o fenômeno da corrupção tentam abordá-lo com o máximo de objetividade possível (por mais urgentes e legítimos que sejam nossos juízos de valor). Portanto, as diferentes formas de corrupção são fatos sociais (eventos relacionais, formas pactuadas de convivência, estratégias de sobrevivência e lutas de poder/reconhecimento, etc) construídos historicamente. Quando "medimos" a qualidade da vida pública pela presença/intensidade de corrupção estamos confinado a agenda política à administração de custos e não exercitando o fundamental: a imaginação do futuro! Contudo, existem comportamentos sociais que são intrinsecamente anômalos: a corrupção sociopática e predatória não permite nem a existência de uma "corrupção economicamente sustentável". É claro que tal patologia coletiva só se reproduz viroticamente quando os atores sociais abdicam de um mínimo de responsabilidade. Isto é, quando as elites abdicam de seu papel construção da hegemonia (a direção intelectual/moral)da sociedade e o cidadão comum pergunta "e eu com isso?" Avante!
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