sábado, 12 de julho de 2008

Um debate necessário.

Na quarta-feira, exibimos aqui charge do Junião que antevia a polêmica que marcaria a semana. A Polícia Federal reafirma sua posição de entidade mais republicana do país e prendeu vários envolvidos em crimes financeiros e indiciados como beneficiários de corrupção e desvio de dinheiro público. Um destes personagens, o notório especulador Daniel Dantas, amigo de vários políticos, financiador de campanhas e com interesses em negócios escusos envolvendo fundos de pensão e serviços públicos em setores estratégicos, foi preso e solto por duas vezes por ingerência do STF - tão moroso em várias questões de interesse social - que prontamente atendeu os recursos da poderosa banca de advocacia contratada pelo criminoso de colarinho branco.
A alegação do Ministro Gilmar Mendes é de que não havia fundamentos para se manter a prisão. Este blogueiro, idiota confesso, se pergunta: por que uma menina adolescente permaneceu semanas presa e seviciada numa carceragem masculina no Pará? "Havia fundamentos" para tal absurdo? Obvio que não! Mas porque então a Egrégia Corte não se pronunciou? Porque a menina não mora em uma cobertura na Vieira Souto e, mesmo que tivesse dinheiro, talvez não tivesse articulação suficiente para contratar um dos melhores advogados do Brasil como fez o Orelhudo. Isso revela a profunda desigualdade e injustiça presente em nossa sociedade e à qual o Judiciário está a serviço. Mas, felizmente, aparentemente a PF não. Para ser justo, devo dizer que onde disse o Judiciário, devo dizer parte dele, ou o STF. Isso para fazer aqui uma justa deferência ao Juiz Fausto de Sanctis e à Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que emitiu nota apoiando o magistrado de São Paulo e repudiando a atitude do Presidente do STF, Gilmar Mendes, contra ele (veja aqui).
Na verdade, o que distingue Gilmar Mendes e os políticos em geral aos olhos da opinião pública? Por que sua atitude não causa tanta indignação na sociedade quanto os outros desmandos praticados pelos que exercem os outros Poderes? Será que a montanha de dinheiro encontrada na própria investigação - reservada pelo Orelhudo para subornar os policiais - não comprova que sua liberdade pode comprometer o inquérito e o processo?
É cada vez mais urgente o debate sobre o controle social sobre o STF e o Judiciário!

Um comentário:

Anônimo disse...

O grande problema é que tanto os ministros do supremo como outros cargos do judiciário (desembargadores, etc) são indicações (nomeações) políticas. Se ainda fosse por listra tríplce com os melhores juizes seria aceitável, mas do jeito que é hoje...