terça-feira, 25 de novembro de 2008

Mensagem ao Partido em xeque

Já manifestamos aqui recentemente nosso desapontamento com o comportamento do Ministro Tarso Genro no episódio das medidas administrativas que desgastaram o Delegado Protógenes Queiroz no processo que envolve a Operação Satiagaha. Decepcionante a aparente proteção a Daniel Dantas por parte de quem capitaneou a organização do campo político que atraiu muitos militantes petistas - inclusive este blogueiro - ao questionar no último Congresso do PT e no último PED as práticas e os métodos do hegemônico CNB - também conhecido com Articulação ou ex-Campo Majoritário - que determinaram erros políticos na condução do partido e comprometeram o governo LULA sobretudo no episódio da crise do Mensalão.
Ora, o Mensagem ao Partido surgiu articulado por Genro e propondo a "refundação" do partido. Apesar da retirada do termo da tese mais adiante, fundamentalmente o texto que deu origem ao campo proclamava a necessidade de um retorno à prática política caracterizada pela ética e por uma conduta republicana na gestão petista e pela reafirmação do caráter de esquerda e do compromisso social por governos petistas.
Pois bem, na semana passada os papéis se inverteram e Tarso sofreu uma descompostura pública do ex-Ministro José Dirceu, idealizador e prócer do ex-Campo Majoritário.
Em seu blog o Comissário criticou Genro por defender a reforma trabalhista "em um seminário na Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre os 20 anos da Constituição de 1988 (...) na presença do presidente da entidade, Armando Monteiro Neto, e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso."
Dirceu estranhou o discurso do Ministro, célebre advogado trabalhista, que tentou apresentar uma estranha distinção entre a "flexibilização da legislação trabalhista" e a "flexibilização de direitos" que rechaçou. Genro teria recorrido a exemplos europeus de novas formas de contratos de trabalho, sem comprometimento de direitos básicos.
Ainda assim, ponderou Dirceu: "Todos se surpreenderam com a proposta, já que ninguém havia citado a referida reforma como prioritária no momento em que o país vive."
E arrematou: "Falar em reforma da previdência e trabalhista agora me parece, no mínimo, uma imprudência."

Ao que parece, se sucedem as trapalhadas de Genro e perde consistência o Campo que atraiu militantes interessados na retomada de princípios e práticas caros ao velho PT. O Campo, que nunca foi muito orgânico, desarticula-se em função de interesses personalistas e pragamáticos de lideranças que o compõe e de equívocos de seu principal líder e mentor.

3 comentários:

Anônimo disse...

Quem diria hein, professor vc tendo GAROTINHO como fonte de informação, quanta decepção, no fundo eu sabia q sua raiva era amor retraido.

Anônimo disse...

Duvidar da independência de Fábio só pode ser má fé! Além disso, as informações do blog Garotinho são públicas e sensus comunis no campo político. Acontece que a opinião de uma tor político em atividade (portanto jogando o jogo) tem um outro peso. Só um maniqueísmo pedestre pode achar que o debate público é tão simplório. Um outra lição básica da política é: quem não sabe o que pensa (e como se posiciona) o adversário não tem competência para competir!
É minha opinião.
Gustavo

FÁBIO SIQUEIRA disse...

Bem, demorei tanto a responder ao meu - minha ? - decepcionado (a) comentarista anônimo (a), que o amigo e colaborador Gustavo lemos o fez antes, quase de "bate pronto". Peço perdão pela demora que não se deve a destenção... dias difíceis!

A réplica de meu amigo e "defensor" me contempla. Pegou "na veia"! Se fosse um disparo para o gol garantiria sua escalação no ataque do seu combalido Vasco da Gama, tão carente de gols. Rs,rs,rs

Apenas uma ressalva. Com relação ao Governador não há "amor", nunca houve "raiva", tampouco ódio.
Houve críticas - e estão mantidas - num contexto determinado. Não tenho "fé" fatalista em uma hipotética sina de equivocos em gestões do casal. Aqui faço análise, que não é isenta mas é leal. Divergência, quando há, não exclui o respeito. E não temos preconceitos!