segunda-feira, 17 de março de 2008

Deixaram Garotinho falar...

Fui acusado na semana passada de ter me bandeado para as "hordas da Lapa". Apesar de minha simpatia pelos bairros que recebem o nome em Campos e no Rio, a conotação da acusação no contexto política local é injusta.
Dia 10 de dezembro postei aqui comentário acerca do Programa do comunicador Garotinho, ex-Governador do Estado, na rádio Diário FM em 08/12. Podem conferir. Lá está com todas as letras que ele aproveitava bem os descaminhos da gestão do Prefeito Mocaiber, eleito a partir da compreensível rejeição dos cidadãos campistas ao presidente estadual do PMDB. E isto não pode ser imputado a Roberto Henriques, muito menos a este inexpressivo blogueiro, tampouco à opinião pública de Campos, nem a Polícia e o MP Federal, que cumpriram seu papel. Ver o dedo de Garotinho em tudo, sobretudo nos recentes episódios que marcaram a política campísta é sandice. Mas o senso de oportunidade deste hábil político é inegável. Assim como a incompetência e o despreparo do grupo a quem foi entregue a hegemonia na frente que se construiu contra o PMDB local e o que ele representa, inclusive na gênese da forma como a política se caracteriza hoje em Campos.
Sábado voltei a ouvir o Programa de Garotinho na Diário FM. O Programa já foi bem comentado - em tempo real - no indispensável blog do Roberto Moraes. Aqui vai uma pequena reflexão do blogueiro sobre o que a memória registrou.
O casal Garotinho manteve o estilo habitual, superlativo e exagerado na observação de fatos contra eles próprios. Associar a atuação do então oficial de Justiça Francisco de Assis Rodrigues - preso na Telhado de Vidro por acusações relacionadas à contratação de shows superfaturados - como portador das decisões da Juíza Denise Apolinário que afastaram Campista e deram posse ao então Presidente da Câmara Alexandre Mocaiber, às consequências e interesses relacionados à sentença em si, é um delírio paranóico semelhante ao que acomete um bom e velho blogueiro neste momento! Ao reivindicar a posse de Pudim na oportunidade, a Sra. Rosinha se esquece das denúncias de utilização da máquina estadual, por ela então administrada, na captação de sufrágio que constam nos autos. Foram públicas na época as denúncias de que candidatos à vereador pelo PMDB e partidos aliados orientavam os cadastros do Cheque-cidadão.
Não dá para deixar de reconhecer que a enquete "quem ainda falta ser preso?" foi muito divertida. Pôs "no poste" os principais adversários políticos locais do dono do Programa e ainda salpicou citações de outros "quadros" do governo Mocaiber. Sobrou até para o ex-presidente da EMHAB, Afrânio... Não sei se foi leviandade, mas convém o companheiro Hélio Anomal verificar se a casa está em ordem e se não sobraria alguma rebarba para ele.
O Programa foi um Show de denúncias: mil cidadãos de São Francisco de Itabapoana estariam contratados nas empresas que terceirizam serviços para a Prefeitura, a fim de favorecer a pré-candidata do PSB à prefeitura daquele município; documentos confirmariam uma série de superfaturamentos em produtos comprados pela Prefeitura, inclusive envolvendo fornecedores já denunciados em O Diário; a prefeitura teria comprado ambulâncias à principal empresa envolvida no escândalo das Sanguessugas; mas o ponto alto foi o rosário de entidades "conveniadas" com a Prefeitura - com vistas ao recebimento de substanciais recursos públicos - supostamente ligadas a Vereadores.
Artilharia pesada contra seus ex-companheiros. Ainda haveria um duelo ao vivo com o Presidente da Câmara, que em atitudde corajosa mas imprudente, enfrenta o experiente comunicador na "casa do adversário". O parlamentar - que acompanhava o Prefeito em exercício, localizado para participar do Programa - "mordeu a isca" e foi sangrado por Garotinho, que o submeteu a forte constrangimento, com total domínio da arena onde se travou o combate.
Em nossa modesta opinião, foi um erro Roberto Henriques ter se disposto a participar do Programa de Garotinho. Apesar de ter pautado sua participação pela prudência e equidistância, adotando um discurso protocolar com relação ao casal de "entrevistadores" - frente a um Garotinho que insitia em demonstrar intimidade com o Prefeito - RH teve de reagir e ressaltar as prerrogativas e independência do Poder Legislativo, frente ao ataque desferido à Câmara a partir da presença de seu Presidente - incluído nas denúncias - na companhia do Prefeito em exercício.
Após a entrevista e a polêmica com Marcos Bacellar, o casal Garotinho não resistiu ao ímpeto de tentar manietar RH e o criticou. Sua fala foi foi classificada como excessivamente prudente por Rosinha, enquanto Garotinho insistia em tentar dar linha ao Prefeito, "aconselhando-o" a adotar conduta mais enérgica, sob pena de ser curta sua gestão, e instando-o a "tomar providências" com relação aos convênios denunciados.
Deixaram Garotinho falar... Agora, contra a sua competência no manejo da mídia, só a memória!

2 comentários:

xacal disse...

fabinho siqueira ou sinãoqueira...não dianta fazer beicinho...não é da sua natureza, baby...
Você até zangadinho é um gentleman, ou será uma lady...?

FÁBIO SIQUEIRA disse...

Olá xacal!
Vc é sempre bem-vindo aqui. Divergências são democráticas, e não abalam nossa amizade.
Quanto à sua questão, pergunte às Donas!
Abs.