A imprensa noticiou com a devida importância a pesquisa divulgada ontem pelo Laboratório de análises da violência (LAV – UERJ). Com a participação da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, a ONG Observatório de Favelas e o Unicef, braço da ONU para a infância, o estudo analisou as estatística de homicídios entre adolescentes no Brasil. Revela que os homicídios são responsáveis por 46% dos jovens brasileiros mortos.
A pesquisa estima que entre 2006 e 2012, mantidas as condições atuais, serão assassinados 33 mil adolescentes, o que equivale a 13 por dia. Os números também mostram que a probabilidade de jovens negros serem assassinados é três vezes maior do que Brancos.
Enquanto isso em Brasília o DEM – partido democrata, entrou com ação no Supremo Tribunal Federal, com um pedido de liminar contra o sistema de cotas raciais para negros na Universidade de Brasília. O partido quer que seja declarada a inconstitucionalidade de atos do poder público que resultaram na instituição de cotas raciais na universidade. Os democratas reivindicam a suspensão de todos os processos na Justiça (federal e estadual) envolvendo o tema.
Parece que é um sinal do esforço da direita brasileira no sentido de avançar na organização do seu discurso e no estabelecimento de posições concretas que marquem uma clara linha divisória com a esquerda. Como não consideram a igualdade um valor da democracia, deveriam também se colocar contra o bolsa família, sabemos que o custo político de uma posição como essa é muito alto e não devemos esperar tamanha ousadia.
4 comentários:
gostei do seu blog, te convido para conhecer o meu, abraço
Meu caro Renato, enquanto o "pau come" num "tempo ruim o tempo todo" para os mais pobres (e jovens), o governo do estado faz proselitismo macabro de classe média: criminalização da pobreza, política de segurança só com enfrentamento (da-lhe auto de resistência!), proibição de bailes funk, etc. Apesar de considerar as cotas sociais (critério de renda e classes social) mais legítimas e universalizantes, a questão racial tem que ser tratada como políticas públicas de inclusão. No caso da direita envergonhada brasileira, só há um método para tratar os pobres: polícia (milícia/grupos de extermínio/et alii) neles!
Saudações jacobinas
Reproduzo o texto do jornalista Gilberto Dimenstein da Folha de S. Paulo (21/07/09):
Por que tantos jovens são assassinados
Durante dois anos, um ex-pichador chamado Djan ajudou a produzir a mais completa investigação sobre o universo clandestino da pichação, resultando num documentário ainda inédito no Brasil. Nunca se conseguiram imagens tão íntimas dessa tribo urbana, inclusive das invasões da Bienal e da Faculdade Belas Artes --coloquei trechos do documentário no Catraca Livre. Esse documentário ajuda a entender pesquisa que acaba de ser divulgada pelo Unicef sobre o assassinato de adolescentes no país.
O que se vê no documentário é como as mais variadas formas de violência como a falta de escola, de cultura, de lazer, de emprego, acabam gerando uma falta de perspectiva --e, nessa falta de perspectiva, combinada com a sensação de impunidade, está a raiz.
As periferias são usinas de marginalidade justamente porque não produzem perspectivas, o que impede os indivíduos de desenvolverem uma identidade e de se expressarem. No documentário, vemos que o motor do pichador é, de forma selvagem e violenta, escapar do anonimato e da invisibilidade.
Isso acaba explicando por que somos cada vez mais violentos --e nossas cidades (e almas) cada vez mais pichadas.
Camarada Gustavo, eu também prefiro cotas sociais, até por que se aplicadas penso que irão fatalmente beneficiar negros. Um abraço.
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