sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Conversando com educadores...

Comentário anônimo publicado hoje no post sobre o funcionamento do Shopping Avenida 28 de Março no feriado de ontem:

"A nova secretária de educação retornará com a aprovação automática.
Temos que nos manifestar.
Blog é interessante, porém é elitista.
Temos que utilizá-lo também, contudo a prioridade são os meios de comunicação de massa.
Qual é a postura do SEPE?"

Colho a oportunidade para dialogar com este e outros questionamentos sobre a Educação e a rede municipal dirigidos a mim na blogosfera, inclusive em outros blogs.
Dias atrás um outro comentarista cobrou minha posição sobre a defesa da eleição direta para diretores de escolas da rede que está na REDE em post d'A TroLha. Hoje, fui chamado de "fútil" no Razão e Crítica, do Maycon - não sei bem porque! Mas o comentário se referia à "categoria" perante a qual tenho responsabilidade de representação sindical.

Enfim, comecemos pela eleição para diretores de escolas. Tanto este blogueiro quanto o SEPE defendem este método como forma de implementar a gestão democrática na rede muinicipal. Esta reivindicação faz parte do documento encaminhado pelo SEPE a todos os candidatos a Prefeitura no último pleito, inclusive à Prefeita Rosinha. Posteriormente, fui portador do mesmo documento, entregue ao coordenador da equipe de transição Roberto Henriques, em oportunidade onde tratamos ainda da necessária equiparação salarial das pedagogas da rede aos outros especialistas de nível superior lotados na SMEC. A defesa da proposta é uma posição institucional clara e pública do SEPE, bem como reflete a opinião pessoal desse blogueiro. Assim o Comentários está se integrando à campanha - que já recebeu outras adesões importentes na blogosfera local - e conclamando a REDE BLOG a apoiar essa iniciativa dos blogs das Professoras Hilda Helena e Mônica Martins.

Sobre a aprovação automática, após ler o post do Xacal sobre o assunto (leia aqui), fui ler o artigo da Professora Maria Auxiliadora Freitas na versão online d'O DIÁRIO(leia aqui).
Considero precipitadas as interpretações de que a futura Secretária aponta em seu texto para a retomada da aprovação automática em sua gestão. A tentativa de discutir o tema de forma ponderada e "sutil", pode relevar um impulso de vaidade, no sentido de não reconhecer o total fracasso do modelo por aqui, onde já foi a responsável pela pasta há alguns anos, mas não pauta necessariamente a sua retomada. É bom lembrar que na campanha de Rosinha esta reiterou seguidamente na TV - no horário eleitoral gratuito e em debates - e em comícios que em sua gestão não haveria a aprovação automática. Vamos cobrar essa promessa! No município do Rio o SEPE tem sido firme e atuante enfrentando a ofensiva de César Maia nesse sentido. Aqui, vamos usar os meios necessários para mobilizar a categoria e buscar o apoio da sociedade contra este equívoco.
Concordo com o comentarista quanto ao fato de que o acesso aos blogs ainda é restrito a uma elite, e que precisamos dispor de formas mais populares de comunicação, sobretudo do rádio. Mas isso não quer dizer que os blogs sejam "elitistas". É necessário promover a inclusão digital na rede minicipal. Assim, aumentaremos a base social da democrática blogosfera e seu potencial na promoção de políticas populares.

12 comentários:

xacal disse...

Caro Fábio,

O fato de negarem sua aplicação na campanha não é garantia alguma da não-implementação...vide outros temas...

A abordagem da secretária, piegas e maniqueísta, segue o roteiro traçado pelas hostes da lapa..desqualificar o debate, rotular os críticos e prevalecer a vontade autocrática deles...essa é a tradição, e nenhuma atitude até agora nos credencia a pensar que será diferente...

É claro que vc, como outros integrantes do movimento sindical não podem embarcar no tom do xacal, sob pena de inviabilizar a interlocução, já falamos sobre isso...

Mas é bom para o SEPE e professores adiantar a discussão, para não serem pegos de "surpresa"...

Não vai aqui nenhuma "aula" de "padre nosso ao vigário"...sei o lugar da TroLha...mas não custa questionar a fala da secretária...política se faz, como vc bem sabe, de atos e símbologia, expressa nos discursos...

um abraço...e viva o livre debate...feliz 2012...

FÁBIO SIQUEIRA disse...

Valeu Xacal!

Feliz 2009 p/ vc - na medida em que vc classificar possível...
E "feliz 2012" tb!
Abs.

Anônimo disse...

Cresce a influência dos blogs na América Latina

Um estudo aponta que a blogosfera está cada vez mais consolidada na América Latina, impactando mais pessoas e crescendo ainda mais que a internet. O trabalho “The Blogosphere in Latin America: An Analysis of the Region’s Webfluentials®” apresenta a tendência de blogar como um meio de comunicação com potencial para impactar, de maneira consistente, os negócios e as organizações.

A pesquisa contemplou os 175 blogs mais acessados na América Latina, segundo os autores, especializados em assuntos diversificados, como tecnologia, política e notícias de interesses gerais.

Este trabalho aponta ainda que os blogueiros latino-americanos devem ser analisados como alvos estratégicos pelos profissionais que utilizam a comunicação digital como estratégica de relacionamentos.

Destaques do levantamento:

Os blogueiros se desenvolveram frente a uma onda de formadores de opinião e influenciadores que atingem jovens, consumidores potenciais e uma nova geração de formadores de opinião. Eles são um meio de interação com o mercado.

Jornalistas são autores de 61 dos 168 blogs pesquisados nos quatro países estudados. A maioria justificou que a liberdade editorial é o motivo principal de manter um blog.

A cobertura da mídia na América Latina entre blogs e blogueiros é difundida. Entre as centenas de artigos revisados durante seis meses, foram encontradas 11.572 menções de blogs e blogueiros nos quatro países estudados.

Um estudo de mercado global com fonte única de pesquisa foi estimado que existissem 9,1 milhões de blogueiros na América Latina em 2007, ou 7% dos usuários de internet latino-americanos. Esta média é apenas um pouco inferior à média dos internautas dos Estados Unidos: 8% deles são blogueiros.

O uso da Internet na América Latina cresceu 590% entre 2000 e 2007, o dobro da média mundial.

MARCOS ALMEIDA disse...

Companheiro Fábio, aí vai matéria da folha de São Paulo sobre aprovação automática e seriadas,
espero que goste. blog do professor marcos almeida;


Sistema de ciclos não piora ensino, diz estudo
Pesquisa aponta que alunos que estudam nesse método apresentam notas bastante semelhantes às dos alunos do sistema seriado

Nos ciclos, estudantes não podem ser reprovados em todas as séries; sistema tem taxas menores de evasão e de repetência de alunos

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Poucos debates educacionais mobilizaram tanto recentemente a sociedade quanto a adoção do sistema de ciclos. Objeto de discussões acaloradas em debates eleitorais, muitos políticos acusaram o modelo de ter piorado a qualidade de ensino com a "aprovação automática" de alunos sem base.
Um estudo a partir do desempenho de estudantes na Prova Brasil (avaliação do MEC que monitora a performance de alunos em português e matemática) traz um pouco de luz à discussão, mostrando que praticamente não há diferença nas notas em sistemas de ciclos -em que a reprovação não ocorre todo ano- e seriados.
O trabalho foi elaborado pelos pesquisadores Naércio Menezes Filho (USP e Ibmec), Lígia Vasconcellos, Sérgio Werlang e Roberta Biondi (os três últimos do Banco Itaú).
Pela primeira vez, eles utilizaram dados da Prova Brasil para comparar os sistemas.
A primeira comparação feita pelos autores do estudo é favorável aos alunos no sistema de ciclos, pois mostra que o desempenho deles nas provas de português e matemática é melhor, variando de uma diferença de 0,9% (na prova de matemática na 8ª série) para 4,4% (em português na 4ª série).

Nível socioeconômico
Isso, no entanto, não é suficiente para comprovar que o sistema de ciclos seja melhor, já que a diferença poderia ser devida ao fato de esses estudantes terem nível socioeconômico mais elevado e estarem em escolas mais bem equipadas.
Para captar melhor o efeito dos ciclos, os autores refizeram o cálculo, mas, desta vez, levando em consideração características das escolas e das famílias -que, já se sabe, têm peso significativo no rendimento.
Em outras palavras, eles comparam estudantes nas mesmas condições e com mesmas características.
O resultado mostra que a diferença passa a ser favorável a alunos no sistema seriado, mas é mínima. Na 4ª série, as notas dos estudantes em escolas que adotam o sistema seriado foi apenas 1% superior, diferença que fica dentro da margem de erro do levantamento.
Já na 8ª série, a diferença é um pouco maior: 1,8% em matemática e 1,4% em português.
Os autores do estudo fazem uma leitura favorável desses dados ao sistema de ciclos. Eles mostram que as taxas de reprovação e abandono são menores nesse regime, o que faz com que mais alunos consigam completar o ensino fundamental.
Argumentam ainda que, mesmo com a queda na qualidade, os efeitos futuros no rendimento de um estudante formado no sistema de ciclos compensam a pequena perda de rendimento, já que, quanto mais escolarizado, maior é a renda do trabalhador.
Eles levantam duas hipóteses para o desempenho ligeiramente menor na 8ª série. A primeira é que, no sistema de ciclos, há menos empenho do estudante ao saber que ele não será reprovado todo ano.
A segunda é que, nesse regime, mais alunos de menor nível socioeconômico conseguem chegar à 8ª série, o que acaba tendo impacto nas médias da turma. No sistema seriado, argumentam, esses jovens provavelmente já teriam abandonado a escola ou estariam retidos em séries mais atrasadas.
Lígia Vasconcellos diz que não deve se esperar que a simples adoção de ciclos aumente o desempenho. "É preciso ter mais qualidade, mas não é a progressão continuada que vai explicar a melhora ou a piora."

FÁBIO SIQUEIRA disse...

Ok Marcos.
Obrigado.
Envie o endereço do blog para adicionarmos nos links!
Abs.

Renato disse...

Caro amigo e companheiro Fábio,
em primeiro lugar boa resposta aos anônimos.Em nenhum momento de nenhuma discussão sobre os fatos do novo governo podem questionar sua independência.Embora em diversos momentos tenha me manifestado em opiniões diferentes da sua mas que corroboram com a certeza que estaremos juntos na defesa da escola pública de qualidade que sempre defendemos.
Dito isto,quero acrescentar ao tema da "aprovação automática" o fato de que a luz da teoria e dos decretos ela sequer existiu ou existirá em Campos.Isto porque na verdade ela é consequência de uma política arrogante e autoritária de método de avaliação a partir de uma revolucionária experiência construtivista a chamada avaliação por ciclos.O problema e que este método não funciona com uma rede sucateada e com os problemas tão bem descritos pelo Xacal.Não temos por exemplo onde acomodarmos parte dos alunos do turno da manhã se necessitarem permanecer no turno da tarde,para aulas de reforço ou atividades extra-classes.Não temos na maioria das escolas sequer espaços para planejamento das atividades pelos professores.
Enfim,se a meta fosse nenhuma criança na escola sem aprender,não estariamos discutindo este tema pois pouco importa o método de avaliação se todos aprendem na idade correta.Pra mim este é o X da questão a ser enfrentada,o problema é que a próxima gestão parece ver a árvore mas não vê a floresta...
Um abraço e feliz 2009 pra toda a família.
Renato Gonçalves

FÁBIO SIQUEIRA disse...

Valeu Renatão!
Fabi e Pedrinho tb agradecem.
Bj p/ vc, Danielle e Gabi.
Feliz 2009!

Anônimo disse...

Caro Fábio,
penso que, para clarear a discussão, é preciso estabelecer a diferença entre progressão continuada e aprovação automática. A progressão continuada pode se constituir num instrumento para a redução dos índices de evasão, como atesta a pesquisa citada no comentário do prof. marcos almeida. No entanto, se a dilatação do tempo de aprendizagem em termos de ano letivo não for acompanhada do aumento do tempo de permanência na escola não haverá melhores condições de aprendizagem, transformando a progressão continuada num sistema seriado em que só há reprovação entre os ciclos, a tão falada aprovação automática, que na prática é o que acaba existindo em razão da falta de projeto para a real melhoria da qualidade.
Penso que não deveríamos apenas gritar contra a aprovação automática, mas principalmente posicionarmo-nos em favor da honestidade na educação que é oferecida. Se é pra ter qualidade, então precisamos investir em horário integral (o que implica em maior quantitativo de profissionais,diversificação nas atividades escolares, com real atenção à arte e ao esporte, por exemplo), turmas menores, melhor estrutura física das escolas...
Só assim podemos aceitar a implantação do sistema de ciclos, não apenas como avaliação, mas fundamentalmente como um processo para a realização da aprendizagem de todos os que estão na escola.
Um grande abraço e um 2009 de luta,
Christina Cruz

Anônimo disse...

Volto pra completar. Fui olhar o programa de governo rosa. Dois pontos podem ser relacionados para o assunto em questão: a implantação do horário integral e a implementação do plano de cargos e salários dos profissionais da educação. Com certeza, a carreira dos professores e outros trabalhadores da escola tem que ser valorizada para fazermos desse espaço o ambiente de educação integral em horário integral.
Muita luta pra 2009...
2010...
2011..................................

Anônimo disse...

Fábio siqueira, o meu blog é sobre basicamente neurociência, já que faço mestrado nesta área de pesquisa. Procuro relatar estudos nesta área e áreas correlatas, onde a aprendizagem é o tema mais importante.
O endereço do blog é: blog do professor marcos almeida.
Forte abraço.

FÁBIO SIQUEIRA disse...

Valeu Christina.
Bj

Obrigado Marcos.

xacal disse...

Cara Cristina...

Muito boa sua intervenção...

No entanto, a denúncia contra a aprovação automática, e a forma sorrateira de sua defesa na fala da tia teletubbie freitas, não são mera gritaria...

Lógico que um debate mais elaborado sobre o tema é necessário, mas a luta "política" contra essa escolha se dá no campo do simbólico, do discurso, que é a parte mais vísível desse embate...

Parece que todos nós,leigos como eu, ou especialistas como o Fábio, o Renato, e você, concordamos em um ponto: essa discussão só tem sentido em uma Escola de qualidade, ampla, pública e gratuita...

No entanto, o que tia teletubbies faz é inverter o pólo da discussão, e reduzir o tema a implantação de seus slogans pedagógicos...de forma simplista e desonesta(para usar sua terminologia)

É isso que combatemos...

Um abraço...e feliz 2012...