domingo, 14 de dezembro de 2008

Não sai da "vitrola"

Há semanas, no impulso da agradével primeira audição do album solo de Marcelo Camelo, Sou, prometi aqui voltar ao assunto.
Compromissos e posts "instantâneos", isto é, que só fariam sentido naquele dia ou naquele momento retardaram o comentário sobre o CD que entretanto tenho ouvido incessantemente.
"Despretensioso", como bem classificou meu amigo Gustavo Manhães, o trabalho contudo acerta em cheio ao revelar um Camelo que não caberia no rock dos Hermanos, mas que se afirma como uma das melhores novidades da MPB contemporânea. Gravado por estrelas como Maria Rita e saudado pela força de sua confessa influência Chicobuarquiana, Camelo dá sua voz a sua obra e pela boa repercussão do disco - lançado neste final de semana no Canecão, apesar de estar nas lojas desde setembro - parece ter agradado não só a mim!
A capa do disco traz um poema concreto que dá dupla interpretação ao título da obra ou aponta para um aguçado senso coletivo na personalidade do compositor. Seja o que for, é bacana e sugere uma integração com o público.
O repertório é agradável do começo ao fim, mas destaco as faixas Doce solidão; Janta e Santa Chuva - popularizada pela versão de Maria Rita - pela qualidade e talvez por me dizerem algo importente em meu momento presente; além da carnavalesca Copacabana, que chama a atenção por ser mais animada que a maioria das baladas do album e cuja letra faz referência ao "bairro Peixoto", lar de um dos meus personagens preferidos na literatura contemporânea: o delegado Espinosa, de Garcia-Roza. Mas isso já é assunto pra outro post.

7 comentários:

Anônimo disse...

É meu caro companheiro,mais uma afinidade entre tantas para alongarmos o papo na próxima cerva!
Acrescentaria ao seu comentário a primeira frase da música Liberdade,que achei fantástica:"Perceber aquilo que se tem de bom no viver é um dom..."

Anônimo disse...

Realmente é um dom.É nessa hora que percebo que a adolescência não me faz falta,rs.

Anônimo disse...

É, menino.. que bom que nem tudo "perfeito" e que, como diria meu avô, sew vivo fosse, "gosto e c*, cada um tem o seu". rs!

Cara, quando o disco foi lançado, corri pr ouvir. Ouvi... não acreditei... ouvi novamente... mesma sensação. Oensei: lerei as letras. Ocara não é bom cantor, intérprete... Nada!! Detestei! Não salva nem uma, no meu gosto. rs!

Pra você ter uma idéia, apaguei o CD do meu HD pra não ocupar espaço. Não ia ouvir, mais, mesmo. rsrsrs!

Acho, mesmo, que há condescendência porque é o "Camelo"...´Haja despretensão pra um repertório tão, tão... (sem adjetivos que dê ênfase ao "fraco"). rs

bjs

Simone Pedro disse...

Fábio, acho o Camelo um chato (tão chato quanto os fãs dele). Parece que todas as músicas são as mesmas. Ouvi um cd dele no carro de uma amiga e, para ser sincera, nem se foi esse que você menciona. Mas até que me surpreendi com um jongo (identifiquei nos primeiros 5 segundos) com um refrão muito bonitinho que diz:

"Menina bonita bordada de flor.
Menina bonita bordada de flor
Eu vi primeiro...."

E foi só isso.

FÁBIO SIQUEIRA disse...

Sempre me achei meio chato mesmo rs,rs,rs

mas gosto muito dos Hermanos e mais do compositor Camelo, que realmente considero o mais promissor nome da nova geração da MPB. Respeito muito suas apreciações estéticas Auci, mas realmente, é como diria nossos avos...
Chico também não é bom cantor, intérprete...
Talvez eu tenha me identificado com as letras das canções...
O fato é que gostei muito!
Bj.

Ah, Simone
Como já disse... além de idiota sou chato também!
Já dizia Caetano: "De perto ninguém é normal"
O jonguinho "menina bordada" é outra pérola do CD e assim como "copacabana" foge ao tom lírico do album.
Sorry.
Bjnãomeligaquetôcomvergonha!

Anônimo disse...

Fábio, acho que o Camelo faz uma boa música. Mas, algo que não entra na minha cabeça é um certo "endeusamento" que fazem dele. É o novo queridinho dos intelectuais de plantão.

FÁBIO SIQUEIRA disse...

Caro anônimo,

Não acho que o termo "endeusamento" seja o mais adequado.
Mas, como já disse, acho mesmo que ele tem talento e está na vanguarda da MPB contemporânea.
Chico, Caetano, Gil e outros também já foram os "queridinhos" da "inteligentsia" nacional em épocas mais duras onde isso era mais arriscado mas tinha mais apelo...