quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Bagunça e desrespeito

Eu, como usuário de ônibus tenho, lamentavelmente, observado nos ultimos dias que a desorganização no Programa "Campos Cidadão" não se restringe as imensas filas que vocês já devem ter notado em diversos pontos da cidade.
O fluxo de passageiros aumentou visivelmente desde a implantação da "passagem a R$ 1,00", mas as empresas, que há cinco meses recebem expressivos repasses da Prefeitura - projeções apontam que algumas delas já receberam alguns milhões de reais - e que há dias já cobram R$ 1,60 dos usuários que ainda não conseguiram retirar seu "cartão cidadão" ou não se dignaram a passar pela exposição às enormes filas, mantêm em várias linhas bastante utilizdas, mesmo em horários de rush, ridículos e minúsculos microônibus, cuja utilização deveria se restringir a linhas de pouco fluxo de passageiros ou a horários de menor circulação destes. A EMUT não controla a frota destas empresas, o estado de conservação dos coletivos e a adequação de cada carro à linha na qual circula.
Há ainda grande confusão no que se refere ao direito à gratuidade dos idosos com mais de 60 anos - garantido por Lei proposta pelo recém-falecido Vereador Renato Barbosa. Os malditos microônibus inclusive são usados como forma de burlar o direito dos idosos à gratuidade. Hoje mesmo vi um senhor - que identifiquei como alguém ligado a um membro do primeiro escalão do governo municipal - descer de um ônibus da Viação Siqueira por não concordar com a exigência do motorista de que ele pagasse R$ 1,00 para seguir viagem. Na compreensão dele, seu "cartão cidadão" deveria lhe garantir a gratuidade. É bom pedir a seu companheiro para avisar aos fiscais da EMUT!
Soube de outro caso onde o motorista da Viação Cordeiro impediu uma senhora de Dores de Macabu de usufruir da gratuidade por não ser portadora do "cartão-cidadão". Sem o documento do cadastro oficial da Prefeitura, a senhora não pode nem mesmo pagar a "tarifa social" de R$ 1,00. Precisou pagar R$ 5,80 para chegar ao centro da cidade.
Enfim, após cinco meses de implantação, a passagem a R$ 1,00, carro-chefe do marketing eleitoral de Rosinha, não conseguiu ainda se organizar de forma a atender satisfatoriamente os usuários do transporte coletivo. Pelo jeito, satisfeitos com o programa só mesmo os empresários do setor.

4 comentários:

Gustavo Carvalho disse...

Tenho a impressão que a realidade do serviço de transporte público (e as "políticas" da municipalidade para o setor) em Campos tem o poder de sintetizar a mescla macraba de desrespeito/descaso/desprezo pelo que é público e popular (inclusive o direito básico de ir e vir) em Campos. Este estado de "terra arrasada" com milhares de coisas fundamentais por fazer é um dos ingredientes mais perniciosos da geleía geral da apatia cívica do campista. Além, é claro, do maniqueísmo canhestro daqueles que acham que o mundo se divide em ser pró ou contra Garotinho.
Avante!

Unknown disse...

Caro, professor. Gostaríamos de esclarecer que o Programa “Campos Cidadão” vem oferecendo uma série de benefícios para os usuários de ônibus. Além da economia que está sendo gerada no bolso do trabalhador, houve um crescimento na frota do município, que também está mais nova. De acordo com dados da Emut, antes do programa, ônibus com até 20 anos de uso circulavam pelas ruas da cidade e, hoje, é possível encontrar carros novos e os usados tem, no máximo, cinco anos de uso.
Atualmente, 27 fiscais da Emut estão divididos entre a Rodoviária Roberto Silveira, o Terminal Rodoviário Luís Carlos Prestes e o Shopping Estrada, portanto, estão à disposição para eventuais “abusos” que estejam sendo cometidos pelas empresas como, por exemplo, deixar de transportar gratuitamente idosos, estudantes e portadores de necessidades especiais.
Só para lembrar que muitos moradores da localidade de Dores de Macabu, por exemplo, que já estão com o cartão que garante a passagem mais barata estão satisfeitas em deixar de pagar R$ 5,80 para pagar R$ 1 para chegar ao Centro da cidade. É uma economia de R$ 4,80, em apenas uma viagem. Se for ida e volta, quase R$ 10.
A prefeitura montou dois postos de atendimento que estão funcionando, nas últimas duas semanas, inclusive, aos sábados e domingos. Como o movimento registrado não tem sido muito grande, neste final de semana, o funcionamento será, apenas, no sábado (3) até o meio-dia no posto do Automóvel Clube. Nos governos anteriores, além de uma frota sucateada e passagem cara, a população tinha que conviver com longas esperas nos pontos de ônibus, portanto, consideramos que já avançamos e ainda temos muito a alcançar. Estamos trabalhando para isso!
Em princípio, é válido saber que a economia gerada tem contribuído na disribuição de renda de muitas famílias e, através do repasse às empresas de ônibus, tem sido possível que haja investimentos do setor em novos carros, o que acaba sendo revertido para os usuários de ônibus do município.

Secom - Campos

xacal disse...

a secom mostra ao menos, inclinação ao debate...

pois vejam, que não passa disso: intenção de ocupar espaço...nova orientação para suprir a carência de governo...vamos aos fatos:

1. antes de tudo, sabem os jurisconcultos que: do nada, nada vem, ou seja, como falar em um programa que se sustenta sobre uma nulidade jurídica...explico: as linhas "concedidas" são ilegais, pois não houve licitação para as mesmas...quer dizer, essas empresas nem poderiam estar prestando esse serviço...
2.como esperar que se dê crédito ao um argumento desses: primeiro o nosso dinheiro vai, depois vem a renovação da frota...bom, assim, desse jeito, até eu viro empresário de ônibus, ou até você, caro Fábio.
3.não houve qualquer transparência na aferição dos valores repassados, e estimo o porquê: como agora vai acontecer um arremedo de validação dos valores, não há nenhuma base de dados anterior que permita a sociedade saber se os valores repassados por estimativa estavam corretos...
3.por derradeiro, resta a "chantagem economicista", da economia para o "povo"...ora que economia é essa que sai do tributo que o próprio "povo" paga...?

então, devemos supor que, em nome de um suposto benefício, devemos conferir um "cheque em branco" aos governos e empresários de ônibus...

tenham santa paciência, se é esse o tipo de gente que a secom contrata para defender o governo, é mais uma "prova de desperdício" de dinheiro público, porque nem isso, eles conseguem fazer a contento...

FÁBIO SIQUEIRA disse...

Pedindo desculpas pela demora em replicar o comentário, agradecemos à SECOM da prefeitura pela atenção e ao Xacal - blogueiro de sete fôlegos pela participação.

Em que pese as explicações e informações que a SECOM traz para o debate em defsa da administração, duas questões não ficaram bem respondidas - para além das pertinentes considerações do Xacal:

1- A despeito da economia que se faz para os moradores de Dores, como fica a questão da gratuidade dos idosos?

2- Como fica a regulamentação da utilização de microônibus nas linhas concedidas?
Na minha opinião esse recurso aos micros deve ser permitido pelo poder concedente em linhas e horários pré-definidos, onde o fluxo de usuários seja pequeno e a demanda seja bem atendida por tais veículos. E não que estes sejam utilizados indiscriminadamente para prejudicar o conforto dos passageiros, eliminar postos de trabalho ou privar os idosos do direito a gratuidade.

Atenciosamente.