quarta-feira, 22 de julho de 2009

Homicídios de jovens e direita

A imprensa noticiou com a devida importância a pesquisa divulgada ontem pelo Laboratório de análises da violência (LAV – UERJ). Com a participação da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, a ONG Observatório de Favelas e o Unicef, braço da ONU para a infância, o estudo analisou as estatística de homicídios entre adolescentes no Brasil. Revela que os homicídios são responsáveis por 46% dos jovens brasileiros mortos.

A pesquisa estima que entre 2006 e 2012, mantidas as condições atuais, serão assassinados 33 mil adolescentes, o que equivale a 13 por dia. Os números também mostram que a probabilidade de jovens negros serem assassinados é três vezes maior do que Brancos.

Enquanto isso em Brasília o DEM – partido democrata, entrou com ação no Supremo Tribunal Federal, com um pedido de liminar contra o sistema de cotas raciais para negros na Universidade de Brasília. O partido quer que seja declarada a inconstitucionalidade de atos do poder público que resultaram na instituição de cotas raciais na universidade. Os democratas reivindicam a suspensão de todos os processos na Justiça (federal e estadual) envolvendo o tema.

Parece que é um sinal do esforço da direita brasileira no sentido de avançar na organização do seu discurso e no estabelecimento de posições concretas que marquem uma clara linha divisória com a esquerda. Como não consideram a igualdade um valor da democracia, deveriam também se colocar contra o bolsa família, sabemos que o custo político de uma posição como essa é muito alto e não devemos esperar tamanha ousadia.

4 comentários:

cachacaria maledita disse...

gostei do seu blog, te convido para conhecer o meu, abraço

Gustavo Carvalho disse...

Meu caro Renato, enquanto o "pau come" num "tempo ruim o tempo todo" para os mais pobres (e jovens), o governo do estado faz proselitismo macabro de classe média: criminalização da pobreza, política de segurança só com enfrentamento (da-lhe auto de resistência!), proibição de bailes funk, etc. Apesar de considerar as cotas sociais (critério de renda e classes social) mais legítimas e universalizantes, a questão racial tem que ser tratada como políticas públicas de inclusão. No caso da direita envergonhada brasileira, só há um método para tratar os pobres: polícia (milícia/grupos de extermínio/et alii) neles!
Saudações jacobinas

Gustavo Carvalho disse...

Reproduzo o texto do jornalista Gilberto Dimenstein da Folha de S. Paulo (21/07/09):

Por que tantos jovens são assassinados


Durante dois anos, um ex-pichador chamado Djan ajudou a produzir a mais completa investigação sobre o universo clandestino da pichação, resultando num documentário ainda inédito no Brasil. Nunca se conseguiram imagens tão íntimas dessa tribo urbana, inclusive das invasões da Bienal e da Faculdade Belas Artes --coloquei trechos do documentário no Catraca Livre. Esse documentário ajuda a entender pesquisa que acaba de ser divulgada pelo Unicef sobre o assassinato de adolescentes no país.

O que se vê no documentário é como as mais variadas formas de violência como a falta de escola, de cultura, de lazer, de emprego, acabam gerando uma falta de perspectiva --e, nessa falta de perspectiva, combinada com a sensação de impunidade, está a raiz.

As periferias são usinas de marginalidade justamente porque não produzem perspectivas, o que impede os indivíduos de desenvolverem uma identidade e de se expressarem. No documentário, vemos que o motor do pichador é, de forma selvagem e violenta, escapar do anonimato e da invisibilidade.

Isso acaba explicando por que somos cada vez mais violentos --e nossas cidades (e almas) cada vez mais pichadas.

Renato Barreto disse...

Camarada Gustavo, eu também prefiro cotas sociais, até por que se aplicadas penso que irão fatalmente beneficiar negros. Um abraço.