domingo, 10 de maio de 2009

A ARTE DA MÁ-FÉ

O atual debate sobre os destinos do IFF (ex-Cefet) contém uma série questões que interessam não só aos membros da instituição como aos cidadãos de Campos e região. Em uma discussão pública é normal a polêmica e até a troca de acusações. Contudo, quando uma das partes envolvidas (e interessadas) no processo de disputa formula um discurso de acusação à politização da instituição, advogando uma postura de neutralidade e de interesse exclusivo na educação, a situação vai do mero exercício da má-fé ao cinismo escancarado. Ora, todo debate público envolve tentativas de convencimento e tomadas de posição (na vida social, mesmo quem se declara apolítico demanda reconhecimento político dos outros). Pois, quando temas do interesse comum estão em jogo não há automatismos imunes à opinião e deliberação públicas. Portanto, tal postura de desqualificação a priori, além de criminalizar a política, tem como conseqüência a interdição do verdadeiro debate que interessa aos membros da instituição e aos cidadãos/contribuintes: como garantir simultaneamente a expansão institucional e a qualidade do ensino. Além do mais, se estamos falando de um contexto de normalidade democrática e transição institucional (com uma legislação específica a regular o processo, prevendo: a feitura do estatuto, do plano de desenvolvimento institucional, do conselho superior e de eleições para as direções dos campi) como é o caso da atual direção sob o comando da professora Cibele Daher, aqueles que têm pretensões de poder devem vir a público como realmente são: como grupos com um projeto político alternativo para instituição. O que não podem, sob o risco de se confundirem com o pior do autoritarismo e do oportunismo, é desqualificar a tradição democrática do IFF e a legitimidade da atual gestão. Afinal de contas, é somente com muita má-fé que se pode sancionar o arrivismo carreirista e cinismo patético daqueles que se acham donos da vontade democrática e que colocam seus projetos pessoais acima do trabalho coletivo de fortalecimento de nossa exemplar instituição. Aqueles que consideram a política um obstáculo ao projeto de qualificação permanente do IFF, devem ser “lembrados” do papel fundamental da consciência e da organização políticas na nossa história. Até porque, é o projeto POLÍTICO do Governo Lula que, ao priorizar a educação como fator estratégico e de inclusão cidadã, garante atual ampliação e a qualificação do ensino tecnológico no nosso país.

6 comentários:

Renato Barreto disse...
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Renato Barreto disse...

É realmente lamentável a forma como as inevitáveis divergências estão sendo tratadas. Os ataques do presidente do SINASEFE local são muito inoportunos e lamentáveis. A desqualificação da reitora Cibele Daher é uma atitude desrespeitosa que afronta toda a comunidade do IFF, pois se trata de uma dirigente democraticamente eleita e que tem cumprido seu papel com notória competência. Questionar a sua capacidade de gerir a escola é enfraquecer a instituição e jogar um jogo desleal, pois não reconhece todos os avanços que a atual gestão vem protagonizando. Mas o pior é que as acusações são absolutamente desprovidas de sustentação, o mesmo ocorre com as denúncias de uso partidário da instituição. Onde estão as provas? Se não existem, onde estão as evidências? Se não existem, o que alimenta as suspeitas? Acusações dessa natureza não podem ser simplesmente anunciadas sem que existam elementos concretos para o embasamento. Sem provas, evidências ou suspeitas todas as acusações não passam de munição pesada sacada sem escrúpulos com o propósito de radicalizar os conflitos, envenenar o ambiente e incendiar os ânimos. Mas a quem serve esse clima? Não servem certamente a educação e nem contribuem com o avanço do IFF.

xacal disse...

Perfeito, Gustavo...

O pior de tudo, como disse lá na TRolha é ter a folha de embrulhar peixe podre como "veículo" desse processo de desqualificação e manipulação...

FÁBIO SIQUEIRA disse...

Com a fundamental contribuição de Gustavo Lemos ao debate - tornado público por uma estranha composição de interesses que envolvem projetos conservadores, corporativos, messiânicos e possivelmente outros de natureza ainda obscura - o blog cumpre sua função cidadã de debater efetivamente, e de forma politizada, questões que envolvam instituições públicas que desempenham papel fundamental no que se refere ao desenvolvimento social e econômico da região.

Gustavo G. Lopes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gustavo G. Lopes disse...

Boa perspectiva para enquadrar a questão. É preciso apontar este argumento desonesto que não assume e evidencia que também as opções educacionais são carregadas de ação política. Essa malandra desqualificação do fazer político só serve aos manipuladores e oportunistas. Num cenário regional como o nosso é fundamental que se recupere o fazer político como a principal via para se vencer a má política.

Se há algum indício de desvio na gestão pública, quer seja para fins partidários ou para quaisquer outros fins distintos do interesse público, eles devem ser apresentados e debatidos e corrgidos. Fora disso, só pode haver atos irresponsáveis e que não respeitam as decisões democráticas. 

A interferência escancaradamente tendenciosa do lamentável jornal não é novidade para os leitores da blogosfera que podem ouvir opiniões diversas e cotejar as patranhas que são apresentadas. Promover um clima de intranquilidade na centenária instituição é típico da imprensa que vive de promover escândalo e não contribui para o debate. 

E posso afirmar que os profissionais da instituição não veem com bons olhos esta interferência em seus assuntos. A maturidade da instituição é sustentada pelos seus servidores e pelas dezenas de milhares de alunos e ex-alunos. O frisson causado por entrevistas direcionadas são fugazes e fica evidente que não se concede o mesmo espaço para os diversos grupos.

Enfim, a comunidade do IFF não é ingênua e vai responder às diferenças manifestas com o aprofundamento do seu fazer democrático.