domingo, 5 de outubro de 2008

Voto de confiança.

Nesse domingo de compromisso cidadão, o blog publica a crônica da minha amiga Walnize Carvalho, em destaque na edição de hoje do Monitor Campista:

Dia desses, o jornalista Arnaldo Jabor em seu espaço no “O Globo” iniciou assim: “Quando eu comecei a escrever em jornal fiz um juramento de que nunca começaria um artigo com a célebre frase: “Estou diante da página branca, em busca de assunto... E cumpri a promessa, querido leitor. Jamais fiz isso. Mas, hoje...” E segue.
Na tola pretensão de imitá-lo devo confessar que o mesmo se dá comigo e inicio também assim: Estou diante da página branca, em busca de assunto. Literalmente e ironicamente num contraste sufocante, a folha de papel branca deita-se sobre a mesa de tampão preto e espera que a caneta deslize logo após o surgimento de uma idéia colorida. Nada!
Os olhos piscam. Coloco a mão no queixo. Coço a cabeça. O pensamento vagueia e não consigo captar um tema.
Balbucio: - Pensando bem poderia transcrever um trecho de uma canção...
Quem sabe começar com uma bela e reflexiva citação de algum autor... Balanço negativamente a cabeça.
O jeito é trabalhar na idéia de quem me abordou semana passada e sugeriu enfático: - Escreva uma crônica sobre...
- Não, não sai de encomenda – falo entre dentes.
Bingo! – Irei em busca do velho e bom dicionário; farei um mistifório de palavras difíceis o que com certeza renderá e engordará o texto. Mas qual, não faz meu gênero!
Outro recurso é apelar para a memória afetiva e viajar no túnel do tempo, começando assim: “Na minha infância...” Stop! Hoje não estou inspirada para reminiscências.
A angústia cresce. O prazo de envio da crônica encurta.
Tenho de um lado o compromisso de escrever e do outro o voto de confiança do meu leitor que espera pela minha crônica todo domingo...
Olho pela janela.
Melhor é sair à rua, mas ela está silenciosa. Em breve será acordada pelo ir e vir dos transeuntes.
É isto! O ir e vir dos transeuntes...
Entre eles estarei eu, você, seu vizinho, o cidadão consciente cumprindo o dever cívico de votar.
Na volta, por certo, trarei na bagagem o assunto que buscava para esta crônica.

Nenhum comentário: