O POLÍTICO COMO VOCAÇÃO

Gostaria de partilhar com os amigos a leitura de uma entrevista "humana demasiadamente humana" do mestre Norberto Bobbio. Nessa entrevista, o intelectual que consagrou sua existência para pensar o político e sua dignidade, remonta a sua formação e história de vida. As razões que tornam esse testemunho interessante estão além dos motivos teóricos, pois sem nenhum tom épico, ele descreve a sua trajetória venturosa como a luta para realizar a sua vocação de professor. Como podemos ver no trecho abaixo:

O ofício de ensinar
Pietro Polito — Gostaria que você lembrasse algum episódio da sua vida em sala de aula. Por exemplo, seu primeiro dia como professor...
Norberto Bobbio — Tenho uma particular tendência de me lembrar dos malogros em lugar dos sucessos. A minha primeira aula foi um fiasco. Eu havia me preparado bem. Devia ilustrar os itens principais do meu curso. No momento em que eu estava para ingressar na pequena sala onde haviam se juntado os poucos alunos que freqüentavam a Faculdade de Direito da Universidade de Camerino (a maior parte dos inscritos vinha das cidades vizinhas e de Roma, e não eram assíduos às aulas), ouvi uma voz por trás de mim: “Vamos todos prestar atenção à primeira aula de Bobbio”. A minha autoconfiança, de repente, sumiu. Em frente a tantos colegas, inclusive mais velhos do que eu, não ousei sentar-me à cátedra, permaneci em pé, perdi na hora o fio da meada e, por mais de meia hora, não consegui retomar a fala. Um dos vexames da minha vida (tive vários!) que nunca se apagou da minha memória.

Para conferir a entrevista inteira (e de quebra visitar um sítio de conteúdo aperte aqui).