BONDES 2

Artigo de Celso Cordeiro Filho na edição de hoje do Monitor, sobre tema postado aqui no último dia 13:

Nos trilhos

Em boa hora o secretário de Cultura de Niterói, André Diniz, quer promover o retorno do bonde às ruas da Velha Província. A revitalização deste transporte seria através da linha que ligaria o Centro a São Domingos. Com a reforma da Praça Leoni Ramos, na Cantareira, foram descobertos os trilhos e daí, então, surgiu a possibilidade de fazer voltar aos nossos dias o velho e querido bonde. A iniciativa de Niterói, que tem total apoio do prefeito Godofredo Pinto que, por sinal, é campista, poderia também ser adotada em Campos. As novas gerações precisam conhecer o bonde e seu retorno não prejudicaria o trânsito, uma vez que ocupa faixa específica.
De minha parte, caso a idéia venha ser levada em conta pelas autoridades municipais, torço para que seja revitalizada a linha Caju/Centro. O bondinho, que também se transformará numa atração turística, sairia das proximidades do Cemitério do Caju e faria o ponto final na Praça São Salvador. Pode parecer nostalgia – e, pensando bem, que mal há nisso? – mas tem o poder de humanizar a cidade, hoje tão árida, sem espaço para o bucólico. Só quem andou de bonde sabe a magia que existe ao trafegar pelas ruas com o vento no rosto e vendo a paisagem a descoberto sem a proteção de janelas de vidro dos ônibus que mais parecem gaiolas de luxo.
Muitos campistas conhecem o bondinho quando vão a Santa Teresa, no Rio de Janeiro, mas tê-lo aqui seria uma conquista para aumentar a nossa auto-estima que anda tão em baixa ultimamente. Campos tem reconhecida tradição cultural que precisa ser resgatada, a começar pela recuperação dos prédios históricos do centro, como são os casos do museu e da Lira de Apolo. (Não interessa se a responsabilidade é do estado ou da prefeitura. O fundamental é que as chamadas autoridades públicas cumpram os seus deveres). Aliás, um amigo que mora fora há anos diz que “Campos é vanguarda da retaguarda”. Até que seria bom fazer jus a este rigoroso campista trazendo de volta o velho e querido bonde, o nosso bondinho.